Sindicato lamenta demissões no RecNov e acusa emissora de iludir empregados
O Sindicato dos Radialistas do Estado do Rio de Janeiro lamentou na tarde desta quarta-feira (25) a demissão de 700 funcionários do RecNov, complexo de estúdios da TV Record localizado em Vargem Grande, na zona oeste da cidade, e acusou a emissora de iludir os seus empregados.
Em nota publicada em seu site, o sindicato afirmou que muitos funcionários "pediram demissão de antigos empregos, mudaram filhos de escolas, arriscaram suas carreiras e, lamentavelmente, se frustaram". A instituição acusou ainda os diretores da Record por "falta de seriedade".
O comunicado ressaltou também que "a empresa que foi administrada por pessoas ligadas à Igreja Universal do Reino de Deus (...) provocou práticas antissindicais, assédio moral e desrespeito a leis econômicas e trabalhistas" durante sua existência.
O sindicato anunciou que pretende entrar na Justiça contra a estratégia da Record de terceirização do RecNov.
Segundo informações obtidas pelo UOL, a TV Record demitiu mais de 500 profissionais (e não 700 como afirma o sindicato) na última segunda-feira. A emissora arrendou os estúdios do Recnov por cinco anos para a produtora Casablanca, que será responsável pelo setor de teledramaturgia da emissora e já mandou retirar a logomarca da TV Record do local, também na segunda.
O local abriga atualmente dez estúdios, em uma área total de 280 mil m². Em 2005, a planta original contava com três estúdios. Em menos de três anos, a Record construiu sete novos estúdios e viabilizou a infraestrutura para a produção técnica e de elenco.
Os últimos estúdios construídos foram inaugurados em 2009 com a presença do então presidente Luíz Inácio Lula da Silva e da então ministra e hoje presidente, Dilma Rousseff. Os novos estúdios custaram o equivalente a R$ 80 milhões.
O grande objetivo deste investimento era permitir ao Grupo Record colocar a emissora no caminho da liderança, com uma programação igual à da TV Globo, com três novelas inéditas no ar e mais séries e minisséries.
Leia a nota na íntegra
1. DA AVALIAÇÃO GERAL SOBRE A EMPRESA:
Hoje, temos conhecimento do encerramento das atividades e da demissão dos últimos 700 companheiros(as) da RecNov (Record Novelas), porém, além de lamentarmos o fim dos postos de trabalho, ressaltamos um ponto negativo em especial: a forma como a empresa iludiu seus empregados durante sua existência. A RecNov, surgiu em 2005 como um braço de teledramaturgia do Grupo Record capaz de oferecer uma disputa de mão de obra com o Projac (Setor de produção da Rede Globo). Infelizmente sucessivos equívocos na administração fizeram com que nesses 10 anos, a empresa acumulasse saldos negativos no que diz respeito a relações de trabalho e ao cumprimento de leis trabalhistas.
Muitos companheiros, ao serem angariados pela empresa, pediram demissão de seus antigos empregos com a promessa de uma valorização profissional. Muitos mudaram de endereço, mudaram filhos de escola e chegaram até a pedir que seus cônjuges mudassem radicalmente seus estilos de vidas, tudo isso, para estarem perto da RecNov, que era localizada a 41 Km de distância do Centro do Rio de Janeiro e se localizava numa região da cidade com infraestrutura ainda pouca desenvolvida. Tais trabalhadores arriscaram suas carreiras e lamentavelmente, se frustraram.
A empresa que foi administrada por pessoas ligadas a Igreja Universal do Reino de Deus se despede do mercado sem deixar muitas saudades aos radialistas que ali trabalharam. Práticas antissindicais, assédio moral e desrespeito a leis econômicas e trabalhistas marcaram o perfil da empresa durante sua existência.
2. DAS AÇÕES SINDICAIS NA EMPRESA:
O nosso sindicato trava uma luta com a RecNov através de duas frentes de batalha: Uma política e outra jurídica.
Na justiça, além da investigação do MP sobre as terceirizações na área fim da empresa, está em andamento o processo movido pelo sindicato, sobre as demissões em massa de 2013 e que não houveram negociações com nosso sindicato. Também em andamento, está a Ação de Cumprimento da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho). Mesmo com o fim da empresa, iremos até o fim em cada uma das ações.
Na luta política, o sindicato fez e continua fazendo o trabalho de conscientização dos trabalhadores para que estes unam-se a luta. Infelizmente, em assembleia realizada no dia 27 de setembro deste ano, empregados ligados a Igreja Universal, que são maioria do quadro, conseguiram através do voto impedir que fosse estabelecido uma operação padrão dos funcionários com o objetivo de abrir uma negociação com os trabalhadores sobre o fim das atividades.
3. DA FALTA DE SERIEDADE DOS DIRETORES DA RECORD
Em reunião realizada no dia 14 de setembro de 2015 com diretores do nosso sindicato, a diretoria do Grupo Record se comprometeu em dialogar com o sindicato se houvesse qualquer tipo de demissão em massa ou encerramento de atividades na RecNov. Trato feito e descumprido por homens que se dizem de palavra e pregam para milhões de pessoas a honestidade e seriedade. Os tratantes da diretoria do Grupo Record, senhores Edinomar Luís (Diretor Jurídico) e Márcio Santos (Diretor de RH), desrespeitaram a diretoria do sindicato e também os radialistas que tanto se dedicaram na prestação de seus serviços.
4. DOS PRÓXIMOS PASSOS:
O Sindicato entrará com contestação jurídica contra a estratégia do Grupo Record, que pretende terceirizar os serviços de teledramaturgia, inclusive entregando a produção de novelas, programas de auditório e séries, para produtoras terceirizadas, que inclusive “quarterizam” a mão de obra, contratando Radialistas em regime de PJ.
Aos trabalhadores, o que fica, é a certeza que cada radialista deve reivindicar seus direitos via justiça trabalhista, e para isso cada sindicalizado possui o direito de utilizar o Departamento Jurídico do Sindicato.
Ressaltamos, contudo, que a valorização profissional da nossa categoria vai além da luta particular na RecNov. Reivindicamos a verdadeira democracia nos meios de comunicação, o fim do monopólio e do oligopólio existente na comunicação brasileira atualmente. De forma que, quando atingirmos nosso objetivo de descentralizar os meios de comunicação, teremos com certeza, mais postos de trabalho e uma disputa saudável da mão de obra existente, o que acarretará em mais valorização profissional.
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