Enquanto uns reclamam, Péricles e Dua Lipa brilham nas plataformas digitais
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Muitos músicos ficaram indignados com uma fala recente de Daniel EK, o dono do Spotify. O que ele disse foi basicamente o seguinte: quer bombar na internet? Precisa de frequência e consistência para manter a relevância.
Qualquer um que esteja acostumado com os meandros da engenharia que conduz o consumo de entretenimento sabe que isso é verdade. É um fato dado, não uma opinião. Para manter as bases de fãs engajadas, é necessário entregar conteúdo num ritmo mais frenético do que costumavam fazer os artistas favoritos dos nossos pais.
A concorrência pelo "share de atenção" dentro da própria indústria e também com outras categorias de entretenimento tornou isso fundamental.
Alguns músicos acham que isso é vulgarizar a arte. Mas a tal da arte já foi vulgarizada muito antes da primeira prensa produzir o primeiro vinil e distribuir para lojas.
A suposta oposição das engrenagens capitalistas versus a produção artística parece proveniente da dificuldade de lidar com tabelas no Excel. A arte não é uma mera expressão. Como qualquer outra ocupação, é um meio de se sustentar, de ganhar a vida.
Conforme o tempo passa, as regras para se manter ativo nesse mercado vão mudando. E quem não pretende se adequar tem dois caminhos: dar a sorte de ganhar muito dinheiro com poucas músicas ou arranjar um segundo emprego para financiar esse desejo de compartilhar poesia. Por mim, tudo bem.
Vejo com muita alegria a carreira do cantor Péricles, que conseguiu se adequar de maneira fluida aos delírios dos algoritmos. Lança vários EPs por ano, misturando sucessos antigos com músicas inéditas. Na semana passada, anunciou que vai publicar música nova todo mês até o fim do ano nas plataformas. Frequência e consistência.
Outro fenômeno nessa mesma toada é a cantora Dua Lipa. Além de cozinhar o lançamento de um disco completo por meses a fio, com singles, lyric videos e clipes oficiais, está lançando agora uma nova versão do mesmo trabalho, com o acréscimo de muitas participações especiais —gente do quilate de Madonna e Gwen Stefani em canções que o público já conhece e aprova.
Não foi por acaso que Péricles e Lipa atingiram novos patamares na indústria e no coração da audiência. Quem está mais presente é inevitavelmente mais lembrado. Não conseguiriam isso seguindo uma estratégia dos anos 80, como parecem defender alguns artistas que reclamaram da fala de Daniel Ek.
Voltamos a qualquer momento com novas informações.
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