New York Times anuncia fim da "cultura da celebridade"
Um artigo publicado nos últimos dias pelo jornal New York Times faz uma análise bem relevante do atual momento, especialmente direcionado à relação entre a celebridade e o público. O título da publicação já diz muito: "A cultura da celebridade está queimando". Na reflexão, o periódico diz que a pandemia impactou de maneira negativa a relação das massas com as elites e as celebridades. E que as ações das marcas e dos famosos neste momento crítico serão decisivas para definir o futuro delas.
Em uma curiosa comparação, o artigo cita Maria Antonieta, rainha da França, odiada pelo povo que a acusava de perdulária, e que teria dito uma célebre frase: "Não tem pão, comam brioche", citação que mostra total desconhecimento da situação de seu povo, que não tinha sequer pão para comer e ela sugere brioche, que é um pão luxuoso. A ausência de entendimento do atual momento pode arruinar carreiras sólidas de muitos artistas, que continuam agindo como Maria Antonieta.
Duas atitudes de celebridades internacionais servem perfeitamente como exemplos opostos de como agir e como não se portar neste momento. Primeiro, Madonna, que publicou uma foto recentemente em uma banheira de luxo dizendo que o vírus igualava a todos. A imagem e a legenda eram discordantes.
Mas no sentido contrário surge uma Britney Spears, considerada por muitos inadequada à sociedade: ela é mantida sob uma tutela há 12 anos, seus movimentos e finanças são controlados pelo pai, mas que neste momento emergiu da crise como uma celebridade engajada com a necessidade de mudanças sociais radicais.
Spears publicou recentemente um manifesto brilhante em suas redes sociais em que, entre outras coisas, dizia: "Vamos nos alimentar, re-distribuir a riqueza, atacar. A comunhão se move além das paredes". As palavras de Britney ecoaram com força na América.
A Coluna do Leo Dias quis trazer essa situação exposta pelo jornal nova-iorquino para o Brasil e consultou uma das mais renomadas assessoras de imagem de celebridades, Juliana Mattoni, que trabalhou por cinco anos na Central Globo de Comunicação e hoje dedica-se ao trabalho personalizado com celebridades como Claudia Raia e Mariana Ximenes. Mattoni fez uma análise sobre como marcas e celebridades devem agir neste momento e o que essas ações vão resultar em suas imagens no futuro.
"Ninguém nunca estudou em nenhuma faculdade ou pós-graduação especificamente como lidar com agenciamento ou construção e manutenção de imagem de artistas em um momento de crise de pandemia mundial. Esse é o grande desafio desse mercado: lidar com o inesperado. Por isso o que deve nos guiar neste tipo de cenário é o bom senso e o valor de empatia. Temos que nos colocar no lugar da audiência, dos fãs e seguidores o tempo todo. É especialmente desafiador para os artistas porque produzir conteúdo para as redes sociais não é sua principal fonte de renda, nem sua profissão, porém o digital se transformou sim uma plataforma de comunicação e renda importantes para grande parte desse mercado.
Um dos motivos que leva pessoas a seguirem celebridades é a atmosfera "glamourosa" de suas vidas. Mas isso, num momento de incertezas e dificuldades extremas, não faz sentido algum. E todos (incluindo o mercado publicitário) têm que se atentar a isso. Hoje, o público quer pessoas reais, com vidas reais e mais solidariedade, a verdadeira solidariedade. Não dá mais para fazer conteúdo sem propósito. Postar algo leve e bonito pode ser um propósito para aliviar a angústia de tempos tão complicados, mas tem que ter um objetivo claro. Nada pode ser em vão.
Nunca se falou tanto em saúde mental, além da física. Nem em maneiras de se unir para ajudar as pessoas. São lives para doações, empresas que pararam suas fábricas para produzir itens de segurança para profissionais de saúde ou itens de higiene como álcool gel para a população.
Campanhas e serviços estão sendo repensados para, de fato, ganharem um novo e mais adequado sentido nesse momento. É momento de refletir antes de postar e também de realmente se engajar de verdade. Usar a nossa capacidade produtiva em prol do todo. E o futuro nesse mercado pertencerá àqueles que tiverem valores claros e capacidade de adaptação."
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