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O que é verdade e o que é ficção sobre a realeza britânica em "The Crown"?

Do UOL, em São Paulo

27/11/2016 07h00

"The Crown", série da Netflix sobre os primeiros anos de reinado da rainha Elizabeth 2ª, investiu pesado para retratar fielmente a vida da monarca (cerca de 100 milhões de libras).

Mas nem tudo aconteceu exatamente da forma como foi mostrada na série. Confira na lista abaixo o que é verdade e o que é ficção: 

Verdadeiro ou falso?

  • Imagem: Divulgação
    Imagem: Divulgação

    Verdade: A briga da rainha e do príncipe Phillip pelo nome dos filhos

    "The Crown" acertou ao retratar o problema que a coroa trouxe para a família de Elizabeth 2ª e Phillip. O tio de Phillip, o Lorde Mountbatten, comemorou que seu sobrenome seria agora o mesmo da família real, uma vez que a tradição era que a mulher adotasse o nome do marido. Isso chegou aos ouvidos da Rainha Mary, a avó de Elizabeth, que por sua vez procurou o primeiro ministro Winston Churchill para impedir a mudança, que acabaria com a tradicional Casa de Windsor.

    Aconselhada por Churchill, a rainha anunciou publicamente que ela e seus filhos usariam o nome Windsor. Mas Phillip não gostou nada. Segundo o biógrafo Gyles Brandeth, ele reclamou: "Eu não passo de uma maldita ameba. Eu sou o único homem no país que não pode dar seu nome aos próprios filhos".

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    Imagem: Reprodução

    Provavelmente falso: a recusa do Phillip em se ajoelhar perante Elizabeth

    Na série, Phillip surge disposto a quebrar o protocolo e não se ajoelhar perante a mulher durante sua coroação, em 1953. Mas esse ponto é controverso, e muitos autores argumentam que o príncipe sabia o que esperar e não se recusaria a ajoelhar, já que ele era príncipe da Grécia e da Dinamarca antes de se casar. O especialista em constituição britânica Cristopher Wilson disse ao "Daily Mail": "Eu duvido que o príncipe Phillip tenha dito essas palavras para sua mulher, porque ele veio de uma casa real que tinha pego muito de seus rituais e protocolos da família real britânica. Ele sabia o que era esperado dele em público, e estava preparado para seguir aquilo".

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    Imagem: Reprodução

    Verdadeiro, mas mais dramatizado: O grande nevoeiro de 1952

    O nevoeiro tóxico que apareceu em Londres em dezembro de 1952 realmente existiu, mas suas repercussões ganharam contornos mais dramáticos na série. De fato, o nevoeiro resultou na morte de muitas pessoas -- números recentes falam em 12 mil óbitos -- e complicou a vida em Londres por dias, levando à paralisação total do transporte público da cidade e de serviços importantes, como o das ambulâncias. Porém, não havia o estado de calamidade mostrado na trama. De acordo com a revista britânica "Radio Times", médicos que presenciaram o ocorrido afirmaram que a dimensão da tragédia só foi sentida após a névoa se dissipar, quando saíram os primeiros números de mortos.

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    Falso: A secretária de Churchill e sua morte

    Na série, Winston Churchill tem uma secretária chamada Venetia Scott (Kate Phillips), que ganha grande espaço na trama antes de morrer atropelada por um ônibus durante o Grande Nevoeiro de 1952. Porém, ela não existiu e teria sido improvável que ela morresse atropelada por um ônibus, já que o transporte público foi paralisado por conta do nevoeiro.

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    Verdadeiro: os apelidos maldosos que o tio de Elizabeth dava à família

    O Duke de Windsor, que era tio de Elizabeth e o rei Edward antes de abdicar ao trono, realmente dava apelidos maldosos para a família real -- com quem tinha problemas já que eles não aceitavam seu casamento com a divorciada americana Wallis Simpson. A rainha Elizabeth 2ª era Shirley Temple, a Rainha Mãe era chamada de Cookie e Churchill, de "bebê chorão".

    Os apelidos se tornaram públicos em 1988, quando um jornal britânico publicou cartas trocadas entre ele e a mulher.

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    Imagem: Divulgação

    Verdadeiro: O romance da princesa Margaret com o assistente de seu pai

    O affair realmente ocorreu -- e foi retratado fielmente na série. Margaret e o capitão Peter Townsend, que era casado e tinha dois filhos, começaram um romance enquanto ele trabalhava para o rei George, mas mantiveram o caso em discrição. Só na coroação de Elizabeth 2ª é que a imprensa e o público tiveram um relance do relacionamento, quando a princesa arrumou o terno do amado.

    Porém, por mais que Townsend fosse benquisto pela família real, havia muitos obstáculos para a união dos dois, já que ele era divorciado, o que era tabu na época. Ainda era fresca na memória do público a abdicação do rei Edward, que deixou o cargo para poder se casar com a norte-americana Wallis Simpson, duas vezes divorciada. E não soaria nada bem que a irmã da Chefe da Igreja da Inglaterra, que proibia o casamento de pessoas divorciadas, seguisse esse caminho.

    De fato, a rainha buscou caminhos para Margaret poder se casar, mas enfrentou a resistência do governo. Townsend deixou o país por dois anos e retornou em 1955. Assim como na série, a princesa foi informada de que, caso seguisse adiante com o casamento, teria que desistir de seus títulos reais e deixar a Inglaterra. Mais tarde, ela divulgou um comunicado, escrito por Townsend, no qual informava ao público sobre sua decisão de não prosseguir com o noivado.

    Em 1978, Townsend divulgou sua autobiografia, "Time and Chance", na qual refletiu sobre o fim do romance: "Ela poderia ter se casado comigo apenas se estivesse preparada para desistir de tudo -- sua posição, seu prestígio, sua riqueza. Eu simplesmente não tinha o peso, eu sabia, para contrabalançar tudo o que ela teria perdido". Margaret depois se casou com o fotógrafo Anthony Armstrong-Jones, de quem viria a se divorciar em 1978.

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