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Zumbis de "Walking Dead" retornam e mostram quem manda na TV paga americana

9.out.2015 - Norman Reedus chega ao Madison Square Garden pilotando a moto da série - Jamie McCarthy/Getty Images
9.out.2015 - Norman Reedus chega ao Madison Square Garden pilotando a moto da série Imagem: Jamie McCarthy/Getty Images

James Cimino

Colaboração para o UOL, em Nova York

13/10/2015 14h37

Os holofotes podem estar todos voltados a "Game of Thrones", série da HBO vencedora de 12 Emmy em setembro, mas a volta de "The Walking Dead" à TV a cabo norte-americana neste mês mostra que os zumbis ainda mandam no pedaço.

Com os protagonistas da série comandando um exército de 1.000 zumbis, como numa versão macabra da fábula "O Flautista de Hamelin", a sexta temporada de "The Walking Dead" estreou neste domingo (11) atraindo um público de 14,6 milhões de espectadores. Com um número bem próximo ao recorde registrado no final da temporada passada, cujo episódio foi visto por 15,8 milhões, a série atualmente mais vista da TV a cabo norte-americana tem quase o dobro de público de "Game of Thrones", que fechou a quinta fase, no primeiro semestre, com uma audiência de 8,11 milhões de pessoas.

E a grandiloquência da série de zumbis não termina por aí. Na última sexta-feira, pela primeira vez em sua história, o Madison Square Garden, a mais famosa arena de shows e esportes de Nova York, abrigou cerca de 20 mil fãs da série que foram convidados pela produção do canal AMC (que exibe o programa nos Estados Unidos) para ver em primeira mão, e de graça, uma série de TV naquele local.

A reportagem do UOL esteve no evento, que reuniu todos os integrantes do elenco atual e mais alguns que, na série, já morreram, como foi o caso do ator Michael Rooker, que interpretava o irmão de Daryl Dixon, Merle, na primeira temporada.

O auge da apresentação, no entanto, foi a subida ao palco de Norman Reedus, que interpreta o durão Daryl, em uma moto similar à que ele usa na série. Pouco antes de se apresentar, Reedus pediu à fiel plateia, composta por fãs maquiados como zumbis e alguns engravatos, para que cantasse parabéns a seu filho Mingus que estava presente à première e que faria aniversário nos próximos dias.

Acho que o mundo deles é muito mais interessante agora do que no começo. O melhor da história está neste momento da história, neste temporada.
Norman Reedus, o Daryl de "The Walking Dead"

Mas por que “The Walking Dead” se mantém à frente de megasucessos como "Game of Thrones", mesmo após seis temporadas em que os protagonistas não fazem muito mais do que perseguir - ou serem perseguidos - por mortos-vivos?

Para o ator Michael Cudilitz, que interpreta o personagem Abraham na série, as comparações com "Game of Thrones" já "virararam até piada nos bastidores. "Quando eles levaram o Emmy, eu falei que todo mundo fala deles, mas as pessoas continuam assistindo à gente. Nós temos uma audiência maior que a deles, e somos muito orgulhosos disso. Mas, em muitos aspectos, as séries tratam de mundos similares. Ambos são mundos que estão à beira do apocalipse — e isso está cada vez mais evidente em ‘Game of Thrones’ com a chegada dos ‘white walkers’. Mas eu acho que o público se identifica com nossos personagens mais facilmente. OK, eu me identifico com a Arya Stark e com o Jon Snow, mas eles vivem em um mundo deles, distante do nosso. Enquanto os personagens de ‘Walking Dead’ estão em um mundo real e contemporâneo.”

Sobreviver ou viver?
Além do que se viu no primeiro episódio - que teve estreia simultânea no Brasil pela Fox - o que mais se pode esperar da próxima temporada?

Cudlitz adianta que a nova temporada terá muitos personagens tendo que lidar com uma ideia: eles terão que matar para sobreviver? “Uma das coisas que Alexandria dá a nossos personagens é não apenas uma oportunidade de sobreviver, mas de viver. Então eles não estão mais vagando de um lugar para outro. Mas isso vai continuar?”

Durante a première no Madison Square Garden, Greg Nicotero deu uma resposta bem ao estilo “Game of Thrones”, série que ficou conhecida por não poupar a vida mesmo de seus grandes protagonistas. “O que vocês têm que saber sobre a sexta temporada é que ninguém está seguro.”

A questão de matar para sobreviver, no entanto, vai além da ficção quando se analisa especificamente uma fala do personagem Morgan, que aparece em dois episódios da primeira temporada e que volta como um dos principais nesta nova fase da história.

Lennie James, o intérprete de Morgan, fez uma observação durante a entrevista, quando questionado se via, nos Estados Unidos, alguma analogia para o mundo dos zumbis..

“Eu acho que nesta temporada, meu personagem vai lidar com uma ideia chave. Ele diz para Rick [Andrew Lincoln]: ‘Toda vida é preciosa.’ Não houve qualquer conversa entre mim e os produtores da série sobre isso, mas não acho que seja por acaso que um personagem negro diga isso em um momento em que os Estados Unidos estão em meio a uma discussão sobre a importância da vida dos negros. E a mensagem que este personagem vai carregar é que a vida importa em um mundo apocalíptico. Se você for ao centro de Los Angeles, você anda por uma área que está a poucos quilômetros da área onde vivo e, lá, você encontra pessoas tomando banho no meio da rua e uma vila de quadras e quadras de barracas, com pessoas vivendo em condições sub-humanas, no país mais rico do mundo, em uma das maiores economias do mundo, que é a Califórnia, ou seja… É um outro mundo, sub-humano, dentro do nosso [assim como na série]."

Já Steven Yeun, o Glenn, opinou que os zumbis são “uma alegoria da loucura humana e de como as pessoas simplesmente seguem as outras sem se questionar”. “É a Matrix, cara. Se você quer ser um zumbi, entre na Matrix. Essa é a ideia que mais funciona para mim sobre a série.”

O melhor final
Especulando sobre como seria o final ideal para a história (entre humanos vencendo, zumbis vencendo ou ambos vivendo este drama para sempre), Greg Nicotero, Michael Cudlitz e Norman Reedus acham que o melhor final seria se nem zumbis nem humanos vencessem.

Cudlitz acha que em termos de história o melhor seria que ambos permanecessem “naquele inferno”, enquanto Nicotero avalia que se os zumbis vencessem seria uma episódio muito curto. “Em 20 minutos estaria tudo acabado!” (risos)

Reddus também acha que o melhor final é a humanidade e os zumbis vivendo naquele inferno para sempre. “Acho que o mundo deles é muito mais interessante agora do que no começo. O melhor da história está neste momento da história, neste temporada.”