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Bial ignora novidades e polêmicas em homenagem chocha a Raul Seixas

Pedro Bial, Odair José, Sylvio Passos e Carlos Eládio em homenagem a Raul Seixas - Reprodução / TV
Pedro Bial, Odair José, Sylvio Passos e Carlos Eládio em homenagem a Raul Seixas Imagem: Reprodução / TV

Colunista do UOL

18/12/2019 02h23

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Raul Seixas (1945-1989) foi tema do "Conversa com Bial" nesta terça-feira (17). Estranhamente, o Maluco Beleza ganhou uma homenagem chocha, do início ao fim. O cantor e compositor baiano foi lembrado por três figuras que o conheceram em diferentes momentos da carreira, mas que apenas repetiram histórias bem conhecidas pelos fãs.

O guitarrista Carlos Eládio lembrou dos primórdios no grupo Os Panteras, em Salvador. O cantor Odair José recordou-se do Raul executivo da gravadora CBS. E Sylvio Passos, fundador do primeiro fã-clube de Raul, falou dos tristes momentos finais do seu ídolo.

Num tom autocelebratório, o apresentador exibiu um trecho do documentário "Raul - O Início, o Fim e o Meio" em que ele próprio, Bial, aparece cantando. Sobre o filme em si, de Walter Carvalho, nenhuma palavra. Bial também reproduziu vários trechos de uma entrevista sem maiores atrativos que Bial fez com Raul em 1983, exibida originalmente no "Jornal Hoje".

Mais curioso ainda, especialmente por se tratar de um programa realizado por uma equipe de jornalistas afiados e sintonizados com todas as novidades, Bial não fez nenhuma menção aos dois livros recém-publicados em outubro sobre Raul.

"Raul Seixas: Por trás das canções", de Carlos Minuano (Best Seller, 336 págs.), e "Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida", de Jotabê Medeiros (Todavia, 416 págs) trazem novidades e, no caso do segundo, alguma polêmica sobre o homenageado por Bial.

Medeiros trata de um momento crucial na relação de Raul com o seu principal parceiro, Paulo Coelho, de uma forma que nunca foi abordada. Um documento obtido pelo autor levanta a possibilidade de o cantor ter entregado o parceiro para a ditadura militar, em 1974.

Coelho, inicialmente, reagiu à divulgação deste documento dizendo: "Fiquei quieto por 45 anos. Achei que levava segredo para o túmulo." Pouco depois, mudou de ideia e relatou ter "sérias dúvidas" sobre o assunto. No livro, Medeiros deixa claro que é um policial que sugere que Raul teria colaborado para a prisão de Coelho.

Em todo caso, é um assunto importante, que poderia ter dado alguma temperatura à homenagem feita pelo "Conversa com Bial".

Em nome da transparência, informo que tenho um livro, sobre Silvio Santos, publicado pela mesma editora que lançou a biografia de Raul escrita por Medeiros.

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