"Homeland" vai ao ar com pichações acusando série de racismo
Para reconstruir um campo de refugiados sírio no set de filmagem da quinta temporada de "Homeland", o canal responsável pela série contratou artistas de rua. Mas os grafiteiros aproveitaram para criticar o programa como "racista", e mensagem só foi notada quando episódio foi ao ar nos Estados Unidos, no último domingo (11).
Criador de "Homeland", o roteirista norte-americano Alex Gansa afirmou que não condena a mensagem subliminar dos graiteiros porque considera o ato subversivo, assim como é a série.
Esperávamos que tivéssemos pego essas imagens antes que eles fizessem isso para o ar. No entanto, como 'Homeland' sempre se esforça para ser subversiva à sua própria maneira e estimula o diálogo, não podemos deixar de admirar este ato de sabotagem artística", disse o criador da série em resposta ao site Enterteinment Weekly.
A quinta temporada da série foi filmada em Berlim no verão de 2015. A protagonista Carrie Mathison, ex-agente da CIA interpretada por Claire Danes, acaba na capital alemã após ser contratada por uma organização humanitária como especialista em segurança.
Apesar de a temporada toda ter sido filmada na cidade e nos seus arredores, algumas cenas se passam em um campo de refugiados sírios, na fronteira entre a Síria e o Líbano. Um set de filmagem foi construído na periferia de Berlim para reproduzir a área. Para que tudo parecesse autêntico, o canal Showtime encarregou artistas de rua experientes de pintar provérbios árabes nos muros.
"Como de costume em Homeland, a produtora não fez muita pesquisa. Eles apenas queriam algo em árabe para fazer com que tudo parecesse autêntico de alguma maneira. Eles nos mostraram exemplos de grafite pró-Bashar [al-Assad, presidente da Síria] e anti-Bashar. Obviamente não se importaram com o conteúdo", diz o artista de rua Stone, que ajudou a confeccionar o cenário.
"Considerando a reputação da série, não fomos convencidos facilmente. Até que pensamos no que um momento de intervenção poderia transmitir sobre o descontentamento político com a série, nosso e de muitos outros", escreveram os "Arabian Street Artists" - Heba Amin, Caram Kapp e Stone -, num comunicado publicado na internet.
"Homeland é uma piada"
A série já havia sido descrita como "o programa mais intolerante da televisão" no jornal "The Washington Post", devido à representação de um "mundo muçulmano" ameaçador sem fazer diferenciações.
Mesmo assim, os artistas de rua decidiram participar do jogo, usando a oportunidade para criticar a série, ao adicionar sua própria mensagem ao set hiperrealista. Eles pintaram pichações críticas, contendo frases como "'Homeland' é racista", "'Homeland' é uma piada, e ela não nos fez rir" e "'Homeland' NÃO é uma série".
Meses depois de as cenas serem filmadas, o segundo episódio da temporada, chamado "A tradição da hospitalidade", foi ao ar nos Estados Unidos no último domingo. Apesar de algumas das intervenções dos artistas de rua aparecerem por apenas alguns segundos, a mídia internacional captou a mensagem rapidamente.
"Pensamos que faríamos algumas pessoas rirem, e funcionou", disse Stone. "Mas também queríamos fazer as pessoas pensarem um pouco sobre a série. Não é apenas um programa de TV. Ela mostra estereótipos perigosos - islamofobia e racismo também." O Showtime ainda não se manifestou sobre o ocorrido.
* Com informações da Deutsche Welle
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