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Ricardo Feltrin

Em reality na Record, Xuxa reduz o próprio ego e aceita ser coadjuvante

Xuxa posa com Sergio Marone, repórter do "Dancing Brasil", e as 14 duplas participantes do reality - Anderson Borde/AgNews
Xuxa posa com Sergio Marone, repórter do "Dancing Brasil", e as 14 duplas participantes do reality Imagem: Anderson Borde/AgNews

Colunista do UOL

03/04/2017 09h25Atualizada em 03/04/2017 09h25

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Uma curiosidade sobre o reality “Dancing Brasil”, que estreia hoje à noite na Record, é que será um dos poucos programas na carreira de Xuxa que não traz o nome dela no título.

Parece pouco, mas é fato raro nos cerca de 30 anos de Xuxa na TV: ela sempre exigiu ser a marca registrada nas atrações sob seu comando.

Vamos lembrar alguns: “Xou da Xuxa”, “Xuxa Park” (Espanha), “Xuxa”, “Xuxa Hits”, “Planeta Xuxa”, “Xuxa no Mundo da Imaginação”, “Xuxa Só Para Baixinhos” (Argentina); “Conexão Xuxa”, “TV Xuxa”. “Mundo da Xuxa” (Globo Internacional), “Xuxa Meneghel” (Record)... ufa...

Dessa vez, não. Xuxa não só aceitou comandar um programa já estabelecido como também demonstra estar disposta a colaborar e a reduzir o espaço de seu próprio ego, a olhar menos para o próprio umbigo artístico.

Na última terça-feira, em evento num megagalpão nos estúdios da Record no Rio, onde será rodado o reality (será quase todo ao vivo), uma Maria da Graça Xuxa Meneghel muito magra chegou para o encontro com a imprensa. Estava visivelmente abatida.

Nem mesmo o bronzeado de sua pele bem cuidada --e a maquiagem perfeita-- conseguiam encobrir a tristeza.

Xuxa estava ali aceitando um novo desafio justamente numa das piores fases de sua vida: acaba de perder seu pai (falência múltipla de órgãos); e sua mãe está em estado avançado do mal de Parkinson; a carreira atravessa um momento de dúvida; e isso sem falar no eterno saco de pancadas que ela virou na internet, de forma geral.

Na última quinta, por exemplo, ela fez um desabafo dizendo que pode fechar sua fundação pois não tem mais dinheiro para bancar R$ 1,8 milhão por ano.

Foi só um desabafo honesto de quem carrega uma elogiável obra social há 25 anos, com milhares de crianças atendidas, mas foi o bastante para que ela virasse alvo das “milícias” das redes, como se fosse uma inútil que nunca fez nada pelo próximo. Nada mais mentiroso nestes tempos de “fake news”.

(adendo: não tenho nada a ver com isso, mas fica a sugestão:  já que a artista é tão importante para a Record, por que não criar uma parceria entre as entidades Ressoar e Fundação Xuxa Meneghel, para que 25 anos de trabalho assistencial de qualidade --e crianças atendidas-- não sejam jogados na lata de lixo da história?)

DANÇA, GATINHA

No campo físico, Xuxa também está sofrendo. Há anos padece de sesamoidite, uma dolorosa inflamação nos ossos do pé, que causa dor crônica e impede de usar certos tipos de calçados. Certamente vai atrapalhar bastante caso ela queira dançar.

“Eu bem que queria dançar em todos os episódios com o (Sergio) Marone” (que vai ser misto de repórter e host do “Dancing Brasil”), disse Xuxa no Rio, na quinta.

“Mas não sei se vou conseguir. Sem falar que o médico não quer”, disse.

Quando entrar no ar esta noite, em um programa semanal que deve acabar no final do semestre, Maria da Graça Xuxa Meneghel, 54 anos, mostrará pela primeira vez  humildade e compreensão de que é hora de se reinventar profissionalmente.

Mesmo que seu nome fique fora do letreiro.

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