'BBB': Felipe Prior repete a trajetória de vilania e redenção de Dourado

O ano era 2010 e, pela primeira vez, ex-participantes do "BBB" ganhavam nova chance no programa. Nos primeiros dias do programa, Marcelo Dourado, um dos eliminados da quarta edição, conseguiu brigar com boa parte da casa e virou o alvo mais fácil da votação inaugural. Salvo pelo gongo, ao receber o anjo da ex-miss Brasil do "BBB 3" Joseane, o lutador garantiu a permanência no jogo e teve a chance de, em um desabafo com Lia e Cadu, mostrar fragilidade e construir uma narrativa de perseguição, emplacando vários paredões seguidos. Ao longo do reality show, Dourado teve falas consideradas homofóbicas e mais: conseguiu fazer com que o Ministério da Saúde obrigasse a Globo a corrigir uma de suas declarações em comunicado. Nada disso impediu que ele levasse o prêmio para casa.

Passados dez anos do "BBB 10", a vigésima edição do programa tem em Felipe Prior um participante de trajetória bem parecida com a de Dourado. Parte integrante do grupo de homens que tramou o teste de fidelidade com as garotas famosas, o arquiteto chegou a avaliar a beleza das mulheres, desdenhar do comportamento de algumas e ouviu barbaridades de colegas com Hadson e Lucas, sempre achando graça de tudo. Por causa do temperamento, foi aos poucos sendo isolado pela casa e achou em Babu um porto seguro disposto a ouvir, assim como aconteceu com Dourado e Lia. Além disso, encontrou em Pyong seu grande rival, assim como ocorreu com o lutador de Dicesar.

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Uma década separa os dois participantes, mas esse tempo parece não ter sido suficiente para que os confinados da vez entendam que isolar alguém e sistematicamente colocá-lo entre os mais votados só reforça a narrativa de perseguição para o público, independente dos erros que tenha cometido lá dentro. Ao contrário de Dourado na época, no entanto, Felipe já conseguiu pedir desculpas e desconstruir muitos dos conceitos machistas que exibia orgulhosamente no começo da temporada. O arquiteto chegou a fazer com que seu maior inimigo não o colocasse no paredão e ganhou a simpatia de Manu Gavassi e Gizelly.

Ainda assim, ambos são prova de que o Brasil gosta de acolher vilões que sabem virar o jogo e se tornam o malvado favorito. Resta saber que no final da história Felipe também acabará milionário, já que favoritos como Marcela perderam popularidade.