Ser mãe é um mar de rosas? Famosas contam maiores desafios da maternidade
Padecer, nem pensar. Segundo o manual de regras das redes sociais, ser mãe é, no máximo, posar sorridente no paraíso. Quem ousar desafiar a ditadura da felicidade do Facebook corre o risco de ser apedrejado, como a dona de casa Juliana Reis, 25, que se recusou a participar da corrente "Desafio da Maternidade". Ao fazer um desabafo sobre a difícil adaptação com a chegada do pequeno Vicente, foi execrada e teve sua página denunciada e bloqueada temporariamente. No entanto, mães famosas ouvidas pelo UOL, mesmo as que juram ter passado ilesas pelos contratempos desta fase de adaptação, condenam o julgamento virtual.
"Li o depoimento dela e não vi nada demais. Só acho que ela foi infeliz na escolha das palavras, porque, se ela ama o filho, ela não odeia ser mãe. Entendi muito bem o que ela quis dizer. Aprender a virar mãe é muito complicado mesmo. Eu poderia ter dado um depoimento parecido. É como se você fosse um carro a 80km/h e o filho, um freio de mão sendo puxado. Muda o ritmo da sua vida, é uma mudança drástica. Senti muito isso da primeira vez. No segundo filho, já não senti tanto", conta a apresentadora Dani Monteiro, mãe de Maria, 4, e Bento, 10 meses.
Para ela, o principal desafio foi aprender a estar disponível 24 horas por dia para a criança. "Viver sua vida no intervalo que o outro te permite é difícil. É 100% doação. Você fica cansada, é ser humano, mas o bebê não entende nem te dá esse tempo. Amo minha filha de paixão, desde que soube que estava grávida, mas foi difícil para caramba. Antes eu tomava banho na hora que eu queria, e o banho durava o tempo que eu quisesse. Depois, passa a ser naqueles segundinhos que a criança dorme. É desesperador", constata ela.
Mãe de Gabriel, 3, e Pietro, 2, a ex-BBB Priscila Pires, 33, também compreende o desabafo da jovem e diz que as críticas sofridas por ela não passam de hipocrisia. "Pode perguntar a uma mãe que tem mais de um filho se consegue fazer cocô sem estar com a porta aberta? Todas sabem das dificuldades. Nas redes sociais, todo mundo quer mostrar como sua vida é linda e purpurinada. Em vez de apoiá-la, decidiram tacar pedra", analisa ela, que não esconde a paixão pelos filhos nem a vontade de aumentar a família com uma menina.
Nessa fase, apoio da família é fundamental, assim como um bom preparo psicológico para a mudança, diz Priscila. "Se não tiver mãe, sogra, marido para dividir as responsabilidades, a gente surta mesmo. Todo mundo diz que amamentar é lindo. Mas é horroroso, a gente sofre, o peito corta, sangra, o leite empedra. A gente quer contar o lado bom, mas é pancadão. Depois do meu divórcio, vejo responsabilidades que nem podia imaginar", conta ela, que optou por não ter babá para participar mais da infância dos meninos.
Solange Couto, 58, contou com todo o suporte do marido, Jamerson, 29, quando teve Benjamim, há 4 anos. Apesar dos temores com os riscos de uma gravidez em idade avançada, a atriz, que também é mãe de Márcio, 41, e Morena, 24, conta que a chegada do caçula foi extremamente tranquila.
"Fiquei quase seis meses só cuidando dele, acordava cedo, levava para o médico, tudo era eu. Mas em nenhum momento foi ruim. Não tinha conseguido fazer isso com meus outros dois filhos, então, para mim, foi encantador. Amo ser mãe e virei uma mãe melhor para os outros dois depois que ele nasceu. Fiquei mais paciente, mais parceira. Era mais autoritária, hoje em dia sou mais dengo. Tive a sorte de estar num momento tranquilo de vida. Mas a gente não sabe o que essa moça passou. Cada caso é um caso", diz ela, que chama de ignorantes as críticas a Juliana.
"As pessoas julgam sempre, se você está magra, se está gorda, se separou, se casou. Ajudar ninguém quer. Será que quem a execrou perguntou de que ela estava precisando para gostar de ser mãe?", questiona.
Com o tempo, é realmente o lado bom da maternidade que fica, garante a atriz Renata Castro Barbosa, do elenco do "Zorra". Mãe de João, 10, fruto de seu casamento com Bruno Mazzeo, ela reconhece, no entanto, que os primeiros três meses são "enlouquecedores".
"Não detestei ser mãe, não tive esse sentimento. Mas confesso que tem horas que dá vontade de se trancar no banheiro e chorar. A criança não para de chorar, todo mundo liga para dar opinião. E é uma fase solitária. Se você não tem amigas que têm filhos da mesma idade, você vai ficar sozinha em casa, não vai ser convidada para aniversários. É muito difícil", lembra.
A mudança hormonal também tem um peso enorme nesse período, diz ela. "Dizer que é um mar de rosas é conto da carochinha. Não é. Mexe com a sua vida física e emocionalmente de uma forma absurda. Mexe com seu casamento, com a sua libido, com a sua saúde. É uma experiência linda? É. Recomendo? Todos os dias. Teria outros? Teria. Mas eu entendo totalmente quem esteja com dificuldades. No Facebook não se pode ter tristeza. Não é assim que a vida é", afirma.
Mesmo com o apoio da mãe, do ex-marido e de uma babá, ela só foi descobrindo na prática as peculiaridades da nova função, que é muito mais um processo de aprendizado do que um dom natural caído do céu. "Uma vez o João chorou uma hora e meia sem parar. Tentei de tudo, já ia ligar para o pediatra. Uma amiga falou: 'Tira a roupa dele, ele está com calor'. Ele parou na hora. Demora até a gente conseguir essa manha. E é muita responsabilidade. Se alguma coisa dá errado, a culpa é nossa. Se dá certo, a criança que é ótima", brinca ela, que acrescenta: "Ser mãe é a melhor experiência do mundo, mas não é a única a ser vivida por uma mulher".
Com filhos também crescidos - Yasmin, 16, e Yago, 12 - a atriz Lisandra Souto, 40, é do time que garante que "todo sacrifício compensa", mas nem assim se apressa em condenar a postura de Juliana. "É muito difícil julgar o outro, depende da fase da vida que ela está enfrentando. Não sei como é a personalidade dela. Mas a minha experiência sempre foi muito gratificante", conta.
A principal mudança que sentiu em sua rotina foi o fato de ter deixado a carreira em segundo plano, por opção. "Eu me dediquei única e exclusivamente a eles. As pessoas perguntavam: 'Você não sente falta do trabalho?' Quem não sente? Mas aquilo me completava, e comecei a sentir saudade mesmo quando eles foram crescendo", diz ela, vista recentemente em "Os Dez Mandamentos".
A parceria com o ex-marido, o ex-jogador de vôlei Tande, e o apoio de uma babá garantiram uma maternidade sem sobressaltos a Lisandra, que ainda assim levou um choque ao chegar em casa com a filha mais velha. "Foi o momento mais difícil. Você se pergunta: 'Meu Deus, o que eu faço agora? Dou banho, amamento? Por onde começo?'. Eu me senti um pouco perdida, porque mal ou bem na maternidade você tem ajuda das enfermeiras. Mas depois a gente tira de letra", afirma.
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