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Diretor da Record diz que autores globais têm síndrome de seriado americano

Alexandre Avancini, diretor de "Os Dez Mandamentos", e Sam Nicholson, fundador da empresa responsável pelos efeitos especiais da abertura do Mar Vermelho - Munir Chatack/TV Record
Alexandre Avancini, diretor de "Os Dez Mandamentos", e Sam Nicholson, fundador da empresa responsável pelos efeitos especiais da abertura do Mar Vermelho Imagem: Munir Chatack/TV Record

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

29/01/2016 03h58

A boa aceitação do público pelas tramas bíblicas da Record e a rejeição por alguns pelas novelas da Globo é apontada pelo diretor da novela "Os Dez Mandamentos", Alexandre Avancini, como uma falha dos autores da emissora concorrente.

"Acho que existe um erro de leitura ali. Os dramaturgos da Globo, todos muito talentosos, têm um pouco de 'síndrome de seriado americano'. O seriado americano não é para um público tão generalizado como o de novela. Sou fã de seriados americanos, mas quem assiste, por exemplo, 'Breaking Bad', não assiste outro tipo de seriado. É um público muito fracionado", opinou Avancini.

O diretor esteve no lançamento do longa "Os Dez Mandamentos" em um evento no Leblon, zona Sul, nesta quinta-feira (28) -que reuniu parte dos atores da novela, executivos da Record e a autora Vivian de Oliveira. 

A boa audiência das novelas religiosas, na opinião de Avancini, acontece devido a fase atual do Brasil.

"Acho que a gente teve a felicidade de lançar esse produto num momento muito complicado do país. Com essa crise, o espectador quer uma mensagem de esperança e também de fé. Eu, como telespectador, não tenho o prazer de ligar a televisão e ver essa realidade tão dura explodindo na minha cara. As novelas da Globo, eu não deixo a minha filha assistir, são muito violentas", diz o diretor.

A Record espera manter a mesma boa audiência da primeira temporada ou até superá-la. O diretor de teledramaturgia da emissora, Anderson Souza, disse ao UOL, que os produtos bíblicos da Record, inclusive as reprises, estão sendo bem recebidos pelo público.

"O que a gente ouve muito é que as pessoas ficaram órfãos de 'Os Dez Mandamentos'. A reexibição das séries bíblicas demonstra que as pessoas gostaram e aprovaram esse tipo de produto. Tanto o 'Rei Davi' quanto 'José do Egito' acabaram dando mais audiência do que na primeira exibição. Então as pessoas aprovaram, e a gente acredita que vai segurar esse público e quem sabe conquistar mais gente nesta segunda temporada", analisa Anderson.

Segunda temporada sem data de estreia
As gravações da segunda temporada de "Os Dez Mandamentos" começam em fevereiro, após o Carnaval, mas, quando o assunto é a data da estreia, diretores e elenco ainda não têm uma definição. O elenco ainda não está totalmente escalado, já que a novela terá novos personagens.

"A novela começa no momento seguinte que parou a primeira parte, então isso tudo é uma garantia de continuidade. Têm mais coisas, mais dois reinos, duas salas de tronos, mais batalhas e eventos bíblicos. A novela está muito bacana, a Vivian se superou. A gente ainda não definiu o prazo de estreia", contou Avancini.

O diretor explicou ainda que, apesar de parte da equipe técnica não ter aceitado a proposta de trabalho oferecida pela produtora Casablanca, responsável pela segunda temporada, os cabeças das equipes serão os mesmos.

"A gente ainda não chegou nessa parte de contratação da equipe técnica porque ainda estamos a 20 dias de gravar, mas o elenco é o mesmo, os diretores são os mesmos, os roteiristas também. Parte do cenário é o mesmo, o acampamento dos hebreus continua igual na segunda temporada".

A autora da novela contou ao UOL que já começou a escrever os capítulos iniciais da novela e adiantou que o público verá novidade. 

"O grupo dos hebreus continua, mas teremos ainda novos povos, novos obstáculos. Vão ter eventos que são da Bíblia, mas que não são tão conhecidos do público", adiantou Vivian.