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Gloria Groove lança álbum e fala da infância: "Sofri por ser criança viada"

Gloria Groove - Divulgação/Rodolfo Magalhães
Gloria Groove Imagem: Divulgação/Rodolfo Magalhães

Colunista do UOL

12/11/2019 23h35

Uma das principais artistas do segmento LGBTQ+ do país, Gloria Groove acaba de lançar o EP 'Alegoria', um álbum visual, composto por quatro faixas que darão origem a quatro videoclipes. O primeiro deles, 'Mil Grau', ultrapassou a marca de 300 mil visualizações em menos de seis horas, e a expectativa é que os próximos três lançamentos visuais sejam lançados até o final do mês.

A opção por um álbum visual veio como forma de surpreender ainda mais os fãs. "Achei que era o momento certo para um álbum assim, e tenho uma equipe maluca o suficiente que comprou a ideia.", diz Gloria, que revela não ter tido um período de calmaria para criar sua nova obra. "Eu não parei para o processo criativo de 'Alegoria' em momento algum. De 2017 para cá, eu trabalhei mais singles, me dediquei aos feats, compus para outros artistas também. Estava tudo rolando ao mesmo tempo e eu não consegui parar.", conta.

Em 'Alegoria', Gloria conta a participação da cantora Monna Brutal na faixa 'Magenta Ca$H', que fala de 'pink money', o poder de compra da comunidade LGBTQ+. "Queria há muito tempo falar do que tô falando nessa faixa e queria, com ela, mostrar alguém cabuloso pro mundo. Sou super fã da Monna e tive a honra de colocar ela no projeto, que é um tipo de militância que a gente ouve pulando.", diz Gloria, ciente da importância que é ter figuras como ela e Monna para a evolução da sociedade. "Nosso papel na transformação da sociedade é tão ativo e tem um impacto tão forte a curto e a longo prazo, que, hoje, crianças tem a referência que eu não tive: uma bicha afeminada e poderosa para olhar e falar 'eu quero ser assim também'. Eu queria muito ter tido uma Gloria, uma Pabllo Vittar, para me inspirar.", conta a drag.

E Gloria sabe o que está dizendo. Criança prodígio na infância, tendo integrado o grupo Balão Mágico e participado do 'Programa Raul Gil', ela revela ter sentido na pele a discriminação por não agir da maneira como a sociedade, ainda hoje, espera de que um menino aja. "Fui uma criança muito afeminada, e ninguém sabe lidar com isso. Os adultos despejavam muita desaprovação, muito ódio em mim. Sofri por ser uma criança viada.", conta ela, que, encontrava no amor da mãe, Gina Garcia, o refúgio que precisava. "Ela foi a mais maravilhosa possível comigo. Sempre me apoiou em tudo.", diz.

Assista ao clipe de 'Mil Grau', de Gloria Groove:

* Com colaboração de Geizon Paulo

Blog do Leo Dias