Dono da voz de Dollynho aceita zoeira e estranha sumiço em comercial

Você certamente já assistiu a alguma propaganda com Dollynho, ícone da marca de refrigerantes que reprisa seus comerciais incontáveis vezes na TV. A "garrafa-propaganda" virtual é alvo de piadas e zoeiras na internet, pela voz e a qualidade questionável da propaganda, com um jingle chiclete que diz que o refrigerante é "o melhor" e tem "sabor brasileiro".

Há duas semanas, a marca divulgou seu novo anúncio e "revoltou" o público, pois além da qualidade superior Dollynho praticamente sumiu. Campanhas bem-humoradas nas redes sociais exigiam a volta do personagem, e ele retornou nesta quarta-feira (24) em um vídeo sobre o combate ao mosquito Aedes aegypti.

O sumiço de Dollynho também preocupou o dono da voz do personagem, Felipe Machado. Ao UOL, o garoto de 13 anos soube por colegas e ainda não assistiu ao novo anúncio: "Meus amigos da escola falaram: 'Você viu aquele comercial que o Dollynho nem falou?' Eu: 'Que comercial?' Eles: 'O novo'. E eu falei: 'Mas eu sou o Dollynho'. E eles: 'Mas não apareceu a voz'. Meio estranho. Pensei que tinham feito uma gravação sem mim", conta, preocupado.

O estudante gravou a campanha contra o Aedes aegypti na semana passada, após a repercussão negativa do comercial anterior. O garoto, entretanto, ainda não sabe se fará novos anúncios e se prepara para "aposentar" o personagem: "Daqui a pouco vai acabar, né, minha voz vai mudar, já está mudando".

Zoeira sem limites

Felipe confessa ser alvo constante de piadas de colegas: "Só me chamam de Dollynho. Acho engraçado, mas nada de mau. Não tenho raiva disso". Também perguntam a ele se já ofereceu um refrigerante para sua mãe "com toda a emoção", como diz o jingle do guaraná: "Já pediram para eu cantar a música do comercial, andaram comigo e insistiram, e tive que cantar".

Na internet, a zoeira com Dollynho aparece em vídeos no YouTube e páginas no Facebook. "Dicas Dollynho", com mais de 500 mil seguidores, tira sarro do comercial em que o personagem diz para as crianças tomarem "muito líquido" e praticarem "muito esporte". "Tem um site que se chama 'Eu Odeio o Dollynho'. Acho muito engraçado. 'Zuera never ends'", brinca Felipe.

Apesar das brincadeiras, o garoto gosta de dar voz ao personagem: "Eu gosto muito de fazer o Dollynho porque quando eu vejo TV aparece a minha voz e fico bem feliz". Perguntado se ele bebe Dolly, Felipe é sincero: "Mais ou menos". 

Os comerciais da Dolly são produzidos e editados na própria fábrica da marca, em Diadema, na Grande São Paulo. As músicas e a voz de Felipe são inseridas na casa do avô dele, o músico Filó Machado, amigo do dono da marca de guaraná e que indicou o neto para ser Dollynho, na época um bebê. Filó compôs o jingle "Dolly, Dolly Guaraná Dolly...", repetido à exaustão na TV.

"Pelo que lembro, eu falava 'Doy', sem o 'L'. Só que eu treinei e consegui depois de um tempinho", recorda o estudante, que começou a trabalhar para a Dolly com menos de dois anos, fazendo figuração em campanhas de Páscoa e de Dia das Mães.

Dollynho é o personagem mais conhecido de Felipe, porém ele já fez anúncios para outras marcas, como Carrefour e Vivo. O garoto também fez dois musicais, "A Bela e a Fera", versão brasileira do espetáculo da Broadway, e "Daniel - O Musical", sobre o cantor sertanejo. Felipe também toca violão e acompanha o avô em shows e turnês (já viajou para Japão e Estados Unidos com o músico). O adolescente não sabe se vai ser um ator ou um músico quando for adulto: "Quero tudo".