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7 erros que fazem de Punho de Ferro o defensor mais indefensável do momento

Danny Rand (Fiinn Jones) luta em cena da primeira temporada de "Punho de Ferro"  - Divulgação/Netflix
Danny Rand (Fiinn Jones) luta em cena da primeira temporada de "Punho de Ferro" Imagem: Divulgação/Netflix

Do UOL, em São Paulo

23/03/2017 04h00

ALERTA DE SPOILER: SE VOCÊ NÃO QUER SABER DETALHES DE PUNHO DE FERRO NÃO PROSSIGA!

Quarta série da colaboração entre Marvel e Netflix, "Punho de Ferro" chegou ao público do serviço de streaming na última sexta-feira (17) e já apanhou em seis dias de lançamento mais do que os inimigos de Danny Rand (Finn Jones) nos 13 episódios. 

Tida como o "elo mais fraco" da franquia, a série deveria preparar o terreno para "Os Defensores", a aguardada reunião de Luke Cage, Jessica Jones, Demolidor e Punho de Ferro.

Em vez disso, as aventuras de Rand em Nova York viraram um produto fácil de se criticar e trocadilhos como "'A Netflix errou a mão" ou "'Punho de Ferro sofreu um golpe" não param de reverberar. Está mais fácil colocar K'un Lun de volta no mapa do que encontrar alguém que ouse defender a atração. 

Os 7 erros de "Punho de Ferro"

  • Myles Aronowitz/Netflix/Divulgação

    Escalar Finn Jones

    Os problemas de Punho de Ferro começaram assim que a Netflix anunciou que faria uma série sobre o herói. Logo após a divulgação, fãs da Marvel se organizaram na web para reivindicar que um ator asiático americano fosse escalado para o papel principal. Para os criadores da campanha, a história do moleque rico que perde os pais em um acidente de avião e ganha super poderes após ser treinado por mestres em artes marciais era a ocasião perfeita para a Marvel empoderar o primeiro herói asiático americano de sua história na TV e no cinema. O fato de o personagem, criado por Roy Thomas e Gil Kane em 1974, ser originalmente loiro e de olhos azuis assim como Finn Jones, o ator escolhido, para os defensores da ideia, foi considerado secundário.

  • Divulgação/Netflix

    Colocar a culpa no Trump

    As coisas pioraram um pouco para a série depois que Jones resolveu se pronunciar. Quando as resenhas inicias, publicadas antes do lançamento oficial, surgiram, o ator minimizou as opiniões negativas, afirmando que "Punho de Ferro" foi feita "para os fãs, não para os críticos". Cansado do debate sobre sua escalação em vez de um ator de origem asiática, Jones anunciou sua saída do Twitter. Mais recentemente, ele voltou a falar sobre a má recepção da série, culpando o presidente dos Estados Unidos Donald Trump pelo possível fracasso. "Acho que o mundo mudou muito desde que começamos a filmar. Estou interpretando um super-herói branco americano e bilionário numa época em que o arquétipo branco americano e bilionário é o inimigo público número 1, especialmente nos Estados Unidos", disse Jones em entrevista à imprensa norte-americana. "Gravamos a série muito antes da eleição de Trump e eu acho interessante ver como essa percepção, agora que Trump está no poder, como isso dificulta que as pessoas se identifiquem com um branco privilegiado, quando esse arquétipo é o inimigo público número 1".

  • Divulgação/Netflix

    Fazer todo mundo duvidar de Danny Rand

    Por mais que filmes recentes de heróis como "Deadpool" tenham desconstruído o modo como nos acostumamos a enxergar criaturas superpoderosas, um herói é um herói e ele precisa inspirar confiança. Danny Rand, o Punho de Ferro, falha nessa missão não só com o público, mas com todos os personagens com os quais ele se relaciona. Do psicólogo que o atende num manicômio e "gostaria que Danny estivesse aberto para a possibilidade do alterego ser uma criação de sua mente" ao melhor amigo de infância que ao revê-lo diz: "Você é pior Punho de Ferro da história". Em uma das passagens mais hilárias da série, o vilão Harold Meachum manda seu assistente buscar no Google o que é o Punho de Ferro e diz que o apelido soa mais como nome de brinquedo sexual.

  • Reprodução/EntertainmentWeekly

    Suceder "Demolidor", "Jessica Jones" e "Luke Cage"

    Em última análise, o insucesso de "Punho de Ferro" é só uma consequência da qualidade imposta pela Netflix nas três séries que antecederam as aventuras de Danny Rand. Chega a ser injusto comparar, mas a maior diferença é que as outras atrações, além de oferecer ótimas sequências de ação, também provocaram inquietação nos espectadores. Matt Murdock, de "Demolidor", precisa enfrentar o próprio moralismo para se tornar o herói que quer ser. Jessica Jones se provou muito mais que uma série sobre uma heroína, abordando abusos físicos e psicológicos. Já Luke Cage discute questões raciais e desigualdade social dentro de um universo fictício que dialoga incrivelmente com a realidade. Soma-se a isso o fato de que os três primeiros heróis lutam pelo bem da comunidade. Enquanto isso no maravilhoso mundo místico de Punho de Ferro, Danny Rand não consegue se decidir entre salvar sua empresa, a namorada, a filha de um fabricante de drogas com quem ele nunca teve contato ou a própria pele.

  • Divulgação/Netflix

    Não ter um grande vilão

    Conquistar a confiança e a empatia do público teria sido bem mais fácil se Danny Rand tivesse um oponente poderoso para derrotar. Em vez de um grande antagonista, Punho de Ferro precisou combater o Tentáculo, uma organização sem rosto e que mais tarde se revelou ter várias vertentes. Ainda que a introdução dos líderes Madame Gao (Wai Ching Ho) e Bakuto (Ramon Rodriguez) tenha tentado preencher a lacuna, ninguém fez uma oposição consistente às ações de Rand, deixando que ele virasse apenas um herói sem causa.

  • Netflix/Divulgação

    Sabotar os bons coadjuvantes

    Pelo menos uma lição Punho de Ferro aprendeu com as outras séries da Marvel para a Netflix: cercar o protagonista de bons coadjuvantes. Não dá para negar que Colleen Wing (Jessica Henwick), Joy Meachum (Jessica Stroup) e Ward Meachum (Tom Pelphrey) são personagens interessantes e com muito potencial narrativo. Infelizmente, "Punho de Ferro" falhou em explorar essas histórias paralelas e destruiu os poucos traços de dualidade dos personagens com guinadas sem sentido.

  • Divulgação/Netflix

    Não explorar mais as cenas de luta

    Uma série cujo protagonista é um prodígio em artes marcias tinha apenas uma obrigação a cumprir com seus espectadores: entregar cenas de luta cinematográficas. Não foi o que aconteceu. A atração abusa dos planos fechados, cortes e grande parte das lutas acontece em corredores escuros ou ambientes fechados, recurso mais do que explorado em "Demolidor". O despreparo de Finn Jones também é evidente. Em entrevistas recentes, o ator contou que o curto cronograma de gravação não permitiu que ele fizesse muitas aulas de kung-fu, e que ele aprendeu grande parte dos movimentos das lutas 15 minutos antes de gravar as cenas.