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Netflix global, Amazon premiada: quem leva a melhor nos streamings?

"Jessica Jones" e "The Man in the High Castle" foram as séries mais vistas do Netflix e da Amazon, respectivamente, entre setembro e dezembro - Divulgação/Montagem UOL
"Jessica Jones" e "The Man in the High Castle" foram as séries mais vistas do Netflix e da Amazon, respectivamente, entre setembro e dezembro Imagem: Divulgação/Montagem UOL

Beatriz Amendola

Do UOL, em São Paulo

20/01/2016 07h00

2016 promete ser um ano decisivo para os serviços de vídeo on demand – e acirrar ainda mais o cabo de guerra entre Netflix e a Amazon, que comercializam tanto séries próprias quanto de outras produtoras e emissoras. O primeiro anunciou sua expansão, enquanto a segunda garantiu pela segunda vez consecutiva o prêmio de melhor série de comédia no Globo de Ouro, com “Mozart in the Jungle”.

Em uma estratégia agressiva, o Netflix passou a atingir mais de 190 países no início de janeiro. Ficou de fora a China, um dos maiores mercados do mundo – mas ainda tenta negociar sua entrada por lá. E, acompanhando a expansão, o orçamento de programação do serviço também ficou mais gordo: US$ 5 bilhões, o dobro do gasto pela HBO, dona do sucesso “Game of Thrones”.

Boa parte desse dinheiro deve ser destinada a conteúdos próprios. Só em 2016, o Netflix deve lançar ao menos 81 produções próprias, entre séries, filmes e infantis. Estão inclusos o novo fruto da parceria com a Marvel, a série “Luke Cage”; a continuação de “Três é Demais”, “Fuller House”; e séries locais, como a ficção brasileira “3%”.

Sem o mesmo alcance global do Netflix, a Amazon é seu concorrente mais forte, apesar de o Amazon Prime Instant Video estar disponível apenas nos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Áustria e Japão. Também investindo em conteúdo próprio, a varejista prepara para 2016 uma série escrita e dirigida por Woody Allen, ainda sem nome, e uma produzida pelo ator Bryan Cranston, “Sneaky Pete”.

10.jan.2016 - Gael Garcia Bernal, Bernadette Peters e Lola Kirke comemoram vitória no Globo de Ouro na categoria melhor série de comédia ou musical por "Mozart in The Jungle" - REUTERS - REUTERS
Estrelada por Gael García Bernal, "Mozart in the Jungle" foi premiada no Globo de Ouro
Imagem: REUTERS

Em termos de assinantes, é difícil comparar os dois, principalmente porque o Amazon Prime é um serviço que oferece outras vantagens aos usuários, incluindo entregas com frete grátis, streaming de músicas e espaço online para armazenamento de fotos. A varejista não divulga seus números oficiais, mas de acordo com pesquisa do banco de investimentos Cowen citada pela revista “Fortune”, o serviço dela contava com 41 milhões de assinantes em dezembro, só nos EUA. Já o Netflix afirma ter 75 milhões de usuários, no mundo todo.

No caso, talvez, seja melhor comparar o uso de banda larga pelos serviços, em que o Netflix sai na frente. Um relatório da empresa canadense Sandvine divulgado em maio de 2015 pela “Variety” apontou que, nos horários de pico, o Netflix responde por 36,5% do tráfego na América do Norte – mais do que o YouTube e o Amazon Instant Video juntos. O serviço rival, aliás, ficou com a modesta parcela de 2%.

Audiência e premiações
Nenhuma das empresas revela a audiência de suas produções, mas o executivo Alan Wurtzel, da emissora norte-americana NBC, fez uma tentativa recentemente. Ele divulgou números baseados em uma pesquisa conduzida pela empresa Symphony entre os meses de setembro e dezembro de 2015, com usuários entre 18 e 49 anos - faixa que mais interessa aos publicitários nos EUA. Segundo esses dados, “Jessica Jones”, da Marvel, foi a mais assistida no Netflix, com 4,8 milhões de espectadores; já no Amazon Prime, “The Man in the High Castle” foi o maior sucesso, com 2,1 milhões. Mas Ted Sarandos, diretor de conteúdo do Netflix, chamou os números de "incrivelmente imprecisos" e afirmou que a empresa não mede especificamente os usuários da faixa 18-49.

Os dois serviços também têm se destacado nas premiações. Nesse quesito, porém, a Amazon leva a melhor, tendo recebido duas vezes o Globo de Ouro de melhor série de comédia e de melhor ator em série de comédia, para Jeffrey Tambor (“Transparent”, 2015) e Gael García Bernal (“Mozart in the Jungle”, 2016).  A empresa ainda saiu com prêmios importantes no Emmy 2015, como de melhor direção para Jill Soloway, de “Transparent”.

Apesar de acumular um grande números de indicações em ambas premiações, o Netflix só foi reconhecido em categorias técnicas e de atuação, com prêmios para Uzo Aduba (“Orange is The New Black”), Robin Wright e Kevin Spacey (ambos por “House of Cards”).

Brasil loves Netflix
Sem concorrência no setor de streamings, o Netflix reina absoluto no Brasil – e já supera até emissoras abertas. De acordo com o colunista do UOL Ricardo Feltrin, a empresa faturou R$ 1,1 bilhão no Brasil no ano passado com seus 4 milhões de assinantes. O valor corresponde a cerca de R$ 250 milhões a mais do que a previsão mais otimista de faturamento do SBT em 2015 (R$ 850 milhões).

O país também já foi apontado em pesquisas como o quarto maior mercado do Netflix, atrás de Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Não à toa, o CEO Reed Hastings referiu-se ao Brasil como o “foguete" da empresa.

Já o Amazon Prime Instant Video não tem previsão de chegar em terras brasileiras. Procurada pelo UOL, a assessoria de imprensa da varejista informou que “a Amazon não especula sobre planos futuros”. Por enquanto, só três séries são exibidas aqui. A premiada “Mozart in the Jungle” passa no Fox Life, onde teve seu título traduzido para “Sinfonia Insana”, e as comédias “Alpha House” e “Betas” estão disponíveis no Clarovideo, plataforma de streamings da Claro.