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"Shippados", série cômica do Globoplay, lembra que o amor nunca sai de moda

Nilson Xavier

07/06/2019 07h00

Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch (foto: divulgação/TV Globo)

Chama-se "Shippados" – mas também poderia se chamar "Os Anormais" – a nova série de humor da dupla Fernanda Young e Alexandre Machado (de "Os Normais", "Os Aspones", "Minha Nada Mole Vida", "Separação?!" e outras), feita exclusivamente para o Globoplay, disponível para assinantes a partir dessa sexta-feira, 07/06. Se em "Os Normais" os autores brincavam com a ideia de que as pessoas tentam manter em público a capa de uma normalidade institucionalizada, em "Shippados", os esquisitos, os fora da normalidade padrão, estão em evidência.

O ponto de partida é o encontro entre Rita e Enzo – que, malandramente shippados, viram #Rizo – vividos por Tatá Werneck e Eduardo Sterblitch, dois jovens que tentam marcar encontros por aplicativos de namoro, mas não se sentem ajustados ao modus operandi das relações modernas que nascem no mundo virtual. "Por mais 'likes' que receba, você vai acabar precisando de alguém para amar", explica Fernanda Young.

Cada qual com seus problemas – Rita sofre de um trauma de infância que a leva a ser muito sincera e Enzo é irritantemente metódico -, eles sofrem com a frustração dos encontros marcados na internet. No primeiro episódio, os autores presenteiam o público com gags divertidas sobre dates modernos, em que as pessoas, no contato real, tentam se enquadrar ao padrão que apresentaram no virtual. É onde Rita e Enzo não se adequam.

Luís Lobianco, Clarice Falcão, Tatá Werneck, Eduardo Sterblitch, Júlia Rebello e Rafael Queiroga (foto: divulgação/TV Globo)

Tatá Werneck é o destaque. A atriz está anos-luz dos tipos com os quais nos acostumamos a ver na televisão. A depressão, a angústia e a ansiedade não têm graça alguma. Nem o texto, nem a atriz fazem piada disso. A graça de Rita está na ternura de sua sinceridade melancólica. Impossível não se compadecer de seus dramas – mesmo as situações por ela vividas estarem longe do melodrama.

Enzo, por sua vez, está ciente e leva muito a sério a sua meticulosidade exagerada, e, mesmo assim, consegue ser "quase fofo". O barato dos personagens de "Shippados" é que eles, acostumados à exposição do mundo virtual, não escondem suas esquisitices e assumem o que são até com certo orgulho. Completam a galeria de esquisitos os casais Valdir e Brita (Luís Lobianco e Clarice Falcão) e Suzete e Hélio (Júlia Rebello e Rafael Queiroga), e Dolores (Yara de Novaes), a mãe de Rita.

Outro ponto interessante é a opção pelo vintage no desenho de produção, o que serve de contraponto à temática moderna da trama. A luz é setentista, os figurinos são atemporais e Rita ouve LPs em uma vitrola. A diretora artística Patrícia Pedrosa pontua que os personagens, apesar de inseridos nas relações interpessoais contemporâneas, "são analógicos". A ideia de "Shippados" é das mais antigas: o amor nunca sai de moda, não importa a época ou o meio para alcançá-lo, digital ou analógico.

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Sobre o autor

Nilson Xavier é catarinense e mora em São Paulo. Desde pequeno, um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: em 2000 lançou o site Teledramaturgia (http://www.teledramaturgia.com.br/), cujo sucesso o levou a publicar o Almanaque da Telenovela Brasileira, em 2007.

Sobre o blog

Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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