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8 curiosidades sobre Estrela-Guia: Sandy queria outro ator de par romântico

Nilson Xavier

08/04/2019 07h00

Guilherme Fontes e Sandy (foto: Acervo TV Globo)

O canal Viva estreia nesta segunda-feira (08/04), às 11h45, a novela "Estrela-Guia", produção global de 2001, escrita por Ana Maria Moretzsohn e estrelada pela dupla Sandy e Júnior. "A novela da Sandy", como ficou conhecida, foi produzida especialmente para aproveitar a popularidade dos astros teen, que, na época, vinham da experiência como atores no seriado dominical "Sandy & Jr.", desde 1999. E eles continuaram gravando a série mesmo após o fim da novela: "Sandy & Jr." terminou sua exibição em março de 2003, depois de quatro temporadas.

A volta da novela no Viva vem embalada pelo retorno aos palcos de Sandy e Júnior, após 12 anos separados, com uma turnê pelo Brasil neste ano. Na novela, Sandy vivia a adolescente Cristal, criada em uma "comunidade alternativa". Órfã, partiu com seu padrinho para o Rio de Janeiro e acabou apaixonada por ele. O sortudo era Tony, interpretado por Guilherme Fontes. A escolha do par romântico de Sandy gerou buchicho na época. Fontes foi escalado depois de muita especulação e expectativa, e nem era o preferido da cantora. Seguem 8 curiosidades sobre a novela:

1. Sandy queria outro ator

De acordo com o seu perfil, Tony teria de ser 18 anos mais velho que Cristal, já que, na história, ele era tutor da garota, amigo do falecido pai dela. Guilherme Fontes foi escolhido entre 10 atores, desbancando candidatos como Felipe Camargo, Gabriel Braga Nunes e Rodrigo Santoro. Nomes como Marcelo Antony e Fábio Assunção foram cogitados, mas ambos estavam na ocasião escalados para outras produções. Antony era o preferido de Sandy. Guilherme Fontes – há 4 anos afastado da TV, desde a novela "O Rei do Gado" (1996-1997) – estava à época envolvido com os problemas de seu filme "Chatô, o Rei do Brasil" (finalmente lançado em 2015).

Carolina Ferraz (Vanessa) | Thaís Fersoza (Gisela) (foto: Acervo TV Globo)

2. Novela curta

"Estrela-Guia" ficou apenas três meses no ar, totalizando 83 capítulos. Uma novela concebida para ser curta e não atrapalhar a agenda de shows de Sandy e Júnior. A autora Ana Maria Moretzsohn pôde assim apresentar uma história consistente, sem espichamento ou "barriga" (aquele período na novela em que nada acontece), mantendo uma audiência linear.

3. Elenco

Júnior também estava na novela, em um personagem pequeno: Zeca, um malabarista de rua. Além de Sandy e Guilherme Fontes, outros destaques no elenco foram Carolina Ferraz, como a fútil vilã Vanessa, Lília Cabral, a "perua country" Dafne, e Rodrigo Santoro vivendo o playboy Carlos Charles. A revelação foi Thaís Fersoza, ainda novata na televisão, dando uma interpretação segura à sua personagem, Gisela (de cabelo pink, laranja e roxo).

4. Pirenópolis

Várias locações externas foram em Pirenópolis, no estado de Goiás. Em fevereiro de 2001, foram reproduzidas na cidade – especialmente para a novela -, as tradicionais Cavalhadas, manifestação folclórica que, desde 1826, é encenada na cidade, mostrando a histórica batalha entre mouros e cristãos no século 6. Para a realização da Festa do Divino – também encenada na novela -, Pirenópolis foi enfeitada com bandeirinhas brancas e vermelhas e chitão colorido, e povoada de mascarados, pastorinhas e bandas de música, além de ganhar uma arena com 40 camarotes. O Rei dos Mouros foi interpretado por Rodrigo Santoro, que aprendeu as coreografias da batalha, em que os cavaleiros mouros vestem vermelho e os cristãos, azul, com 12 integrantes de cada lado. A encenação contou com mais de 120 cavalos. Ainda em Pirenópolis, a equipe de produção conheceu melhor o dia a dia de uma comunidade alternativa, a Frater Unidade: o ritmo de trabalho, a divisão de tarefas, a meditação, a produção de artesanato, a alimentação, etc.

