Topo

Ricardo Feltrin

Sindicato diz que negocia só se RedeTV cancelar corte salarial

Amílcare Dallevo (à esq.) e Marcelo de Carvalho, presidente e vice da RedeTV, respectivamente - Imagem/AgNews
Amílcare Dallevo (à esq.) e Marcelo de Carvalho, presidente e vice da RedeTV, respectivamente Imagem: Imagem/AgNews

Colunista do UOL

23/10/2019 10h08

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Reunião realizada na noite de ontem em São Paulo entre representantes dos sindicatos dos Jornalistas e Radialistas e da RedeTV terminou em impasse, segundo esta coluna apurou.

Na prática, centenas de funcionários da emissora estão em "estado de greve", que pode ser deflagrada nas próximas horas.

Tudo começou com o anúncio da emissora, no início da semana, de que cortaria as chamadas "horas extras" fixas que constam no salário de jornalistas e radialistas.

A emissora enviou à coluna um comunicado oficial em que explica os motivos que levaram à medida considerada radical (leia íntegra mais abaixo).

Os jornalistas recebem cinco horas de salário e mais duas horas extras. Os radialistas, seis horas mais duas "extras".

Por outro lado, em boa parte dos casos da RedeTV, as sete horas constam do contrato de todos os funcionários desde a origem —o que pode gerar eventualmente interpretação na Justiça de que o valor sempre se referiu a um salário completo, e não composto por horas extras.

De qualquer forma boa parte dos funcionários não trabalha apenas sete e oito horas. Muitos fazem jornadas de dez, 12 ou até mais horas. Nesse caso eles podem incluir esses horários extras em um banco de horas.

De toda forma o anúncio da RedeTV representaria um corte nos salários brutos recebidos de jornalistas em torno de 42%; e no de radialistas, em torno de 40%.

A RedeTV alega dificuldades financeiras devido à (real) retração do mercado da publicidade. A emissora também perdeu a venda de vários horários de sua grade para igrejas nos últimos meses.

A emissora tem se alinhado de forma integral com o novo governo Jair Bolsonaro, assim como SBT e Record.

No entanto, o governo ainda não estaria "colaborando" o suficiente com seus apoiadores, que clamam por mais dinheiro publicitário federal.

Nos três casos, nas três emissoras (que integram a joint-venture Simba), as receitas oriundas de publicidade federal jamais chegaram a nem sequer 10%. No caso da Globo, não chegam a 6%; Mesmo assim, é um dinheiro que faz falta.

Entre os funcionários, o comentário é que a RedeTV optou em reduzir gastos cortando na carne —só que na carne dos funcionários.

Outro lado

Eis o comunicado enviado pela RedeTV na manhã desta quarta-feira à coluna:

"A RedeTV! promove atualmente uma reestruturação de custos em vários departamentos. Trata-se de uma série de medidas para adequar a empresa após anos de retração do mercado de televisão, como é de conhecimento geral.

Essa realidade é comprovada pelo fato de outras empresas do setor terem recentemente tomado medidas duríssimas, incluindo grandes cortes, conforme amplamente noticiado.

Enquanto isso ocorria, a RedeTV! não só não promoveu nenhum ajuste como, ao contrário, seguiu expandindo vários setores.

Porém, ajustes se fazem necessários visando a continuidade saudável da empresa no momento de austeridade atual.

Por último, a emissora deixa claro que, como nestes vinte últimos anos tem feito, seguirá acreditando no mercado e no país e, com certeza, com o previsto reaquecimento da economia serão retomados os investimentos, razão pela qual conta, como sempre, com o apoio e o comprometimento dos colaboradores. Assina: RedeTV!"

Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook e site Ooops