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10 curiosidades sobre O Cravo e a Rosa, de volta no canal Viva

Nilson Xavier

25/03/2019 07h00

Eduardo Moscovis e Adriana Esteves (foto: Acervo/TV Globo)

O canal Viva estreia nesta segunda-feira (25/03) a novela "O Cravo e a Rosa", grande sucesso da Globo em sua apresentação original, entre 2000 e 2001. Esta será a quarta exibição da novela, já que, além da primeira, ela teve duas reprises no Vale a Pena Ver de Novo: em 2003 e entre 2013 e 2014.

1. O diretor e o autor

O diretor Wálter Avancini retornava à TV Globo depois de mais de dez afastado da emissora. Com ele, trouxe o autor Walcyr Carrasco – a dupla havia sido responsável pelo sucesso da novela "Xica da Silva", na TV Manchete, em 1996-1997. "O Cravo e a Rosa" foi a primeira novela de Carrasco na Globo. Avancini faleceu no ano seguinte, 2001, enquanto ia ao ar outra novela da dupla, "A Padroeira".

Ney Latorraca e Eva Todor(foto: Acervo/TV Globo)

2. A Megera Domada ou O Machão?

A trama era inspirada no clássico "A Megera Domada", de Shakespeare, com referências nas novelas "A Indomável", de Ivani Ribeiro (TV Excelsior, 1965), e "O Machão", de Sérgio Jockyman (TV Tupi, 1974-1975), também baseadas em "A Megera Domada". No entanto, muitos personagens de "O Machão", que não existem na peça de Shakespeare, foram aproveitados em "O Cravo e a Rosa".

3. Cyrano de Bergerac ou O Machão?

O clássico "Cyrano de Bérgerac", de Edmond Rostand, foi outra referência usada pelo autor, mas para retratar o conflito de Bianca (Leandra Leal) entre seus dois amores, Heitor e Edmundo (Rodrigo Faro e Ângelo Antônio). Ela amava o físico de um e a alma de outro. Este conflito também aparece em "O Machão", o que intensifica ainda mais a semelhança entre a novela de Carrasco com a da Tupi, mais do que com a peça de Shakespeare.

Leandra Leal e Ângelo Antônio (foto: Acervo/TV Globo)

4. Espichamento

Assim como sua antecessora no horário, "Esplendor", "O Cravo e a Rosa" foi inicialmente pensada para ser uma novela curta. Porém, por volta do capítulo 60, Walcyr Carrasco recebeu da emissora a notícia de que, em vez de 90 capítulos, "O Cravo e a Rosa" teria a duração de uma novela normal, perto dos 200. Isso levou à entrada na trama de uma personagem que até ali era apenas citada: Marcela (Drica Moraes), que no passado tivera um romance com Petruchio (Eduardo Moscovis). Marcela chegou para cumprir a função de vilã da trama, figura necessária para uma novela que acabou durando bem mais do que o tempo inicialmente previsto – terminou com 221 capítulos.

5. Preparação do elenco

Para situar elenco e equipe na década de 1920, os diretores promoveram um workshop de duas semanas, antes do início das gravações. Não faltaram orientações de especialistas: Rodrigo Faro teve aulas de remo; os atores do núcleo da fazenda tiveram aulas de equitação e aprenderam a fabricar queijo, ordenhar vaca e pegar galinha; Bia Nunnes aprendeu corte e costura; e Adriana Esteves e Leandra Leal tiveram noções de piano (como mexer o ombro, a hora certa de respirar, etc). Todo o elenco teve assessoria de expressão corporal e dança.

Drica Moraes e Carlos Vereza (foto: Acervo/TV Globo)

6. A fazenda

Um dos destaques da cenografia da novela, a fazenda de Petruchio estava localizada em um sítio em Ilha de Guaratiba, Zona Oeste do Rio, contando com a casa do protagonista, o local de fabricação de queijo, o estábulo e os anexos, como o chiqueiro e o galinheiro. Vacas, galinhas, patos, porcos e cavalos complementaram o cenário. O núcleo de Petruchio lembrava a Família Buscapé. Para as cenas de fabricação de queijo, a equipe recorreu a uma cooperativa para reservar 30 queijos prontos por dia, além de 60 litros de leite líquido e 60 litros de leite coalhado, usados nas várias sequências.

7. A trilha sonora

O CD com a trilha da novela, com Bianca (Leandra Leal) na capa, fez grande sucesso. Entre as músicas mais tocadas, o tema de abertura, a regravação de "Jura", por Zeca Pagodinho; "Olha o que o Amor me Faz", sucesso da dupla Sandy e Jr., tema de Bianca; "O Cravo e a Rosa", gravada por Jair Rodrigues, tocada nas cenas da fazenda; "Tua Boca", hit romântico do cantor Belo, para as cenas de amor entre Petruchio e Catarina ("Mel, tua boca tem o mel / E melhor sabor não há / Que loucura te beijar"), e outras.

Pedro Paulo Rangel e Suely Franco (foto: Acervo/TV Globo)

8. Figuras ilustres

Nas primeiras semanas da novela, o diretor Walter Avancini inseriu nas cenas pequenas aparições de figuras ilustres da época, vividas por atores figurantes. Dessa forma, foram homenageados em "O Cravo e a Rosa" personagens como a artista plástica Tarsila do Amaral, a cantora lírica Bidu Sayão, o poeta Oswald de Andrade e o escritor Monteiro Lobato, este ao lado da esposa, Maria Pureza, a dona Purezinha.

9. Inspirações para a época

O diretor de fotografia Flávio Ferreira optou pela luminosidade para exprimir a euforia e leveza da época. Para se obter uma luz mais realista, foram usados dois tipos de filtro nas câmeras, criando uma textura de glamour e delicadeza e mantendo o tom de pele normal sem interferência no ambiente. Usados também como referenciais de fotografia e estética os filmes "Quando o Coração Floresce" (1955) e "Passagem Para a Índia" (1984) de David Lean; "Henry e June" (1990) de Philip Kaufman; e "O Grande Gatsby" (1974) de Jack Clayton.

Adriana Esteves e Eduardo Moscovis (foto: Acervo/TV Globo)

10. Os figurinos

O figurino, assinado por Beth Filipecki, contou com aproximadamente 1000 peças, entre roupas masculinas e femininas – sendo que 600 confeccionadas especialmente para a novela. As demais, aproveitadas do acervo da TV Globo, tiveram a modelagem redimensionada. Foram cerca de 200 chapéus femininos e 120 masculinos, além de 140 pares de sapatos, acessórios e sombrinhas.

"O Cravo e a Rosa" estreia nesta segunda-feira (25/03), no canal Viva, às 23h (reprise do capítulo no dia seguinte, às 13h30).

Tudo sobre a novela: a trama, personagens, elenco, trilha sonora e mais curiosidades.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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