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Mauricio Stycer

Record esquece aposta em interação e ignora acusação de assédio na Fazenda

Lucas e Hari durante uma madrugada na Fazenda 2019 - Reprodução/RecordTV
Lucas e Hari durante uma madrugada na Fazenda 2019 Imagem: Reprodução/RecordTV

Colunista do UOL

01/12/2019 05h01

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A Record apostou desde cedo nas possibilidades comerciais oferecidas pelas redes sociais, em especial o Twitter. Foi uma das pioneiras, junto com a Band, na prática de reproduzir na tela dos seus programas mensagens publicadas por espectadores com o uso de hashtags e na divulgação de resultados numéricos da interação, os chamados Trending Topics.

O sucesso de um programa no Twitter se tornou um indicador de desempenho-chave (KPI, no jargão em inglês), oferecido nos pacotes comerciais vendidos pelos canais de televisão. Ou seja, hoje, o patrocinador ou anunciante investe recursos em um programa na expectativa de alcançar um determinado número de pontos no Ibope e, também, estar entre os programas mais comentados nas redes sociais.

"A Fazenda", desde sempre, foi o programa que mais permitiu à emissora exercitar a interação com o público. Por conta das suas especificidades, este reality show, assim como o "BBB", se torna uma experiência muito intensa no Twitter. Os fãs comentam muito, criam fã-clubes, organizam votações e apontam problemas o tempo todo.

Com Marcos Mion no comando da "Fazenda" desde 2018, esta relação do programa com os fãs no Twitter se intensificou. O apresentador é muito conectado também e colocou entre as suas prioridades na nova função aprimorar esta interação.

Em setembro deste ano, no episódio que resultou na expulsão de Phellipe Haagensen, após beijar Hariany Almeida sem pedir permissão, Mion se deu conta da enrascada em que se meteu. Cobrado pelos fãs, lembrou que só a direção do programa poderia resolver a questão: "Não adianta me cobrar uma atitude ou decisão do que deveria ou vai acontecer NO PROGRAMA".

Mion se expressou, claro, por meio do Twitter, da mesma forma que um dos patrocinadores, a Oi, que cobrou um esclarecimento da Record fazendo postagens na rede social.

Dois meses depois, um problema semelhante voltou a ocorrer. Fãs de Hariany acusam o modelo Lucas Viana de ter assediado a jovem e cobram a sua expulsão do reality. Em 2018, o rapaz foi expulso do reality "Are You the One Brasil?", da MTV, após agredir um outro participante.

Após a exibição do vídeo no qual Lucas se deita junto a Hariany e é rejeitado por ela, patrocinadores também foram ao Twitter pedir providências da Record. Responsável por gravações nos bastidores do programa, o ator Lucas Salles também falou: "Infelizmente não somos nem eu e nem o Marcos Mion que decidimos as coisas".

Para minha surpresa, e de muita gente, a Record decidiu ignorar o assunto. Fez-se de surda às reclamações dos fãs que acompanham o programa pelo Twitter e não deu satisfações públicas aos patrocinadores. Silêncio geral.

A Record ficou devendo uma resposta - qualquer resposta. Este silêncio sugeriu que a tão desejada interação com os usuários do Twitter só é uma via de mão dupla quando interessa à emissora. Agindo assim, o canal arrisca perder o respeito dos fãs e jogar fora os esforços feitos para se apresentar ao mercado como uma empresa moderna, conectada com os dias atuais.

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