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"Vida de Escobar é como uma peça de Shakespeare", afirma ator de "Narcos"

02/09/2016 17h10

O cerco se fecha e Pablo Escobar está com os dias contados. A segunda temporada de "Narcos" descreve a queda do todo-poderoso narcotraficante colombiano e o ator chileno Pedro Pascal, um dos protagonistas da série, comparou a história do criminoso com as grandes obras do teatro.

"Realmente a história de Escobar é como uma peça de Shakespeare ou do teatro grego. É o conto do rei da indústria da cocaína, um dos homens mais ricos do mundo, que tem uma queda muito rápida", comentou Pascal em entrevista à Agência Efe por telefone. "É realmente incrível ver o que aconteceu, uma queda com essa velocidade", acrescentou.

"Narcos" estreou nesta sexta-feira sua segunda temporada na plataforma de conteúdos digitais Netflix e, se os primeiros dez episódios narraram os anos de ascensão do narcotraficante e seu reinado implacável, estes novos capítulos mostrarão sua vertiginosa queda, sua crescente vulnerabilidade em questão de meses e, finalmente, sua morte sobre os telhados de Medellín.

Rodada na Colômbia com ambiciosos meios de produção, "Narcos" continua com seu elenco liderado pelo brasileiro Wagner Moura, muito elogiado por sua interpretação de Escobar, ao lado de Pascal e Boyd Holbrook, como os agentes da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA).

O ponto central da segunda temporada, que foi o chamariz de sua bem-sucedida campanha de publicidade, é a morte de Escobar, um fato que, segundo Pascal, a série mostrará "da maneira mais autêntica" possível e sem "interpretar" o fato.

O ator, conhecido por sua participação em "Game of Thrones" e que contracenou com Matt Damon no filme "A Grande Muralha", elogiou sem reservas o trabalho de Moura ao dar vida a Escobar.

"Se ele está simplesmente sentado em um quarto em frente a uma câmera, você já para e presta atenção", resumiu Pascal, que acrescentou que o brasileiro aborda a faceta de vilão do personagem, mas também sabe mostrá-lo como um ser humano.

Assim como na primeira temporada, "Narcos" não só pretende retratar o mundo do narcotráfico, mas também um esboço das redes de corrupção política e judicial, a situação social da Colômbia e as ingerências de outros países, como os Estados Unidos através da DEA e da CIA.

E nesse frondoso panorama pode haver figuras malvadas e obscuras como Escobar, mas não está claro que seus inimigos sempre sejam os mocinhos da história.

"Acredito que ver as coisas em preto e branco não faz sentido. Acho que a realidade de nossa vida e do mundo é que não há só uma maneira moralista de fazer as coisas", refletiu Pascal sobre a tendência de seu personagem, o agente Javier Peña, a caminhar às cegas sobre a corda bamba entre o justo e o legal.

Os rumores sobre uma eventual terceira temporada, já com Escobar evidentemente fora do tabuleiro, não deixaram de soar e Pascal não fecha a porta para essa possibilidade ampliando a óptica do show.

"O interessante da série é que o foco das duas temporadas com Escobar é como o primeiro capítulo do mundo do narcotráfico (...). Mas a história não termina com Escobar. A indústria segue (na atualidade) e, de certa maneira, cresce", considerou Pascal.

"Portanto há uma infinidade de histórias para contar e, afinal de contas, a série se chama 'Narcos'. Há muitas oportunidades para que a série possa continuar", concluiu.