Com "Vinyl", HBO conta bastidores do rock, disco e hip-hop nos anos 70

A apreciação por discos de vinil tem sido retomada há pelo menos cinco anos, especialmente após a explosão do “hipsterismo”. E mesmo que antes disso já houvesse os apreciadores que nunca abandonaram o formato, agora os LPs voltaram a ser moda e são encontrados também fora dos sebos. Os próprios artistas, quando vão a programas de TV promover seus novos trabalhos, levam uma cópia em vinil para os apresentadores.
Na onda do “revival”, a HBO lança neste domingo (14) a série “Vinyl”, com produção do diretor Martin Scorsese e do líder dos Rolling Stones, Mick Jagger.
Durante o lançamento do programa no início deste ano, em Los Angeles, Jagger afirmou que essa “modinha” é mesmo coisa da juventude. “Eu nunca ouço, mas meus filhos só ouvem [esses discos]…”
O personagem central da série, Richie Finestra (Bobby Cannavale, de “Boardwalk Empire”), é presidente de uma grande gravadora que está em crise. E esta crise é fruto de sua instabilidade emocional e de seu vício em cocaína. Mesmo assim, seus sócios não querem vendê-la para a Poligram, sob risco de perder o contrato do Led Zeppelin.
Apesar de a American Century Records (a gravadora de Richie) estar mal das pernas financeiramente, a série mostra, na verdade, um período de auge do vinil, em que o dinheiro entrava e saía com a maior facilidade, proporcionando a seus artistas contratos milionários e um estilo de vida extravagante.
Em meio a isso tudo, ícones dos anos 1970 desfilam pelas cenas em situações fictícias, mas com base em fatos verossimilhantes. Por exemplo, em “Vinyl” a American Century Records, desesperada por um novo hit, recusa o Abba. Fato semelhante é contado na biografia da banda sueca, lançada no Brasil em 2014.
Para Bob Cannavale, o roteiro acaba contando às novas gerações a história da indústria fotográfica, o auge de ritmos ainda hoje populares como o rock e a disco, e o surgimento do hip hop.
“A indústria da música mudou completamente do que era porque antes os artistas gravavam discos e agora eles estão em turnês. É assim que eles fazem dinheiro agora. Agora, de vez em quando aparecem essas anomalias na indústria como a Adele, que vendeu milhões de CDs em uma época em que não se vende mais CD”, disse o ator ao UOL.
Ele mesmo afirma participar deste “revival". “É muito verdade que estamos voltando a isso [o vinil]. Eu estou reformando minha casa no Brooklin e estou evitando colocar coisas hi-tech. Estamos querendo voltar a um tempo em que apreciávamos como algo era construído. E agora eu estou procurando um toca-discos, como uma peça da mobília mesmo. E eu gosto de pegar o vinil, ver o folder, as letras das músicas… Acho que é isso…”
“Não posso contar”
Um dos aspectos que mais chamam a atenção para o período, quando se fala de música, são as histórias de bastidores: porres, orgias, overdoses, brigas e todos os escândalos que fizeram os grandes astros da música ainda mais notórios fora do palco.
Durante a entrevista, Cannavale disse ter conversado com Mick Jagger sobre aquela época e que se sentia como se caminhasse “ao lado do sol”. Mas as histórias cabeludas, ele manteve em segredo — o que não significa que elas não estejam na série.
“É muito privado… Eu não quero falar… Tudo que não preciso é do Mick Jagger ligando pra mim depois [pra tirar satisfação]”, disse aos risos.
E a presença do rolling stone não aconteceu apenas nos créditos. Seu filho James Jagger o interpreta em um dos episódios em que a banda aparece. Fora isso, conforme conta Ray Romano (de “Everybody Loves Raymond”), que em “Vinyl” interpreta o sócio de Richie, Zak Yankovich, Jagger também aparecia durante as filmagens, o que causava burburinho mesmo entre as estrelas.
“A gente ficou sabendo um dia que ele estava lá fazia três horas assistindo tudo e eu só o encontrei a primeira vez nesse dia, na hora do almoço. Vieram a disseram pra gente: ‘Ele quer conhecer vocês!’ Aí ele chegou, apertou minha mão e falou que estava adorando tudo. Durou 20 segundos. Fora isso, eu ouvi que ele acompanhou episódio por episódio e dava suas opiniões, dizendo que tal história tinha acontecido diferente do que estava no roteiro.”
Como por exemplo? “Ah, não posso contar…”
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