Rodrigo Santoro (Carlos Charles) | Lília Cabral (Dafne) (foto: Acervo TV Globo)

5. Os hippies

Os colares e batas usados por Sandy na novela fizeram sucesso e ganharam as ruas. A indumentária do núcleo alternativo foi toda confeccionada com os mesmos procedimentos artesanais adotados na trama pelos habitantes da fictícia comunidade de Jagatah. Todas as peças foram feitas à mão, com retalhos reciclados ou tecidos em teares manuais com fios de algodão supostamente por eles cultivado. A equipe da figurinista Gogóia Sampaio pesquisou materiais e métodos compatíveis com os recursos encontrados na própria região do Arco da Aliança. Nada, absolutamente, foi feito industrialmente. Para suprir tal demanda de trabalho, uma equipe de costureiras e bordadeiras, além de pessoas para tingir e dar vivência ao tecido (fazê-lo parecer usado) foi montada exclusivamente para a novela. Joias e bijuterias criadas pela designer Tereza Xavier complementaram o visual dos moradores da comunidade de Jagatah.

6. Preparação do elenco

Os atores participaram de workshops sobre astrologia, antropologia, mantras e sociedade alternativa para entender melhor a filosofia sobre a vida e o cotidiano de seus personagens. Mônica Torres e Fernanda Rodrigues receberam noções de fabricação de joias e aprenderam a jogar tarô. Ana Carbatti contou com a consultoria da escultora Elisa Pena, que trabalhava com cerâmica, para dar veracidade à artista plástica Dominique. Para viver seu personagem, Sérgio Marone teve de se familiarizar com instrumentos musicais, como flauta, calimbaharmonium. Lília Cabral, Sérgio Mamberti e Nizo Neto aprenderam noções básicas de hipismo com a veterinária Gisela Ferraz, responsável pelos cavalos da novela. Nelson Xavier estudou um pouco de fitoterapia para viver o mestre espiritual Purunam. Sandy aprendeu a cantar os mantras da personagem Cristal com Tomaz Lima, conhecido pelo nome artístico de Homem de Bem.

7. Animais para as gravações

As gravações contaram com diferentes tipos de animais. Na comunidade Arco da Aliança, não faltaram araras, tucanos, saguis, bichos-preguiças e canários da terra, em contraste com as cobras, gaviões, onças e urubus-reis da fazenda de Dafne (Lília Cabral). Mais de 150 borboletas aparecem nas cenas em que Cristal medita, dança e canta mantras.

8. A trilha sonora

Com 18 músicas escolhidas a dedo para a novela, o CD com a trilha sonora de "Estrela-Guia" foi um sucesso de vendas. Paulo Ricardo gravou especialmente o tema de abertura, "Imagine", de John Lennon. Júnior estava presente com um de seus sucessos, "Enrosca", e Chitãozinho e Xororó com um medley de "Bailão de Peão" e "Na Aba do Meu Chapéu". O restante da trilha reuniu novos e antigos sucessos, em regravações ou gravações originais: "Just the Way You Are" (Barry White), "Oye Como Va" (Santana), "Quase Nada" (Zeca Balero), "Father and Son" (Cat Stevens), "Vieste" (Lenine), "Lá em Mauá" (P.O. Box), "Amor de Índio" (Roupa Nova), "Como Nossos Pais" (Elis Regina) e outros.

O site Teledramaturgia traz mais informações sobre "Estrela-Guia": a trama, elenco completo, personagens e mais curiosidades.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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