"Globo afrontosa": 4 vezes em que a emissora "peitou" a concorrência
Do UOL, em São Paulo
23/01/2019 04h00
A expressão "Globo afrontosa" ganhou repercussão nas redes sociais na última semana, principalmente depois que a emissora líder de audiência criticou entrevistas realizadas por Record e RedeTV! com o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.
"Não foi perguntado ao senador em nenhuma das duas entrevistas, e por isso ele não respondeu, por que optou por fazer 48 depósitos de R$ 2 mil com diferença de minutos em cada operação em vez de depositar o total que recebeu em espécie de uma só vez na agência bancária onde tem conta", disseram Globo e Globo News ao longo de toda a programação.
A seguir, UOL relembra outras quatro vezes em que a Globo "peitou" a concorrência.
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O formato é nosso
O SBT lançou de forma secreta a "Casa dos Artistas", considerado o primeiro reality show de confinamento da TV brasileira, em 2001. A repercussão impulsionou a audiência da atração, com picos de 55 pontos, a maior da história da emissora. Incomodada, a Globo decidiu entrar na Justiça acusando o SBT de plágio do "BBB". Conseguiu uma liminar que impedia a exibição.
Caso o SBT descumprisse a determinação, teria de pagar uma multa de R$ 200 mil por dia. Silvio Santos acatou a decisão da Justiça. No horário do reality, ficou no ar, durante 15 minutos, um comunicado em que afirmava:
"Infelizmente não exibiremos hoje o programa 'Casa dos Artistas'. A TV Globo, através de liminar concedida pela Justiça, impede o SBT de exibir o programa. Esperamos que a justiça prevaleça em favor de você, telespectador, para que em breve possamos continuar levando até você um programa de qualidade, como o 'Casa dos Artistas'".
O programa voltou ao ar dois dias depois. -
Daqui ninguém me tira
No Campeonato Paulista de 2003, a TV Globo ignorou a determinação do Tribunal de Justiça e colocou a partida de estreia entre Santo André e Santos no ar, junto com o SBT. Houve tanto tumulto nos bastidores, a ponto de funcionários da Globo trancar os portões e impedir a entrada dos profissionais do SBT.
Por causa da disputa, a partida teve o seu início atrasado.
Marco Polo del Nero, que representava a Federação Paulista de Futebol naquela época, chegou a dizer que o jogo só continuaria se a Globo interrompesse a transmissão da partida. "Ela tem que respeitar a decisão da Justiça e deixar de exibir o jogo. Os direitos são do SBT. E exclusivos", gritou ele, irritado.
Não obteve êxito. A Globo bateu o pé e seguiu com a transmissão. -
Round - 1
O ano era de 1995. O "Jornal Nacional" veiculou uma série de reportagens contra a Igreja Universal e o líder, Edir Macedo. Em uma delas, Macedo aparece no vídeo dando "aula" a outros pastores sobre como conseguir mais dízimo dos fiéis. "Se quiser [dar o dízimo], bem. Se não quiser, que se dane. Ou dá ou desce."
Anos depois, Edir comentou sobre o vídeo em uma entrevista ao SBT e disse não se arrepender. "Ou você se entrega para Deus ou desce, vai para o inferno", justificou na entrevista a Roberto Cabrini. -
Round - 2
Ainda em 1995, a Globo exibia naquela ocasião a minissérie que ficou conhecida como "Decadência", escrita por Dias Gomes e inspirada livremente no livro homônimo do mesmo autor. A trama conta como um pastor evangélico enriquece à custa da exploração dos fiéis de sua igreja.
Algumas frases ditas por Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), em uma entrevista à revista "Veja" foram reproduzidas pelo pastor Mariel Batista (Edson Celulari), personagem principal do romance. Macedo não gostou e entrou com processo por danos morais contra a Globo e Dias Gomes.