Ilze, Gloria Maria, Neide Duarte: Elas têm mais de 60 anos e estão na ativa
Grandes repórteres mulheres ajudaram a construir o jornalismo televisivo no Brasil. Algumas estão à frente das câmeras desde os anos 1970, caso de Gloria Maria, primeira a fazer uma transmissão ao vivo na TV, em 1977, no "Jornal Nacional", ou Sandra Passarinho, a primeira correspondente estrangeira da Globo.
Jornalistas mulheres com mais de 50 anos na reportagem de TV são raras e o UOL lembra de ícones que continuam a exercer a função.
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Gloria Maria
Na Globo desde 1971, Gloria Maria passou por todos os grandes noticiários da emissora. Ela foi a primeira repórter a fazer uma transmissão ao vivo, no "Jornal Nacional", em 1977. Também foi pioneira, 30 anos depois, ao estar na primeira transmissão em tecnologia HD da TV brasileira.
No período em que integrou a equipe do JN fez grandes coberturas e chegou a virar desafeto de um presidente. O último mandatário da Ditadura, João Figueiredo, que governou entre 1979 e 1985, se irritou com uma pergunta dela em um evento.
"Onde eu chegava, dizia para a segurança: 'Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim'", contou a jornalista ao site Memória Globo.
Gloria ainda foi repórter do "Fantástico" na década de 1980 e foi apresentadora do dominical entre 1998 e 2007. No programa, viajou para cem países e também fez entrevistas marcantes com famosos internacionais como Michael Jackson, Leonardo DiCaprio e Madonna. Desde 2010, está no "Globo Repórter". -
Sandra Passarinho
Com apenas 24 anos, ela foi a primeira correspondente da Globo na Europa. Ela testemunhou a Revolução dos Cravos, em 1974, movimento pacífico que derrubou uma ditadura que durava mais de 40 anos em Portugal. No período em que permaneceu como correspondente, até 1985, fez diversas reportagens importantes, como o nascimento do primeiro bebê de proveta [inseminação artificial] do mundo em 1978, em Londres.
Quando voltou ao Brasil foi repórter do "Globo Repórter", "Jornal Nacional" e, aos 68 anos, ainda integra a equipe de reportagem da Globo no Rio. "Ser correspondente é acima de tudo dominar as múltiplas e novas tecnologias que vão surgindo tanto quanto correr atrás da notícia", disse Sandra, também em depoimento ao Memória Globo. -
Ilze Scamparini
Prestes a completar 60 anos, ela começou na Globo em 1984, no jornalismo local. Dois anos depois, ela já fazia parte da equipe do "Globo Repórter". Foi correspondente em Nova York, em 1991, e em Los Angeles, em 1997.
Antes, ainda no Brasil, Ilze se destacou pelo jeito descontraído, como na primeira edição do Rock in Rio, em 1985, quando surgiu na televisão de óculos escuros que formavam a palavra rock e glitter nos cabelos. No mesmo ano, participou da cobertura da internação e morte do presidente Tancredo Neves, primeiro não militar eleito indiretamente após a Ditadura.
Com ascendência italiana, sempre teve interesse na terra dos avós e inaugurou, em 1999, o posto de primeira correspondente em Roma, onde está até hoje. De lá para cá, fez grandes coberturas sobre o Vaticano, como a morte do papa João Paulo 2º, e a renúncia de Bento 16. Em 2013, quando o papa Francisco voltava da Jornada Mundial da Juventude no Rio, ela conseguiu fazer ao pontífice uma pergunta cuja resposta estampou jornais em todo o mundo.
"Como Sua Santidade pretende enfrentar a questão do lobby gay dentro do Vaticano?", questionou Ilze. "Se uma pessoa é gay, procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgá-la?", respondeu o papa. -
Neide Duarte
A repórter começou no jornalismo impresso, com passagens pela "Folha de S.Paulo" e o "Diário Popular". Ela entrou na Globo paulista em 1980 e, além de passar pelos regionais da emissora, foi repórter no "Jornal Nacional", "Globo Rural", "Fantástico" e "Globo Repórter".
Durante os anos 1990 passou pelo SBT, como repórter especial, e foi para a TV Cultura em 1997. Lá dirigiu e apresentou o "Caminhos e Parcerias", programa que conquistou prêmios, entre eles o Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
Em 2005, ela retornou à Globo, sempre como repórter especial e um texto impecável. "Vou me atirar para tentar fazer alguma coisa de diferente e interessante e que eu possa dizer alguma coisa para as pessoas. Porque se não for isso não vale a pena", afirmou a repórter, também em depoimento ao "Memória Globo". -
Leda Nagle
A jornalista ficou famosa pelo seu estilo de entrevista, mais informal e leve. Além de apresentar o "Jornal Hoje" por 13 anos, ela também fazia as entrevistas com nomes da cultura nacional do vespertino. Pelo sofá de Leda passaram nomes como Milton Nascimento, Fernanda Montenegro, Chico Buarque e até Carlos Drummond de Andrade -no caso dele, a jornalista foi até o poeta.
Depois de sair do JH, atuou em outros locais da Globo no Rio até sair da emissora. Na década de 1990, passou pelo SBT e pela extinta TV Manchete até assumir o "Sem Censura", na TV Brasil, em 1996. À frente do programa, Leda ficou por 21 anos. Mesmo sendo um canal fechado e de pouca visibilidade, a jornalista conseguia entrevistados de peso. Após sua demissão da "TV Brasil" em 2016, Leda lançou seu canal de entrevistas no YouTube onde, aos 67 anos, segue fazendo boas entrevistas. -
Isabela Scalabrini
Foi uma das primeiras mulheres a trabalhar na cobertura esportiva no Brasil. Ela entrou na Globo em 1979 e participou de grandes coberturas, como a dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, e na Fórmula 1 ainda na geração de Ayrton Senna. Em 1994, migrou para o jornalismo diário e esteve em momentos importantes como o lançamento do Plano Real, quando fazia reportagens explicando à população a transição para a nova moeda.
No início dos anos 2000, foi para a Globo em Belo Horizonte, onde segue até hoje, aos 61 anos. Em 2014, matou saudades de seu tempo no esporte cobrindo os jogos da Copa do Mundo no Mineirão.
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