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Anitta topa tudo: "Se tá a fim de ficar comigo, o que é que tem ser gay?"

Colunista do UOL

03/10/2019 04h00

Foi com irreverência e sem meias palavras que Anitta conquistou o status de uma das mais importantes artistas nacionais. E foi assim também que ela chegou ao palco principal do Rock in Rio, onde se apresenta no próximo sábado (5), derrubando uma resistência antiga da organização com relação ao funk no festival.

Nesta entrevista exclusiva ao UOL, ela adianta alguns detalhes do que está preparando para o show e comenta a parceria com o Black Eyed Peas, mas fala também de sua vida pessoal como sempre falou: sem rodeios. Diz que sexualmente topa tudo e que sua única regra é não ficar com pessoas comprometidas. "Homem, mulher, travesti, tanto faz."

Já sobre o término do namoro com Pedro Scooby, a cantora evita entrar em detalhes, mas faz um balanço sobre a exposição de sua vida amorosa e foge ao ser perguntada se já beijou muito na boca após o fim do relacionamento: "Já não sei mais a conta. É muita gente, muitas coisas, muitos países. Estou vivendo a vida."

Leia abaixo trechos da entrevista.

UOL - Kisses está indicado ao prêmio de melhor álbum urbano no Grammy Latino. Como é receber essa indicação e qual é a sua posição em relação ao movimento de boicote liderado por grandes amigos seus, como Maluma e J. Balvin, por não verem o reggaeton na premiação?

Anitta - Para ser bem sincera, eu não me aprofundei no assunto porque não é o tipo de coisa que eu faria. A indústria é assim, a gente sabe como ela funciona. Mas também entendo o que eles estão querendo dizer, de tratar o reggaeton como ritmo urbano, como outra coisa que não música, sabe? É como se o Prêmio Multishow fizesse uma categoria chamada melhor artista funkeiro e separasse esse artista dos outros.

Anitta - Eduardo Bravin/Divulgação - Eduardo Bravin/Divulgação
A cantora Anitta, que se apresenta sábado no Rock in Rio
Imagem: Eduardo Bravin/Divulgação
O que você quer dizer, em outras palavras, é que o reggaeton passa, de certa maneira, por algo até mais grave pelo que o funk passou?

Eu acho que não passa de uma maneira mais grave, porque ele passou durante um tempo. Agora, o reggaeton já está em outro patamar. O funk já teve até projeto para ser criminalizado. Então, é diferente. Mas preciso conversar com eles para entender um pouco melhor o que houve e tomar uma posição. Estava tão feliz comemorando... Porque esse álbum meu, o Kisses, não teve apoio algum. Basicamente, quem fez esse trabalho acontecer foi a minha equipe e a marca Ipanema, que bancou todo o projeto. E deu supercerto.

Avaliando suas entrevistas no Brasil e algumas no exterior, é possível ver Anittas completamente distintas. Não é a mesma personagem lá e aqui?

Não, porque lá fora as pessoas ainda estão começando a me reconhecer. O que eu preciso lá fora é visibilidade. Eu preciso chamar a atenção de alguma maneira. Então, eu sou basicamente a Anitta que eu era no meu início aqui. Agora, no Brasil, eu preciso ser mais cuidadosa com as coisas, porque tudo fica muito grande e nem sempre eu tenho o controle de como isso vai reverberar, de como isso vai refletir e de como as pessoas vão replicar.

Como no caso da sua sexualidade? Porque, desde as suas primeiras entrevistas, você fala abertamente sobre a sua sexualidade mundo afora, mas, quando chega no Brasil, você fica mais pudica, não é?

É assim porque eu sei que as pessoas vão fazer um grande sensacionalismo que não tem nada a ver com o que eu quero passar, entendeu?

Existem mulheres com uma bissexualidade sazonal, que passam anos com uma mulher, depois passam um tempo com homem. A sua bissexualidade continua?

Tá tudo certo. Não tem essa de sazonal, não. Eu sou topa tudo mesmo. Só não vou com gente comprometida, é a minha única regra. [Pego] homem, mulher, cachorro, travesti... Cachorro, não! Estou brincando. Tudo o que aparecer aí, já foi tudo.

Já foi tudo mesmo?

Eu não tenho preconceito. Nenhum.

Você já se relacionou com pessoas que eram gays?

Qual é o problema? Tem problema nenhum. Se tá a fim de ficar comigo, o que é que tem ser gay?

Anitta - Ricardo Muniz/Divulgação - Ricardo Muniz/Divulgação
A cantora não quis falar sobre a separação de Pedro Scooby
Imagem: Ricardo Muniz/Divulgação
Fora o Maluma, você já teve algum affair com outra celebridade internacional?

Já. Com várias, mas não vem ao caso.

Qual é a sua tática para não responder a ataques de pessoas que têm relevância e ressonância na internet? Como você consegue se manter calada em alguns casos?

