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"Big Little Lies", a aposta da HBO no universo feminino

Antonio Martín Guirado

Em Los Angeles (EUA)

16/02/2017 10h32

À espera da nova temporada de "Game of Thrones" e após o sucesso de "Westworld", a HBO estreia neste fim de semana "Big Little Lies", sua aposta no universo feminino, protagonizado pelas ganhadoras do Oscar Nicole Kidman e Reese Witherspoon.

"Big Little Lies", uma minissérie de sete capítulos dirigida por Jean-Marc Vallée ("Clube de Compras Dallas", "Livre"), conta com um roteiro escrito por David E. Kelley ("Picket Fences", "L.A. Law", "Ally McBeal") e um elenco no qual também aparecem Shailene Woodley, Laura Dern e Zoe Kravitz.

Trata-se de um drama sobre cinco mães que vivem na cidade elitista e litorânea de Monterrey (Califórnia), cujos filhos, entre seis e sete anos, são colegas de escola e cujas vidas são afetadas por um assassinato sem solução.

Nada é o que parece nesta história sobre mães exemplares, maridos bem-sucedidos, filhos adoráveis e lares imaculados, já que logo se descobre a rede de mentiras que se tece para manter intacto esse aparente mundo perfeito dentro de uma comunidade onde reinam as fofocas, os segredos e as traições.

"Na primeira vez em que li o roteiro, pensei que era elétrico", admitiu Reese Witherspon em uma recente entrevista em Los Angeles.

"A narrativa era poderosa e misteriosa, com um assassinato no começo. E me fascinaram as dinâmicas paternais. Os diálogos são como os que vejo nas escolas na vida real. Depois se abre passagem a uma paisagem densa e complexa que explora a experiência maternal e a amizade entre mulheres. Isso me atraiu muito", acrescentou a ganhadora do Oscar de melhor atriz por "Johnny & June".

Tanto Reese, que encarna uma mulher cheia de energia e boas intenções, como Nicole Kidman, que dá vida a uma mãe de gêmeos pela qual todos suspiram, são produtoras executivas da minissérie.

"É raro encontrar um projeto com personagens femininos tão bons. Imagine cinco! A história se encaixava perfeitamente no formato de uma minissérie. Foi um desafio empolgante. Fiquei surpresa com a complexidade e verdade transmitida pelas mulheres da história", comentou Nicole, ganhadora do Oscar por "As Horas".

Baseada no livro best-seller homônimo de Liane Moriarty, a aposta da HBO explora assuntos sensíveis, como os abusos escolares, a violência doméstica, a maternidade, o divórcio e as diferenças entre classes sociais.

"Certamente é entretenimento, mas também queríamos fazer pensar e criar uma discussão entre os espectadores", destacou Nicole, para quem o formato lança uma mensagem sobre a força da amizade e a união feminina.

É o caso das duas atrizes, que decidiram se unir para realizar este projeto.

"Esta história nos apaixona. Sabemos que as correntes e as conversas no cinema e na televisão estão mudando e que os espectadores exigem conteúdos diferentes porque querem se ver refletidos. Não anseiam pela versão idílica de si próprios. Pedem realidade", declarou Reese.

As duas sabiam desde o início que a HBO seria o lar ideal para o projeto, já que queriam proteger sua integridade artística, da mesma forma que a do diretor, com quem Reese trabalhou em "Livre".

Ambas viram certas semelhanças na história com suas experiências reais em Hollywood, onde, especialmente no começo de suas carreiras, foram julgadas duramente por sua aparência.

"Isso te faz maior e, consequentemente, mais impermeável, embora continue sendo muito vulnerável, especialmente com amigos íntimos", disse Reese. "Mas quando se chega aos 40 tudo dá no mesmo. Sou assim e não vou mudar para fazer ninguém feliz", completou.

Por sua vez, Nicole considerou fundamental educar seus filhos sob a noção de que nunca devem julgar ninguém.

"Acho que é preciso pôr bondade e empatia neste mundo, e isso se consegue viajando, permitindo que haja muitas culturas ao redor e absorvendo-nas. É preciso ser generoso e ter a mente aberta", concluiu.