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Ricardo Feltrin

Globo quer saber quais jornalistas têm negócios fora da emissora

O jornalista Mauro Naves foi demitido, entre outros argumentos, por ter sociedade com uma fonte   - Reprodução / Globo
O jornalista Mauro Naves foi demitido, entre outros argumentos, por ter sociedade com uma fonte Imagem: Reprodução / Globo

Colunista do UOL

29/07/2019 06h03

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O caso da demissão de Mauro Naves ainda rende frutos dentro da Globo, e eles estão sendo amargos.

Discretamente, a emissora está convidando todos funcionários dos seus departamentos de Jornalismo e Esportes a revelar se alguém tem alguma empresa fora da emissora, se é sócio de algum estabelecimento comercial, seja com parentes, amigos ou individualmente. A emissora nega (veja mais abaixo)

Não se trata de uma caça às bruxas, porém. Segundo a coluna apurou, nenhuma repórter vai ser demitida se tiver uma -- exemplo -- confecção de roupas de bebê em sociedade com a mãe ou uma prima.

Porém, tudo deve ser revelado às claras para que, caso um dia essa repórter tenha de fazer uma matéria sobre roupas de bebês, ela não vá usar sua própria confecção como exemplo.

Um dos motivos alegados para a demissão de Mauro Naves foi que ele não havia revelado à emissora que, além de arrumar o telefone do pai de Neymar para o primeiro advogado de Nájila Trindade (e seu amigo pessoal), no rumoroso caso, ele também era sócio do advogado em um restaurante em São Paulo.

A emissora hoje também monitora todas as redes sociais e atividades "extra-globais" de seus funcionários.

Foi o que aconteceu com Dony De Nuccio, que na semana passada foi advertido por violar o código de ética e estrelar um material didático e de apresentação para consumo interno de um banco.

Segundo fontes da coluna, a Globo só não tomou uma atitude mais drástica em relação a Dony porque o material fora gravado mais de um ano atrás, porque seu cachê foi simbólico e o conteúdo não seria exibido comercialmente. Mas, a bronca foi dura e ele foi avisado que não terá uma segunda chance.

Além disso, a Globo está cada vez mais atenta à exibição de marcas até na vestimenta de repórteres, e vai continuar a usar o recurso de "apagar" ou encobrir digitalmente marcas de roupas de entrevistados ou de estabelecimentos diante dos quais são gravadas externas.

Como esta coluna informou com exclusividade em dezembro de 2017, até mesmo fazer check-in em lojas e restaurantes, por meio de redes sociais, está proibido aos jornalistas da casa.

Outro lado

Por meio da Central Globo de Comunicação, a emissora nega que tenha ou vá solicitar tais informações a seus colaboradores.

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