Eu não gosto de dar palanque para pessoas que não merecem. Não gosto. Eu trabalhei muito para conquistar a visibilidade que eu tenho e, graças a Deus, o retorno que eu tenho de mídia, de tudo que eu acho válido gastar isso com pessoas que não merecem, mesmo que elas tenham relevância.

Mas, se o presidente da República falar mal de você, você vai continuar calada?

Aí, realmente, eu não vou, porque nesse caso não mexe só comigo, entendeu? Para mim, mexe com uma série de fatores. Então, eu analiso. Às vezes, vale a pena, às vezes, não. Eu não gosto de barraco, baixaria, então não é uma coisa que combina comigo.

Você já disse "meu amor, você nunca vai me ver beijando em público", mas, de repente, vem um relacionamento com um surfista, e você faz provas deliberadas e exaustivas de amor. Qual é o aprendizado da sua última relação?

Não é desta última relação. O aprendizado da vida é que eu não fico me prendendo pelo fato de ser uma pessoa pública. Eu acho que, a partir do momento que eu começar a medir a maneira que eu vou viver por conta da pessoa pública que eu sou, já não serei eu mesma. Desde que eu surgi como cantora, não saio dos charts brasileiros nem por um mês, nem por um dia. Então, se esse é o meu trabalho e estou fazendo muito bem-feito, graças a Deus e aos fãs, eu não vejo motivo para não fazer coisas de um ser humano normal, não vejo por que não me relacionar.

Você acha que exagerou no relacionamento com o Scooby?

Eu não quero falar sobre isso.

Você está ficando com alguém depois do Scooby?

Uhum.

Um, dois, três?

Já nem sei mais a conta, amor. Não tem como eu contar. É muita gente, muitas coisas, muitos países, muitas cidades... Estou vivendo a vida, gente! Pelo amor de Deus!

Você acabou de ser contratada por uma empresa para atuar no departamento de marketing e, agora, vai dar opinião sobre o direcionamento da marca. Explica isso!

A Skol Beats é uma bebida que eu sempre amei e sempre fiz todo o mundo experimentar. De acordo com estudos, a Skol viu que isso fez uma grande diferença para a marca e resolveu me contratar como head de marketing das estratégias do produto. Firmamos essa parceria, e vou ter participação nos lucros da marca e tudo.

Vai ficar mais rica, então?

Espero que sim. Vou trabalhar bastante para que a marca venda muito, cresça muito mais e, aí, ficar mais rica é uma consequência do trabalho.

Quantos por cento você vai ganhar?
Eu não vou falar, né?

Você chegou a negociar com o Rock in Rio para cantar na última edição, em 2017, mas a família Medina, que é a dona do festival, pediu que você fizesse um show com menos funk, o que você negou. Além disso, a Fergie te convidou para dividir o palco com ela, mas você acabou indicando a Pabllo Vittar no seu lugar, porque o Medina ficou com medo de você fazer críticas ao festival. Por que não rolou sua participação da edição passada?

Houve negociações, mas não chegamos a um acordo. Depois, o Medina me explicou que haveria melhores formas de eu levar o funk para o Rock in Rio. Ele estudou o meu trabalho, conversamos, sentamos juntos e decidimos fazer o Rock in Rio Lisboa como primeira aparição minha no festival até mesmo por conta de o meu trabalho estar se tornando internacional.

No sábado você finalmente sobe ao Palco Mundo do Rock in Rio. Já se falou muito do seu cenário no festival. O que vai ter de tão eletrizante que vai deixar as pessoas "no chão"?

O cenário é simples, mas, ao mesmo tempo, incrível, na minha opinião. Não esperem pirotecnia! Não esperem uma coisa absurda. Não é. É um cenário simples, mas que tem tudo a ver com a minha história e com a minha carreira. O que a gente vai fazer é contar um pouco da minha história, de quando eu comecei... Na verdade, vamos falar um pouco do funk em geral até chegar ao momento em que estou hoje, de ter autonomia de cantar os funks que eu quero. E terminaremos com essa coisa do internacional, de ter vários países ouvindo funk.

Seus grandes sucessos vão estar no repertório?

Esse show vai trazer arranjos de todas as minhas músicas: antigas, novas, músicas da época da Furacão 2000. Eu não vou cantar todas elas, mas vou inserir algumas coisas de todas as minhas músicas.

Como vai ser o seu figurino?

Ainda não decidi, mas vou de shortinho jeans.

Você vai mesmo cantar no show do Black Eyed Peas?

Vou. Eu virei muito amiga do will.i.am, e ele começou a falar para mim do set que vão fazer. Eu perguntei: "Cadê Don't Lie?". Ele falou: "Eu não vou cantar isso". Eu disse que, se ele não cantasse essa música, o Brasil não ia deixar ele sair do país. Aí, ele falou: "Ah, então você canta com a gente". Vamos lançar a nossa música nova lá também.

Veja a entrevista completa abaixo e ouça a íntegra da conversa no podcast UOL Entrevista.

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