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Após 20 anos, Juliana Baroni diz manter fama de paquita em novela do SBT

Juliana Baroni e Larissa Manoela são mãe e filha na novela "Cúmplices de um Resgate" - Artur Igrecias/ SBT
Juliana Baroni e Larissa Manoela são mãe e filha na novela "Cúmplices de um Resgate" Imagem: Artur Igrecias/ SBT

Felipe Pinheiro

Do UOL, em São Paulo

28/11/2015 07h00

Intérprete de um dos papéis principais da novela infantojuvenil “Cúmplices de um Resgate”, do SBT, Juliana Baroni, 37 anos, retoma seu trabalho para o público mirim vinte anos após se despedir do posto de paquita, que a lançou na televisão na década de 90. Os baixinhos de agora são outros e a acompanham conectadas em tablets e smartphones, mas têm a mesma fidelidade daquele súdito que transformou Xuxa Meneghel em rainha, segundo a atriz. 

“É muito engraçado ver a reação nas ruas, quando estou no shopping ou no parque. As crianças me reconhecem como a Rebeca da novela e as mães vêm falar comigo porque se lembram de mim da época de paquita. É muito gostoso. Fico muito feliz de voltar a trabalhar para esse público, que é muito fiel e demonstra muito afeto pela personagem”, comemora.

Da segunda geração de paquitas, que reunia nomes como Andréia Sorvetão, Letícia Spiller e Cátia Paganote, Baroni saiu para fazer novelas. Atuou em folhetins de emissoras diversas como “Dance, Dance, Dance” (Band), “Malhação” (Globo), “O Profeta” (Globo) “Ribeirão do Tempo” (Record) e “Balacobaco” (Record). Longe das câmeras, se casou com o empresário Eduardo Moreira em 2013 teve a primeira filha, Maria Eduarda, de 1 ano e meio. E foi durante os primeiros meses de maternidade que ela recebeu o convite para fazer a novelinha adaptada por Íris Abravanel de um texto da TV mexicana Televisa.

“Eu agora estou rodeada de crianças na minha vida pessoal. Tenho minha filha, um sobrinho, dois enteados de seis e quatro anos que são o público alvo da novela. É como se a minha vida pessoal e profissional tivessem se encontrado”, avalia ela, que na novela é mãe das gêmeas Manuela e Isabela, interpretadas por Larissa Manoela.

A responsabilidade com os atores mirins é levada a sério por Baroni, que se vê como um exemplo para os pequenos aprendizes. A própria experiência dela, que começou cedo na teledramaturgia, a ajuda a estabelecer uma relação profissional e próxima com as crianças. “Tive a sorte de na minha primeira novela, em ‘Cara & Coroa’, de 1995, ter como mãe a Louise Cardoso. Ela dava aulas no Tablado [escola de teatro no Rio] para adolescentes e eu tinha nela um mega exemplo de profissional. Todas as minhas dúvidas eu perguntava e ela conversava comigo de igual para igual, como se tivéssemos o mesmo tempo de estrada”, relembra.



“Ela não se colocava num tom professoral, do tipo estou te ensinando. Ela me tratava como uma colega de trabalho e isso me ajudou muito. Foi minha maior professora até hoje. Agora é a minha vez de passar isso para as crianças. Eu tento fazer o que a Louise fez comigo”, completa.

Nos estúdios do Complexo Anhanguera, na Grande São Paulo, onde a novela é gravada, Baroni conta nunca ter testemunhado um caso de estrelismo entre as crianças. Ela acredita que isso se deva aos pais delas e à estrutura de profissionais fornecida pelo SBT.

“Graças a Deus isso [de estrelismo] não aconteceu comigo ainda. O SBT é diferente das outras emissoras porque tem uma equipe que trabalha para crianças: tem coach de atuação, professor de dança, psicólogo e algumas pedagogas que acompanham as gravações. E as crianças também não têm o exemplo negativo de atores adultos com o ego muito grande”, diz.

Xuxa e Senna: casal de comercial de margarina

As lembranças como Catuxa Jujuba são muitas e estão entre as melhores da infância de Juliana Baroni, que é reconhecida como paquita até pelas crianças não viveram o boom dos programas “Xou da Xuxa” e “Xuxa Park”. Ela diz que os atores de “Cúmplices” sabem que ela fazia parte do exército de Xuxa. “Elas têm acesso a tudo pela internet e os pais também falam [que ela era paquita]. Outro dia o Felipe Volpato, o Mateus da novela, falou ‘me ensina a dançar 'Ilariê' porque minha mãe não conseguiu me ensinar (risos). Eles acham o maior barato”, diverte-se. 

Assim como muitas crianças do seu tempo, Baroni tinha o sonho de conhecer a apresentadora de chuquinhas e botas de cano-alto que descia de uma nave. E foi com essa expectativa, de ficar perto de sua musa, que a paulista de Limeira enviou uma carta.

“Certo dia eu cheguei em casa e ela [Xuxa] falou na TV, ‘Vamos abrir concursos para paquita paulista, porque as paulistas estão reclamando que só tem paquita carioca’. Eu pensei, ‘Será que ela está falando comigo?’ Anotei o endereço e mandei uma carta, que demorou quatro meses para ser selecionada. Com 11 anos, o que eu queria mesmo era mandar uma carta pra Xuxa”, conta a atriz, que foi selecionada em um concurso com 1.200 meninas.

Durante a organização da mudança, Baroni viajou com o pai até o Rio e por um tempo foi hóspede na casa de Xuxa. Como se não bastasse, acabou conhecendo o ídolo Ayrton Senna, que na época namorava a apresentadora. “Num final de semana fomos para Angra dos Reis, na casa de praia da Xuxa. Eu também era muito fã do Senna, assistia a todas as corridas. Imagina, de repente estar indo para Angra com o Senna dirigindo o carro da Xuxa e só nós três dentro daquele carro? É uma história fantástica. Eles eram superapaixonados. Lembro deles se divertindo muito juntos. O Senna tinha uma coisa de criança também e os dois riam o tempo todo. Essa é a imagem que ficou para mim”, afirma.

Em um cenário que Baroni define como “um conto de fada”, ela diz nunca ter testemunhado qualquer briga de casal. “Imagina! Era totalmente comercial de margarina (risos). Eu ficava tão encantada que com 11 anos passava a noite em claro, pensando, 'Meu Deus, estou dormindo ao lado do quarto da Xuxa’. Tomava café da manhã e tomava banho de piscina com ela”, se recorda.