CNN improvisa e figurões do governo de Bolsonaro se dizem enganados ao vivo
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No intervalo de oito dias, duas figuras importantes do governo Bolsonaro protestaram ao vivo durante entrevistas para a CNN Brasil se dizendo enganadas pelo canal. Tanto a secretária de Cultura, Regina Duarte, quanto o ministro da Educação, Abraham Weintraub, reclamaram que a emissora não seguiu o que teria sido "combinado" com eles.
Regina protestou durante entrevista na última quinta-feira (07). "Não foi combinado", ela disse ao ver no ar um comentário da atriz Maitê Proença sobre a sua gestão. A secretária também reclamou com o repórter Daniel Adjuto que os apresentadores Reinaldo Gottino e Daniela Lima fizeram perguntas a ela. "Daniel, isso não foi combinado. O combinado foi uma entrevista com você".
Weitraub reclamou nesta sexta-feira (15) logo no começo de uma entrevista a Monalisa Perrone. A apresentadora quis que o ministro comentasse a demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich. "Isso tinha sido combinado, de perguntar da saída do ministro da Saúde? Eu posso comentar rapidamente porque não era o combinado da entrevista", respondeu Weintraub.
"A palavra tem que ser honrada", prosseguiu. "Eu combinei uma coisa, que foi falar do Enem. Vamos começar falando do Enem, vamos ver como evolui, e lá pelas tantas a gente pode até fazer uma pergunta sobre como foi a mudança. Mas eu acho que não contribui muito, na primeira entrevista que você faz comigo, já chegar descumprindo o que tinha sido combinado, mas tudo bem."
Questionada pela coluna, a CNN respondeu: "Evidentemente, o jornalismo da CNN Brasil faz todas as perguntas que considera pertinentes sobre os assuntos em pauta em todas as entrevistas que realiza, sempre com o interesse de informar corretamente o nosso público. Essa é um dos pilares do Manual de Práticas Editoriais da emissora."
Duas observações sobre os incidentes. Primeiro, nem Adjuto nem Monalisa desmentiram Regina Duarte e Abraham Weintraub ao vivo sobre o que teria sido "combinado". Ou não tinham informações para isso ou não quiseram elevar ainda mais a temperatura dos conflitos.
Segundo, as reclamações transmitem a impressão que as duas autoridades do governo ficaram decepcionadas com o canal. Como se não esperassem o tratamento que receberam. Por quê?
Este é o problema. A CNN Brasil enfrenta, desde antes da estreia, a fama de ser governista. Esta impressão foi reforçada, como já escrevi, por elogios públicos do próprio presidente Bolsonaro ao canal, os afagos do principal sócio, Rubens Menin, à família presidencial e o bom trânsito de Douglas Tavolaro, CEO da CNN, no Planalto.
A decepção de Regina e de Weintraub tem, por isso, justificativa. Cabe ao canal, no seu dia-a-dia, provar que não há razões para autoridades do governo esperarem tratamento preferencial dos jornalistas da emissora.
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