O dia em que impressionei Erick Jacquin com um omelete: "Parece um tijolo"
Do UOL, em São Paulo
20/03/2019 04h00
Tensão, correria e a sensação de dever não cumprido. Por algumas horas, fui um dos cozinheiros amadores do "MasterChef Brasil", que estreia sua 10ª temporada no próximo domingo (24), às 20h, em uma ação promovida pela Band apenas com jornalistas.
Ao lado de mais dezenove colegas, fomos divididos por sorteio em dez duplas e vivenciamos todas as emoções dos participantes do programa: da contagem regressiva da Ana Paula Padrão ao julgamento de Erick Jacquin, Henrique Fogaça e Paola Carosella.
Com a experiência de quem lê instruções no pacote de macarrão instantâneo, fui parar no estúdio de culinária mais famoso do país. Se fui bem-sucedido? Digamos que os chefs ficaram bem impressionados...
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Imagem: Divulgação Imagem: Divulgação Um ET no "MasterChef"
Apaixonado que sou por televisão e reality show, não negaria um convite para o "MasterChef", mas precisei de coragem. Sou o espectador típico do reality: estou desde o primeiro dia sentado no sofá em frente à TV, mas louvo a Deus pelos aplicativos de delivery quando bate a fome.
Vibrei pela vitória da Elisa, lamentei a eliminação da Jiang e não simpatizava com a campeã Maria Antonia. Mas a coisa muda de figura quando você passa de telespectador a participante. E foi por isso que aceitei o desafio, ainda que me parecesse meio absurdo.
A sensação até melhorou um pouco ao conversar com outros colegas, mas à espera da explicação da prova ouvi do jornalista ao meu lado que ele gostava mesmo era de fazer camarão à provençal. Meu mundo de esperanças desabou ali.
Isso me fez pensar nos participantes reais, que medem a própria experiência com seus rivais. O programa é acima de tudo um jogo e a comparação acaba sendo inevitável. -
Imagem: Divulgação / Band Imagem: Divulgação / Band "Menos é mais"
A prova escolhida pela produção não poderia ser mais clássica: a caixa misteriosa. O que encontraríamos na nossa frente? E se aparecem os tais camarões? Dá vontade de pedir desculpas e sair correndo, mas teria que me explicar não só com os colegas, mas também com a redação. Melhor enfrentar.
Com todos os jornalistas perfilados e já sabendo as respectivas duplas, Jacquin nos ensinou a fazer uma omelete francesa. Simples, certo? Três ovos, sal, cebolinha... Bater tudo e levar para a frigideira. Não tinha como dar errado.
A caixa de ingredientes é abundante, tem de tudo um pouco - para os mais ousados ou tradicionais -, mas eu e minha parceira abraçamos a máxima repetida à exaustão pelos chefs: "Menos é mais". -
"Para tudo!"
Se eu tive uma sorte na minha dura vida de "MasterChef" com certeza foi ter dividido a bancada com a generosa Marina Oliveira, jornalista do site PropMark. Ela está anos luz à minha frente em habilidades culinárias e me deixou com as tarefas mais simples, como ralar o queijo e mexer a frigideira no cooktop de indução até que o omelete ficasse no ponto.
O tempo de prova, de 30 minutos, parecia mais do que suficiente, mas o primeiro aviso de Ana Paula Padrão assusta: "Cinco minutos!" A sensação dos participantes de que o tempo voa é real e temos que administrá-lo a nosso favor para não entregar um prato frio e tampouco deixar de concluir a prova.
Acabamos fazendo dois omeletes, sendo o primeiro como experiência e o segundo para ser degustado pelos chefs. Terminamos faltando ainda alguns minutos para a "apresentação" do prato. "Para tudo!", ordena Ana Paula e, como cozinheiros disciplinados, levantamos os braços e só confiamos. -
Imagem: Divulgação Imagem: Divulgação "Parece um tijolo"
A hora de servir Paola, Fogaça e Jacquin é como parece no programa: um momento de orgulho, mas também tenso e angustiante. Será que eles vão gostar? E se ficou uma porcaria?
No primeiro contato nos perguntaram sobre o nosso criativo empratamento. Para tornar o prato mais atraente, dispusemos uma salsinha com um leve um toque de azeite. "Está na moda", justificou minha colega. Mas o que os chefs acharam após a primeira garfada?
"Não está tão terrível, está passado só", tranquilizou Paola, após provar o omelete ligeiramente tostado. Com a irreverência de sempre, Jacquin, no entanto, nos fuzilou: "Vocês querem matar a gente? Parece um tijolo!". Já para Fogaça, nossa refeição estava mais para uma omelete brasileira mesmo.
É claro que todos rimos e voltamos aos nossos lugares, mas para um participante seria como o despedaçar de um sonho. Deu para imaginar um pouco a frustração -- e mesmo sentir empatia pelos cozinheiros que, a despeito das avaliações técnicas dos chefs, estão à mercê dos cruéis juízes da internet.