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Soltos em Floripa: Ramon humilha patrão e faz balbúrdia em bar

Ricardo é o empreendedor do ano no Brasil - Reprodução/Prime Video
Ricardo é o empreendedor do ano no Brasil Imagem: Reprodução/Prime Video

Colunista do UOL

10/04/2020 12h49

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No emocionante episódio desta semana de Soltos em Floripa, os distintos cavalheiros que protagonizam o reality show da Amazon Prime demonstram uma importante lição sobre como negociar com o patrão.

Ricardo é um dos personagens mais interessantes da série. Com a maior pinta de mordomo de filme do Supercine, o cidadão é dono do boteco em que os jovens trabalham para "pagar" a estadia na mansão e eventuais luxos durante a temporada.

É um pouco como deixar os lobos cuidando do galinheiro. Talvez essa seja até a lição por trás da lisérgica narrativa proposta pela produção, mas aposto que jamais vamos conseguir chegar a uma resposta conclusiva.

Fato é que os 8 participantes estão absolutamente interessados no chamado sexo casual, e dar expediente em um estabelecimento na Lagoa da Conceição (tenho a impressão que fica nas Avenida das Rendeiras), me parece ideal para complementar a renda com o serviço principal, que é nos entreter.

Depois de bancar um pitoresco passeio de lancha para os rapagões e meninonas, o soturno empreendedor ligou para cobrar o débito. Sim, é uma relação trabalhista um tanto estranha, pois eles só aparecem quando são requisitados, não existe qualquer rotina previamente estabelecida.

Desta vez, apenas os homens foram convocados para a labuta. A rapaziada estava na cozinha, meio de ressaca por conta da corriqueira esbórnia que invade aquele lar, quanto o celular toca. "Não é o maldito ligando aqui, ó?", comentou Murilo ao perceber que é o corajoso benfeitor.

O diálogo é de uma desfaçatez admirável. Fingindo simpatia, o rapaz atendeu a ligação. "Fala meu parceiro! E aí, Ricardão! Fala, meu mano. É o Murilo. Cê reconhece a minha voz, fala a verdade."

Ricardo ainda pergunta como foi o passeio, e recebe mais ironias antes de conseguir passar o briefing completo. "Gratidão, viu. Se não fosse tu, não tinha rolado esse rolê", agradece Murilo, emulando Didi Mocó naquele quadro da Pindureta do Mussum.

Enquanto se revezam no bar e atendendo as mesas, todos aproveitam para flertar com as instigantes frequentadoras do recinto. O mais empolgado com a situação era Ramon, que saiu recentemente de uma desinteligência amorosa com Nathália.

Tenho cá minhas dúvidas se o nobre Ricardo conseguirá manter o bar aberto por muito tempo, dadas as suas percepções a respeito do negócio. Em determinado momento, chamou o delirante Ramon de canto para um recado. "Escuta o que eu tô te falando. Eu vou dar uma saída, tá? Eu tenho um compromisso sério para resolver agora. Você está de responsável pelo bar. Confio em ti. Tu entendeu?", questionou.

"Precisa fazer alguma coisa, organizar?", quis saber Ramon, que nunca mereceu a confiança de ninguém. Mas Ricardinho da fé insistiu. "Ramon, o trabalho tu já sabe o que fazer. Instrui eles e confio em ti. Não me decepcione."

Não sei o que diabos o sujeito precisava fazer de tão urgente assim na calada da noite, talvez até seja um bom mote para um spin-off de Soltos em Floripa. Será que Ricardo é detetive nas horas vagas? Caixa de loja de conveniência em posto 24 horas? Porteiro de motel? Anseio por respostas.

Mas no minuto seguinte à saída de Ricardo do local, Ramon junta os colegas e passa o recado: "Aí, se liga. Chefe saiu, me deixou na responsa aqui. Então cês vão trabalhar e eu vou curtir um pouquinho enquanto ele não volta."

Como um pirata tomando o comando de um barco inimigo, o contraventor sobe na mesa de sinuca e incita a revolta contra as finanças do empreendimento. "Um minutinho, um minutinho. O chefe saiu e deixou a responsa com o pai. Cês querem shot? Eu quero ouvir. Quem quer shot?"

Todos queriam shot.

As cenas seguintes são do mais puro bundalelê com o dinheiro alheio. Em tempos de pandemia, deu até uma angústia ver toda aquela gente tomando tanta tequila no gargalo.

Mas o melhor ainda estava para acontecer. Assim como partiu misteriosamente, nosso herói Ricardinho da Boa Esperança retornou do nada. Ao ver todo o bar embriagado, celebrou a gestão de Ramon.

"Queria agradecer o empenho. O bar deu animada legal. Show de bola. Vou até liberar vocês mais cedo para vocês 'curtir', beleza? Só que não é só isso. São duas coisas. Uma: passeio de lancha é caro. Falei para vocês. Então não é só hoje que vocês tão pagando isso. Beleza? Então eu vou fazer uma festa no bar e vocês tão vendo esse público? Eu quero o dobro disso. Vocês vão promover a festa que eu vou fazer aqui. Pedir ajuda das meninas... Chamar a ilha toda para dentro desse bar. Beleza?", discursou.

Questionado a respeito de quando seria o grande evento, Ricardo deu mais demonstrações do seu tino para planejamento estratégico: "Aí eu decido e te aviso."

O único lampejo de preocupação com o que poderia ter deixado aquela juventude tão ensandecida aconteceu no encerramento do papo. "Claro que no final a gente fecha o caixa e vê como é que tá. Mas por enquanto eu confio em vocês e é isso aí", avisou.

Nunca mais ouvimos falar a respeito de Ricardo até o fim do episódio. Na sequência, os caras partem rumo ao lar com numerosa entourage para mais sexo, intrigas e videotape. Por mim, tudo bem.

* A Coluna Chico Barney prestigia Soltos em Floripa em ação comercial da Amazon Prime. Obrigado pelos mimos, Jeff Bezos. Semana que vem tem mais.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.