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Clima noir invade Copacabana na série "Romance Policial - Espinosa"

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

15/10/2015 07h00

Os fãs do delegado Espinosa, criação do escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza, vão reconhecer de imediato as locações de "Romance Policial - Espinosa", série do GNT que estreia nesta quinta-feira (15), às 22h30: as ruas de Copacabana, tão características dos livros, servem como cenário de boa parte das cenas da atração policial. No entanto, o principal local de trabalho do protagonista fica bem distante dali: a delegacia foi construída onde funcionava a biblioteca de uma universidade desativada no Méier, bairro da Zona Norte do Rio.

O espaço de cerca de 700m² foi mobiliado, pintado e reorganizado por uma equipe de dez pessoas, sob o comando do diretor de arte Daniel Flaksman. Em uma semana, o lugar ganhou carpetes, novas divisórias e persianas para permitir cenas noturnas gravadas durante o dia, além de cerca de 500 folhas decoradas com o logo da fictícia "Delegacia Policial", sem vínculo direto com uma delegacia real. 

"Produzimos cartazes, telas de computador, etiquetas, fazemos fotomontagens. Vamos colocando molho em cima da decoração, produzimos muito material visual para que as pessoas acreditem que é de verdade. A maioria dos atores, quando chegou aqui pela primeira vez, ficou na dúvida se era de verdade. Sinal de que funcionou", conta Flaksman, que criou até diplomas "falsos" para pendurar na parede do delegado. 

Com direção de José Henrique Fonseca, também responsável pelo texto final, e de Vicente Amorim, a série acompanha em sua primeira temporada os assassinatos em série vistos no livro "Uma Janela em Copacabana", e os crimes envolvendo policiais no bairro são investigados pela equipe de Espinosa, vivido por Domingos Montagner. 

"Domingos é unanimidade, todo mundo queria que fosse ele, e demos sorte porque ele teve essa janela de disponibilidade. Hoje o Espinosa é o Domingos, não é mais só de quem leu os livros, é um ser de carne e osso", conta Amorim, num dos intervalos das gravações, durante visita do UOL ao set, no início de setembro.

Segundo o diretor, a série vai seguir a estética de um noir revisitado. "É mais contemporâneo, não é uma tentativa de pastiche do noir dos anos 40, 50. Também usamos como referências outros filmes e séries que deram nova cara ao noir, como 'Los Angeles - Cidade Proibida', 'O Espião que Sabia Demais', 'True Detective'. Mas tem um ar tropical, criado por nós", conta.

Treinamento com policiais
Assim como os colegas de elenco, Chandelly Braz, que vive a policial Andressa, também fez treinamento com policiais para entrar no dia a dia da personagem. "No treinamento com armas, a gente apanha, mas na hora da cena tem que estar lindo. Não curto, foi tenso no início", conta ela, que também se inspira em mulheres poderosas da ficção. "Minha favorita é a Carrie, de 'Homeland', que é uma agente da CIA", conta.

Extremamente correta, a personagem de Chandelly não existe nos livros – foi criada exclusivamente para a série, pela necessidade dramática de uma mulher num universo ainda bastante masculino. "Existe um pouco de preconceito. Os policiais da banda podre a chamam de menina, já que ela é uma das mais novas do grupo. Dizem que ela gosta das coisas muito certas porque chegou agora. Ela tem que segurar onda e impor respeito ou é engolida pelo bando do machos alfa ali dentro", conta a atriz.

No segundo episódio, entra em cena Otávio (Paulo Verlings), detetive que vai integrar o grupo de investigação criado por Espinosa. Olhada com certa desconfiança pelos colegas, o recém-chegado acrescenta um novo talento ao time: hacker que costumava invadir sites de bancos e instituições públicas, ele agora usa seus conhecimentos de informática para desvendar crimes.

Na visita à Cidade da Polícia, o ator aprendeu que esse é um papel importantíssimo no trabalho dos agentes. "Conheci alguns Otávios da vida real e descobri que rede social é um dos maiores campos de investigação. Facebook é a ferramenta onde mais se desvenda casos", conta ele, ainda incomodado com a arma cenográfica que carrega colada ao corpo. 

"É uma questão de costume. No treinamento a gente vê que os policiais lembram primeiro da arma e depois da chave de casa. É engraçado isso", comenta. Na ficção, porém, o nerd do grupo vai ter oportunidade de entrar em ação com os colegas. "Ele é louco para dar um tiro! E ele vai agir num momento decisivo", adianta.

Embora Domingos Montagner tenha dispensado dublês e encarado suas sequências de ação, o forte do seriado não são as sequências de ação. É o que garante Luciano Quirino, intérprete de Velber, braço direito de Espinosa. "Temos muitas cenas emocionalmente tensas. Esse seriado não tem muito revólver, tiro, perseguição. As tramas têm muito suspense, esse é o nosso diferencial", afirma.