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Verdade ou ficção? Saiba o que é fato em "The People vs O.J. Simpson"

Do UOL, em São Paulo

27/02/2017 04h00

Grande destaque do Emmy e do Globo de Ouro, a minissérie "American Crime Story: The People vs O.J. Simpson", recém-chegada à Netflix, faz uma imersão em um dos mais célebres julgamentos dos Estados Unidos: o do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson, acusado de matar a ex-mulher Nicole Brown e o amigo dela, Ron Goldman, em 1994.

Criada por Ryan Murphy ("American Horror Story"), a série foi baseada em um material confiável: o livro "O Povo Contra O.J. Simpson", escrito por Jeffrey Toobin, jornalista que cobriu o caso para a revista "The New Yorker" -- e que, inclusive, ganha uma versão ficcional na produção. Até a promotora que processou Simpson, Marcia Clark, veio a público para dizer que a experiência de acompanhar a trama era "dolorosa", tão próxima à realidade que era. 

Porém, nem tudo na série é 100% verdadeiro. Separamos abaixo alguns momentos chocantes dela para avaliar se eles são verdadeiros ou uma licença poética dos roteiristas. 

  • Divulgação/FX

    A ameaça de suicídio no quarto de Kim Kardashian

    Na série, antes da infame perseguição por uma rodovida de Los Angeles, O.J. tem um momento de surto e, com uma arma, ameaça se matar na casa do amigo Robert Kardashian que, para dissuadi-lo, diz que aquele é o quarto de Kim. E aconteceu exatamente assim -- só não sabemos se o quarto era mesmo de Kim ou de alguma de suas irmãs. Em 1996, o advogado relembrou o incidente em uma entrevista: "Eu disse: 'O.J., eu nunca mais poderia entrar neste quarto e minha filha não poderia dormir nessa cama.'"

  • Divulgação/FX

    A perseguição

    De fato, Simpson fugiu com o amigo Al Cowlings, e ambos passaram horas rodando Los Angeles a bordo do Bronco branco, enquanto o ex-atleta ainda considerava o suicídio. No caminho, muitas pessoas manifestaram apoio a Simpson, que mais tarde retornou para sua residência e, depois de ficar mais de uma hora ao telefone com um dos detetives do caso, se entregou. A perseguição foi transmitida pelas principais redes americanas ao vivo e no Brasil foi tema de uma reportagem no "Jornal Nacional".

  • Divulgação/FX

    A prova das luvas

    Um dos momentos mais decisivos do julgamento de O.J. Simpson realmente foi ideia do promotor Chris Darden -- e Marcia Clark foi contra. Mas o que foi revelado recentemente, pelo documentário "O.J.: Made in America", é que as luvas tinham um motivo para não servir, além do fato de o réu estar usando um par feito de borracha no julgamento para não contaminar a prova do crime. Segundo o ex-agente de Simpson, Mike Gilbert, ele havia parado de tomar seus remédios para artrite duas semanas antes, o que deixou suas mãos inchadas.

  • Reprodução/FX

    Sermão nos pequenos Kardashians

    Para quem acompanha as peripécias da família Kardashian nas redes sociais, é quase impossível não se divertir com o sermão que Robert Kardashian dá durante um almoço de Dia dos Pais aos filhos, impressionados pelo fato de terem cortado a fila em um restaurante lotado por conta da fama repentina do pai. "Nesta família, ser uma boa pessoa e um amigo leal é mais importante do que ser famoso", diz ele.

    Mas o momento é pura ficção. "Foi uma situação ficcional criada pelos roteiristas, mas era importante para nós e para ele mostrar o que estava acontecendo com Robert", disse ao E! Online o ator David Schwimmer. "A meta é humanizar todos esses personagens. E, para o meu, parte da jornada era estar em frente às cameras pela primeira vez. Ele era uma pessoa modesta, reservada. Não uma pessoa pública. Então, o relacionamento dele com a fama era algo que queríamos explorar."

  • Reprodução/Fx

    O flerte entre Marcia Clark e Chris Darden

    O envolvimento entre os dois promotores tornou-se alvo de tantas especulações quanto o julgamento de OJ nos Estados Unidos. E permanece um mistério até hoje. Em setembro de 2016, Darden afirmou à imprensa americana que ele e Marcia Clark eram "mais do que amigos", mas nunca haviam se beijado. As cenas que retratam os dois dançando no escritório, porém, tem um fundo de verdade. Ele escreveu no seu livro sobre o caso, lançado em 1996, que os dois "dançaram algumas vezes e beberam algumas garrafas de vinho".

  • Reprodução/FX

    O machismo enfrentado por Marcia Clark

    Parece ruim demais para não ser ficção, mas tudo o que foi mostrado na série realmente aconteceu com a promotora. Vamos por partes:

    1 -- Os cabelos: a permanente que Clark ostentava em seus cabelos rendeu várias críticas -- o que piorou quando ela resolveu cortar as madeixas. Os eventos, porém, não aconteceram na velocidade da série. Em entrevista ao site "Vulture", Marcia contou que cortou os cabelos antes das declarações iniciais, após ser aconselhada pelo assessor de imprensa da promotoria. Após as fortes críticas da imprensa, ela acabou alisando o cabelo, mas diz que a opção não teve a ver com as reações negativas: "Minha permanente ficou sem forma e eu não tinha tempo para fazê-la de novo".

    2 -- Os problemas com os filhos: de fato, Marcia passava por um divórcio atribulado na época, e seu ex-marido, que disputava a guarda das crianças, chegou a falar sobre o assunto com a imprensa. Além disso, o advogado de defesa Johnnie Cochran, realmente zombou dos problemas da promotora -- e levou uma bela resposta na corte. "Estou ofendida enquanto mulher, enquanto mãe solteira, enquanto promotora e enquanto uma autoridade neste tribunal", disse ela na época, de acordo com o jornal "L.A. Times".

    3 -- As fotos de topless: sim, o tabloide "National Enquirer" divulgou fotos da promotora com os seios nus em uma viagem de férias com seu primeiro marido. Mas a história por trás do ocorrido é ainda pior do que o mostrado na série. Quem vendeu as fotos foi, na verdade, sua ex-sogra, Clara Horowitz. E o intermediário tinha ligações com a defesa de Simpson. "Depois eu descobri que um detetive particular, esperando cair nas graças com o Time dos Sonhos, a havia encontrado em Israel e a pôs em contato com o 'Enquirer'", contou a promotora em sua autobiografia.