Caruso diz que núcleo cômico de novela representa brasileiro em crise
O bon vivant Feliciano, de "A Regra do Jogo", mesmo falido, sempre tem espaço para mais um em sua casa. Além de acolher, filhos, noras e netos, ele acaba de descobrir que é pai de Merlô (Juliano Cazarré), o que causou ainda mais atrito na família. Marcos Caruso conversou com o UOL, nesta segunda-feira (25), contou que foi pego de surpresa com a paternidade do filho de Adisabeba (Susana Vieira) e opinou sobre o núcleo cômico da novela.
Para o ator, o público se identifica com os personagens do núcleo cômico, já que eles representam a maioria do povo brasileiro por terem a única família completa na novela e por conta das dificuldades do dia-a-dia.
"Eles representam também no sentido de todos os personagens estarem vivendo em crise, o Brasil está em crise. Você vê o Breno (Otávio Müller) perder o emprego, o Vavá (Marcelo Novaes) não consegue ser um personal com muitos clientes, a manicure está com problema, a empregada não recebe salário. Por onde eu e os colegas de núcleo passamos, ouvimos que o núcleo é engraçado e que tem um pé muito forte na realidade do povo brasileiro hoje. Neste sentido, a gente conseguiu uma popularidade e conseguiu o objetivo que é divertir", diz.
Entre os telespectadores, muitos acreditam que a família de Feliciano não emplacou tanto como a de Leleco, em "Avenida Brasil". Caruso acha que a comparação é cabível mas dá uma explicação sobre esse incômodo por parte do público.
"Isso é uma comparação que pode ser feita e acho que é tão popular sim. A diferença é que o núcleo da 'Avenida Brasil' estava inserido na espinha dorsal da novela. Todos os personagens tinham a ver com a trama central. Na família do Feliciano, nenhum personagem está ligado à trama central da novela, então talvez ele aparente ser menos importante, mas é tão popular quanto", opina.
Nos próximos capítulos da novela, Feliciano vai se casar com Claudine (Maria Padilha), ficará viúvo na noite de núpcias e acabará milionário, graças a herança deixada por ela. A princípio, ele esconderá dos filhos que voltou a ser rico e os deixará trabalhando, mas, aos poucos ele volta ser o coração mole e bon vivant.
"Ele ficou realmente milionário, voltou ao que ele era nos anos 80, 90, depois ele acabará contando aos filhos porque a mentira não persiste por muito tempo. Com isso, o núcleo fica bem ativo, a gente está gravando muito, quase que cinco vezes mais do que a gente gravava."
Viúvo e milionário, será que Feliciano sentirá falta de uma companheira? Tudo leva a crer que ele ficará dividido entre Nora (Renata Sorrah), seu grande amor, e Adisabeba (Susana Vieira), com quem viveu uma paixão no passado. Caruso ainda não sabe com quem o personagem ficará, mas já faz sua aposta.
"Ele sempre foi apaixonado pela Nora, mas a Adisabeba está jogando um charme para ele com essa coisa do filho, de terem tido um romance tórrido no passado. Sinto que tem uma sedução por parte dela, o que é muito gostoso, porque gravar com a Susana é muito prazeroso e a gente já demonstrou em algumas cenas que fizemos que a gente tem uma química muito boa. Então talvez ele fique com ela, mas não sei ainda como será o desfecho desse personagem".
Camaleão em cena
Marcos Caruso costuma cativar o público com seus personagens, foi assim com Leleco, de "Avenida Brasil", com o Arlindo, de "Joia Rara" e o mesmo acontece com Feliciano.
"Tenho tido a sorte na televisão de pegar personagens populares. Por outro lado, eu tenho uma capacidade de me modificar muito também. Eu vejo muito esse carinho do público em ver que sou um ator que se modifica a cada papel. Acho que o ator tem uma função social. Nós estamos representando uma parcela da população. Quando eu faço um homem falido, eu estou representando todos os homens que faliram, quando faço um bom vivant, estou representando todos aqueles.", conta.
Com 42 anos de carreira, o ator diz que o personagem que deseja fazer é sempre o próximo. O importante, segundo ele, é ganhar um papel que tenha um discurso e que, de alguma forma, faça o público refletir.
"Gosto de fazer um personagem que diga alguma coisa e eu tenho que representar alguma coisa e ser um arauto de uma ideia. Eu tenho tido a sorte de ter personagens que são assim. O Leleco era um homem de 60 anos, que descobriu ser amado por uma mulher de 25 e isso elevou a autoestima de grande parcela da população, que achava que, aos 60, o homem estava praticamente morto para o amor e até para o sexo. Agora eu estou tendo a oportunidade de fazer um personagem que representa uma grande parcela da população que perdeu, que deu um passo atrás, representa uma parcela que colabora para o inevitável da vida e tenta fazer do limão uma caipirinha", conclui.
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