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"Espero que não haja um Frank na realidade", diz ator de "House of Cards"

Nerea González.

Argentina, Buenos Aires

21/03/2016 17h35

Quatro anos após se tornar o primeiro grande sucesso da Netflix, "House of Cards" se mantém em alta graças a um jogo de provocação e paralelismo com a política real que surpreende até os protagonistas da série, como reconheceu Michael Kelly, que interpreta Doug Stamper, em entrevista à Agência Efe.

"Espero que não haja um Frank Underwood na política real, daria medo", brincou Kelly, em referência ao ambicioso personagem do colega Kevin Spacey, durante uma visita a Buenos Aires para promover a série.

A estreia da quarta temporada, no dia 4 de março, com todos os capítulos disponíveis ao mesmo tempo no mundo todo através da plataforma digital, era um dos momentos mais aguardados do ano pelos fãs de seriados.

Paralelamente às primárias americanas mais surpreendentes dos últimos anos, o ambicioso e implacável casal Underwood também tenta se manter na Casa Branca e, para alcançar seus objetivos, não hesita em utilizar estratégias maquiavélicas.

Junto a eles, o fiel e instável Doug Stamper, chefe de gabinete de Frank Underwood, se encarrega de esconder a sujeira, extorquir e e calar pessoas quando necessário.

"Doug não é um mau, também não é apenas um soldado, é um homem complicado que fez algumas coisas ruins. Mas não acredito que seja uma má pessoa. Eu o entendo, acho. Não faria o que ele faz, mas entendo", explicou Kelly sobre o complexo personagem vivido na série.

Para o ator, de 47 anos e natural da Filadélfia, a quarta temporada está "definitivamente" entre suas favoritas por ter histórias mais "loucas" e mais emoção que a anterior.

"A terceira temporada é inspirada no que acontece quando você vê os personagens falharem e a quarta é um jeito de voltar a se levantar", classificou.

Embora Kelly brinque com a possibilidade de que os corredores e salas onde ocorre a política "de verdade" escondem segredos tão obscuros como os de "House of Cards", ainda se diz assustado quando os roteiros predizem coisas que acontecem na vida real posteriormente.

"O fato de algumas coisas ocorrerem na vida real sempre me deixa alucinado. As primárias inevitavelmente ocorreriam, assim como na política real, mas a questão do KKK (Ku Klux Klan) não era obrigatória na série e depois ocorreu em nossa política", disse sobre um dos temas que afetam a campanha do protagonista, algo parecido com o que ocorreu com o pré-candidato republicano Donald Trump, apoiado publicamente pelo ex-líder do grupo de extrema direita.

Em sua estadia em Buenos Aires, o chefe de gabinete de Frank Underwood reforçou a relação bilateral com a Argentina com uma visita à Casa Rosada, sede da presidência do país.

"Senhor Presidente, sou Doug Stamper. Obrigado por me receber na Casa Rosada. Vim garantir que tudo esteja em ordem. Caso eu possa ajudar, por favor, me deixe saber", disse Kelly em mensagem em vídeo compartilhada pelo chefe de Estado argentino, Mauricio Macri, no Facebook.

"House of Cards" colocou a Netflix à altura dos canais a cabo americanos em termos de qualidade de produção de ficção televisiva e revolucionou os padrões de consumo.

"O melhor é o alcance. A Netflix está no mundo todo agora, então acho genial que seja vista na China, na Argentina, no Chile e em todas partes. Nem todas as séries que fazemos nos Estados Unidos podem ser vistas no mundo inteiro", concluiu o ator.