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5 motivos que fazem de "Espelho da Vida" a melhor novela no ar

Nilson Xavier

14/03/2019 11h01

Alinne Moraes, como Dora (Foto: divulgação/TV Globo)

"Espelho da Vida" começou cambaleando. Passou os primeiros três meses se arrastando em uma trama pouco atrativa. Pegou a baixa audiência da TV no fim de ano. Só começou a esboçar alguma reação em 2019. Foi quando a autora Elizabeth Jhin passou a priorizar a história no passado. "Espelho da Vida" ganhou, então, estofo e sustância.

Hoje, perto de seu fim, a novela das seis da Globo se destaca como a melhor no ar porque…

1. Sua narrativa em duas épocas concomitantes é um diferencial e tanto. Não é inovadora ou inédita no universo das novelas ("O Casarão", no longínquo ano de 1976, já o fizera). Porém, é uma abordagem pouco visitada em teledramaturgia, o que lhe confere o sabor da novidade – a maioria da audiência de "Espelho da Vida" sequer assistiu "O Casarão". E mexe com a fantasia do telespectador, acreditando ele ou não em reencarnação ou universos e dimensões paralelas. É um escape sedutor.

2. O elenco é ótimo, bem apoiado na direção (Pedro Vasconcelos e equipe) e no texto de Elizabeth Jhin, com grandes performances de Vitória Strada, Alinne Moraes, Irene Ravache, Felipe Camargo, Júlia Lemmertz, Suzana Faini, Patrícya Travassos, Ana Lúcia Torre, Emiliano Queiroz e outros.

Felipe Camargo como o Coronel Eugênio Castelo (Foto: divulgação/TV Globo)

3. A produção é de primeira, com apuro técnico, iluminação envolvente, arte, figurinos e cenários caprichados. As épocas distintas são demarcadas para que não haja confusão quando uma cena sai do presente, vai para o passado e depois retorna. A trilha sonora é de bom gosto. É uma novela bonita e agradável de assistir.

4. Os ingredientes folhetinescos são bem trabalhados na trama. Experiente na carpintaria do folhetim, Elizabeth Jhin fisga o público com mocinhos sofredores, vilões terríveis, amor impossibilitado pelos vilões, segredos, mistérios e paternidades desconhecidas. O vilão de Felipe Camargo – Coronel Eugênio Castelo – pode soar demasiadamente maniqueísta – é a personificação do mal -, porém o ator é tão convincente que o seu olhar de psicopata justifica as ações do personagem. O "quem matou?", apresentado desde o início, é um dos melhores da história das telenovelas.

5. As outras novelas pouco ajudam: a bíblica na Record, as infantis, no SBT e no horário das sete da Globo, a temporada modorrenta de "Malhação" e o surrealismo fantástico pouco envolvente às 21 horas.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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