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Diplomático, Adnet fala de humor com empatia e define seu limite: 'A lei'

Marcelo Adnet em entrevista para o "Roda Viva", da TV Cultura - Reprodução
Marcelo Adnet em entrevista para o "Roda Viva", da TV Cultura Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

17/08/2020 23h47

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Resumo da notícia

  • Em entrevista, humorista mostrou que a resposta para o humor ofensivo é a empatia
  • Perguntado sobre trabalho de Carioca com Bolsonaro, afirmou que não faria, mas disse ser democrático
  • Adnet disse ainda ter dúvidas sobre carreira política: "Tenho medo de morrer"

Entrevistado desta semana no "Roda Viva", Marcelo Adnet, nas entrelinhas, deixou claro que não aguenta mais ouvir um questionamento que acompanha a ele e seus colegas há tempos: qual o limite do humor? "Acho que ninguém vai ter a cara de pau de perguntar isso", brincou ele, que tratou de se apressar e responder: "O limite do humor é a lei". Para o humorista, se alguém faz uma piada racista, portanto, incorre no crime de racismo.

Sabendo que teria de comentar o trabalho de alguns de seus pares, Adnet optou por ser diplomático em suas respostas. Ao ser questionado sobre a performance de Carioca ao lado de Jair Bolsonaro em uma coletiva de imprensa em Brasília, afirmou que seu trabalho não é definir regras e que a diversidade é importante democraticamente. Ao mesmo tempo, deixou claro: não faria, não considera interessante. "Quem estava sendo sacaneado ali? Nós", ponderou.

Apesar da diplomacia ao comentar o trabalho dos outros, Adnet não se furtou ao assumir seus posicionamentos políticos e disse que não dá para viver no Brasil e não ser de esquerda. Negou ser comunista e disse se preocupar com diminuir a desigualdade no país. O artista, entretanto, tem dúvidas sobre seguir uma carreira política. "Tenho medo de morrer", desabafou, completando que o clima no país está "pesado".

Ao ser criticado por Marcelo Tas por ter se posicionado politicamente, Adnet foi direto: "Não vou botar minha carreira cima do humano". Também negou saber de qualquer denúncia de assédio sexual direcionada a Marcius Melhem, que deixou a Globo na última sexta-feira (14). "Não tenho poder de polícia para decidir, minha opinião é a da dúvida", disse, novamente diplomático, evitando uma declaração definitiva sobre o assunto, mas tentando evitar um mal-entendido. "Eu estou sempre do lado das vítimas. Não há como ter um ambiente de trabalho em que você tenha de conviver com qualquer tipo de assédio."

O que Marcelo Adnet no "Roda Viva" tentou mostrar - e conseguiu - é que a empatia produz boa arte e bons diálogos. O humorista entende que é preciso abrir espaço para comediantes negros e fez mea culpa quanto à falta de diversidade no "Tá no Ar: A TV na TV". Adnet é a prova viva de que dá para fazer rir sem ofender. E seu processo de pensamento ficou muito claro durante esta entrevista. "É preciso saber escolher os alvos", afirmou.