"Jezabel" estreia com diferenciais entre as produções bíblicas da Record
A nova produção bíblica da Record TV – "Jezabel", que estreou nesta semana – traz diferenciais que valem a pena ser destacados. É a primeira produção da emissora com a Formata (em sua primeira incursão em novelas), no momento em que a Casablanca – parceira de longa data da Record – se ocupa com outros programas.
Não é a primeira trama da Bíblia da Record centralizada em uma mulher (vide "A História de Ester", "Sansão e Dalila" e "Lia"). Porém, é a primeira na qual a protagonista, além de mulher, é negra – vivida por Lidi Lisboa. Também é a primeira em que o vilão (a vilã, no caso) comanda a trama – seu contraponto é o profeta Elias, papel de Iano Salomão.
"Jezabel" apresenta um trabalho bonito, em cenários, figurinos, arte, fotografia e trilha sonora, marcando a excelência que a Record TV alcançou em quase uma década de experiência em produções bíblicas. Lidi Lisboa e André Bankoff foram escolhas acertadas para os papeis principais. André, inclusive, em um personagem difícil, como o rei fraco e manipulável. Lidi promete deitar e rolar na pele da rainha sanguinária.
Mais acertada ainda foi a escolha de Cristianne Fridman para comandar o roteiro. Autora de novelas (não bíblicas) de boa repercussão na casa (como "Chamas da Vida" e "Vidas em Jogo"), Cristianne é tarimbada no folhetim e pode contribuir muito em uma fórmula que a Record vem se aprofundando desde "Os Dez Mandamentos": a inserção de folhetim em histórias da Bíblia.
Na realidade, Cristianne Fridman vem ocupar a vaga deixada por Vivian de Oliveira, titular de "Os Dez Mandamentos", a primeira novela bíblica da Record. Com Cristianne, Paula Richard (de "O Rico e Lázaro" e "Jesus") é outro bom nome da emissora.
Muitos atribuem o êxito de "Os Dez Mandamentos" exclusivamente à curiosidade do público por passagens icônicas, como as pragas do Egito e a travessia do Mar Vermelho. Sim, claro! Entretanto, a novela também conquistou pelo toque irresistivelmente folhetinesco que Vivian deu à trama bíblica, o que fez a história render uma novela de mais de 200 capítulos.
Sobre "Jezabel", uma vilã catártica teria todo o potencial para atrair público de novelas. Porém, não é do interesse da Record transformar em "queridinha" uma megera que matava judeus. Jezabel será apenas uma vilã que deve ser odiada. Para isso, os mocinhos precisam ganhar a simpatia do público.
Os mocinhos da história são os profetas, que, até o momento, têm apenas proferido palavras de ordem e frases de efeito contra a rainha opositora. Os atores desse núcleo parecem engessados, em um tom empostado, pouco natural, como se estivessem o tempo todo doutrinando no altar de uma igreja qualquer. Aí, apenas uma crítica: a direção poderia orientar uma interpretação mais natural, para evitar de parecer mera doutrinação religiosa.
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