Líder na TV paga, Cartoon Network investe em séries nacionais e supera cota
Líder entre os canais da TV paga em setembro, o Cartoon Network é dono de animações internacionais de sucesso como “A Hora da Aventura” e “Teen Titans”, mas também tem se destacado na produção de conteúdo brasileiro. Investindo em séries nacionais desde 2004, o canal mantém hoje 15% de sua grade de programação ocupada com oito produções como “Turma da Mônica” e “Sítio do Picapau Amarelo” e “Irmão do Jorel” – superando os 10% determinados pela Lei da TV Paga, em vigor desde 2011.
A leva de programas nacionais – e a audiência bem-sucedida – foi resultado de um esforço do canal para se aproximar do público brasileiro, de acordo com a diretora de conteúdo do canal, Daniela Vieira: “As produções nacionais têm a mesma veia, o mesmo DNA que as internacionais. Mas é óbvio que uma ‘Turma da Mônica’, um ‘Sítio’, têm uma veia muito brasileira. E a partir do momento que você vira a casa de uma dessas propriedades, você começa a falar de forma diferente com seu público. E com ‘Irmão do Jorel’, por exemplo, que tem temáticas internacionais com elementos muito locais, você também se comunica de forma diferente com o público brasileiro. Tem uma identificação, mas tem os padrões de qualidade internacional do canal”.
Antes de uma nova produção nacional ser lançada, é feito um trabalho em grupo para garantir que ela esteja em sintonia com o canal, mas mantenha sua identidade. “Irmão do Jorel”, por exemplo, foi concebida como uma série para jovens adultos e, por isso, um dos personagens fumava – o que não condiz com o público-alvo do Cartoon Network, de crianças de 7 a 12 anos. “Sem tolher a veia criativa e o cerne da propriedade, a gente dá uma polidinha para caber dentro do que a gente considera adequado para as crianças. É sempre um trabalho a quatro mãos”, explica Vieira.
E as séries brasileiras não ficam restritas ao território nacional. Hoje, as oito produções são exportadas para os demais países da América Latina onde o canal está presente – e são bem aceitas apesar das diferenças culturais. “Do México para baixo, todo mundo assiste e a aceitação é ótima. Tem séries que são muito enraizadas aqui, como a ‘Turma da Mônica’ ou o ‘Sítio’, que tem um pouco de folclore, elas não tem dificuldade de aceitação, mas são um pouco mais difíceis de traduzir”, diz a executiva, acrescentando que os novos projetos do canal já são pensados tendo em vista a distribuição internacional: “Quando a gente pensa em conteúdo, o conteúdo tem que extrapolar a fronteira. Como a gente tem essa possibilidade, a gente aproveita para fazer com que os conteúdos viajem”.
Na avaliação de Vieira, o mercado de animações no Brasil se desenvolveu muito nos últimos dez anos, deixando de ser voltado quase que exclusivamente a crianças pré-escolares e crescendo em capacidade de produção, mas ainda sofre com falta de mão de obra qualificada.
“Se você compara ‘Irmão do Jorel’ e olha os recursos de animação, eles podem ser inferiores, mas o todo, o tratamento da série, não destoa das internacionais”, afirma. “A gente já chegou nesse patamar favorável. Mas ainda temos um longo caminho. A gente tem uma demanda de animação no mercado que é maior do que a quantidade de gente qualificada para fazer. Então a gente começou a entrar em uma fila indiana de projetos, porque não há tanto braço qualificado. A gente vai dar mais um salto daqui uns dois, três anos, quando haverá uma nova safra de animadores”.
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