Memória: Boechat agradeceu elogio ao "JB" em nome dos mais jovens
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Resumo da notícia
- Há exatamente um ano morria Ricardo Boechat, aos 66 anos
- Em 2015 ele escreveu agradecendo um elogio desta coluna ao "JB"
- A coluna elegera o "JB" como o melhor telejornal daquele ano
- Boechat escreveu agradecendo em nome dos jovens repórteres da Band
Há exatamente um ano o Brasil perdia num trágico acidente de helicóptero (ainda sem resposta das autoridades) um de seus maiores comunicadores e jornalistas.
Ricardo Eugênio Boechat morreu aos 66 anos, quando voltava de um evento no interior de São Paulo. Além dele, o piloto do helicóptero, Ronaldo Quatrucci, também morreu no acidente.
Para que a data não fique marcada somente pela tristeza, revelo hoje uma carinhosa troca de e-mails que mantive com Boechat em 2015. Apesar de curta, mostra muito do seu caráter e empatia com os colegas de trabalho.
No dia 21 de dezembro de 2015, publiquei no UOL uma análise na qual elegi o "Jornal da Band" como tendo sido o melhor do ano que terminava.
Elogiei o fato de a equipe do "Jornal da Band", apesar de ser menor que a da maioria dos concorrentes, era aguerrida, combativa e conseguia fazer a diferença com pautas exclusivas e, claro, com seu âncora tão talentoso e sui generis.
Na mesma noite qual não foi minha surpresa ao receber o seguinte e-mail agradecido de Boechat.
"Caro Feltrin,
Com quatro pontos no Ibope é difícil fazer sucesso. Consolamo-nos com nossas pequenas vitórias, daquelas que só podemos comemorar na consciência e na Redação, quando muito.
Por isso e muito mais, estamos transbordando de vaidade com sua crítica no UOL dedicada ao Jornal da Band.
Foi um inesperado e preciosíssimo presente de Natal.
Em nome de todos, mas, especialmente, dos mais jovens —que colheram em suas palavras um inédito reconhecimento profissional— quero agradecer a você do fundo de meu sexagenário coração. Forte abraço, Boechat."
Surpreso com a mensagem inesperada, tratei de responder. Disse que, embora não o conhecesse pessoalmente, ele era talvez uma das pessoas com quem eu passava mais tempo no dia a dia: por ouvi-lo diariamente no rádio e assisti-lo na TV.
Na resposta também aproveitei para fazer uma queixa sobre o excesso de intervalos comerciais que o "JB" tinha todas as noites. Era uma queixa comum não só minha, mas de muitos telespectadores e de meus leitores.
Também aproveitei para enviar um beijo para minha radialista preferida, então ainda na Bandnews (hoje na CBN), e que também se tornou, de certa forma, uma amiga diária:
"Sabe, xará, eu te ouço e assisto todos os dias. Pode não acreditar, mas passo mais tempo com você do que com qualquer amigo de carne e osso que eu tenha. E olha que eu não gosto de gente. Mas, vem cá, o "JB" precisa ter menos comerciais, hein?
Aproveito para mandar um beijo para sua parceira de rádio, Tatiana Vasconcellos, a jornalista mais talentosa e a voz mais gostosa do rádio brasileiro. Diga a ela que suas críticas de cinema fazem muita falta. Abração."
E Boechat mais uma vez respondeu bem-humorado:
"Meu velho, os espectadores me escrevem muito reclamando da massa comercial do "Jornal da Band". Dou-lhes razão, por escrito.
E apenas explico que audiências baixas, como a nossa, sofrem a punição adicional de não conseguir remuneração satisfatória por minuto vendido.
As agências de publicidade usam o Ibope como garrote vil, comprando mais espaço por menor preço.
Resultado: intervalos gigantescos, desproporcionais e broxantes em troca de valores que, ainda assim, ficam a léguas de distância daqueles, por mero exemplo, obtidos por nossa co-irmã global...
Tatiana manda um beijo. E eu, outro abraço."
É essa a lembrança que guardo do único e tão amável contato que tive com Ricardo Eugênio Boechat.
Ele faz e fará muita falta para sempre para os ouvintes, os telespectadores, o jornalismo e para o Brasil inteiro.
Ricardo Feltrin no Twitter, e site Ooops
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