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"A Fazenda 8" tem missão de estancar fuga de público

Mara Maravilha, Amaral e Rayanne Morais são os três primeiros confirmados em "A Fazenda 8", pela Record - Manurela Scarpa/Photo Rio News/Bruno Poletti/Folhapress/Gil Rodrigues/PhotoRioNews
Mara Maravilha, Amaral e Rayanne Morais são os três primeiros confirmados em "A Fazenda 8", pela Record Imagem: Manurela Scarpa/Photo Rio News/Bruno Poletti/Folhapress/Gil Rodrigues/PhotoRioNews

Colunista do UOL

23/09/2015 15h21

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A oitava edição do reality show "A Fazenda" estreia nesta quarta-feira (23) com a missão difícil e ingrata de tentar interromper a queda de audiência que ocorre quase que ininterruptamente desde sua estreia, em 2009 (veja os números ano a ano, no final deste texto).

Da primeira edição para a última, o reality da Record já perdeu cerca de 40% em audiência em pontos de ibope. Em participação em TVs ligadas (share), na média, o programa caiu de 23,1% para 15,6%.

Mesmo os picos de ibope tiveram queda relevante desde 2009: a primeira "A Fazenda" teve um pico de 31 pontos; a última, de apenas 15.

A dificuldade da missão se deve talvez pelo próprio formato escolhido. Embora seja interessante confinar pessoas em uma propriedade semirrural, convivendo com vacas e patos (ownnn! patos! <3), a Record optou em colocar como protagonistas do seu reality, mais uma vez, apenas subcelebridades.

17.set.2015 - Roberto Justus fala sobre a oitava edição de "A Fazenda", que será apresentada por ele, durante evento da Record - Manuela Scarpa/Photo Rio News - Manuela Scarpa/Photo Rio News
Roberto Justus é o novo apresentador da "Fazenda"
Imagem: Manuela Scarpa/Photo Rio News


São pessoas que, embora tenham sido famosas por alguns 15 minutos no passado, são pouco conhecidas do grande público ou têm pouco apelo noticioso hoje em dia. Quase sempre têm pouco estofo cultural também (com todo respeito).

Ok, a emissora parece estar fazendo uma opção intencional baseada no suposto gosto e interesse da classe C; além disso, sua produção, provas e cenário não são tão exagerados (e caros) como os do "BBB", da Globo.

Fica a pergunta: não seria mais interessante, em vez de chamar subcelebridades já há muito fora da mídia --gente como Mara Maravilha e o volante Amaral (ex-Palmeiras), entre outros--, criar muito mais burburinho nacional abrindo a competição para anônimos?

Todo mundo sabe que há anos a Globo atrai milhões de interessados anônimos que sonham participar do "BBB".

São realmente milhões de candidatos que enviam seus testes para a emissora, criando um enorme movimento em mídias sociais e na imprensa. O "BBB" é um fenômeno social, queiram ou não, independentemente da qualidade do programa.

Pois "A Fazenda" abre mão desse valioso expediente. Caso não o fizesse, provavelmente atrairia muito público interessado em ver o programa, pensando: "Mas foi esse sujeito que roubou a minha vaga?", "ora, eu era muito mais interessante que essa fulana"... e outros pensamentos egoicos.

Afinal, tanto "Fazenda" como "BBB" são programas que oferecem um pedestal ao vivo em rede nacional para egos inflamados e desejosos de fama.

Parte da direção da Record, no entanto, acredita que convidar anônimos não é interessante. Essas opiniões se baseiam no fraquíssimo resultado da edição "A Fazenda de Verão", em 2013, com anônimos e apresentada por Rodrigo Faro.

Sim, essa edição temporã mal passou dos sete pontos de ibope e foi considerada um fracasso.

Mas, além dos vários motivos para tal fracasso elencados à época pelo colunista Maurício Stycer, do UOL, ficou a sensação de que o telespectador estava sofrendo uma overdose de realities na TV naquele ano --inclusive da edição standard e "subcelebritina" na Record.

A segunda missão desta oitava edição, e mais difícil ainda, ficará a cargo de Roberto Justus. O apresentador e empresário nunca teve um perfil popular e tampouco parece sintonizado com o povo simples. Ao contrário de Britto Jr.

Acontece que "A Fazenda" decididamente é um programa que atrai muito mais a chamada classe C.

Além disso, Justus terá de vencer o tabu que o acompanha desde 2012, quando voltou para a Record: nunca ter feito um programa que atingisse a vice-liderança.

Saberemos a partir dessa noite se a manutenção da aposta da Record nas subcelebridades pode reverter os últimos anos de fuga de público.

Veja a caminhada de "A Fazenda" no ibope

1ª edição (2009) - 14,6 pontos; 23,1% de share; pico de 31 pontos

2ª edição (2009/2010) - 10,2 pontos; 17,6% de share; pico de 24 pontos

3ª edição (2010) - 14,6 pontos; 27,4% de share; pico de 23 pontos

4ª edição (2011) - 11,4 pontos; 22,2% de share; pico de 19 pontos

5ª edição (2012) - 10,9 pontos; 19,4% de share; pico de 24 pontos

6ª edição (2013) - 9,1 pontos; 19,2% de share; pico de 19 pontos

7ª edição (2014) - 9,0 pontos; 15,6% de share; pico de 15 pontos