Magrini vive gay no teatro, machão na TV e casamento careta na vida real
Aos 54 anos, Oscar Magrini tem a chance de viver personagens bem diferentes no teatro e na TV. Se na profissão a fase é agitada, na vida real, tudo é tranquilo e maduro. Ele é casado há 25 anos com a atriz Matilde Mastrangi, 62, e, apesar de ser visto com frequência sozinho, garante que vive um casamento careta.
Quem vê o ator no palco, de camisa de seda e calça jeans apertadinha, vivendo um delegado gay afetado no teatro, se surpreende ao compará-lo com a maioria dos seus personagens na TV - boa parte deles no papel tradicional de hétero machão pegador.
"É uma bichona, as pessoas perguntam como eu faço isso. Meu advogado falou: 'Magrini te conheço há tanto tempo e não sabia desse seu lado gay', isso é legal porque é o contraste do que costumo fazer na TV. São detalhes, eu sou detalhista. Observo os trejeitos, tem o camareiro, tem os maquiadores, tem bicha chique, tem bicha pobre, de tudo quanto é tipo. Quando você vai fazer já tem um arquivo na cabeça", explicou o ator ao UOL sobre a inspiração para o personagem.
Na peça "5 Homens e Um Segredo", em cartaz no Rio de Janeiro até o dia 28, o ator arranca gargalhadas da plateia com seus trejeitos, cruzada de perna, dedo na boca, caras e bocas e comentários sobre o tema da comédia. A pergunta se "tamanho é documento?" é o principal assunto da peça, em que um grupo - formado por Magrini, Edwin Luise, Carlos Bonow e Iran Malfitano - se encontra no porão de uma igreja para uma reunião de autoajuda sobre homens com pênis pequeno e são orientados pelo padre Jorginho (Roberto Pirillo) a melhorarem a autoestima e não focarem no tal problema.
"O meu pau é do tamanho de uma salsichinha coquetel", dispara o delegado em cena. Na vida real, este é um problema que afeta muitos homens e Magrini diz que é possível perceber que isso acontece na plateia, pela reação das pessoas.
Cenas absurdas, de beijo na boca e peladas, isso não precisa, não necessita
Magrini, sobre fazer personagem gay na TV
"É um drama que acomete a maioria dos homens, eles acham que tamanho é documento. Mas é isso, tem pau grande, pequeno, fino, grosso, de tudo quanto é tipo, assim como os seios das mulheres, só que homem tem esse problema que mexe com a masculinidade, com o macho. A gente vê na plateia, os caras se incomodam, dão risada, a velha ri, o cara também. Inteligentemente com uma comédia a gente faz deste drama uma coisa engraçada, mas atinge muito a maioria dos homens sim, com certeza", conta Magrini.
A prova disso é que não foram poucas as vezes que ele percebeu uma mulher na plateia comentando com o marido que ele não é o único a sofrer do problema e até foi procurado após a peça para conversar sobre o assunto.
"Um produtor de Goiânia amigo meu foi lá assistir e disse que o personagem parecia com ele porque ele é gay, tem pau pequeno, é gordinho, sofre bullying desde pequeno. Já teve caso de homem dizendo que sempre teve o mesmo problema do personagem, acontece. É engraçado. Eu falo: 'Fazer o que, né? Aproveita o que tem'. A gente fala entre a gente no palco, mas existe aquela quarta parede que é o público, quando a gente olha está todo mundo rindo, a mulher beijando o cara, querendo dizer: 'tá vendo amor, é comum', porque os caras se preocupam demais com isso. A gente olha e a plateia se entrega", diz.
Com 25 anos de carreira, 28 novelas, 20 longas e 19 peças de teatro, Magrini, que tem contrato fixo com a Globo, revela o que sente falta de viver na televisão.
"Tenho vontade de interpretar um protagonista, até agora nunca fiz, só em Portugal e aqui na minha terra não fiz ainda, mas um dia rola se tiver que ser. Está tudo certo pra mim, amo o que eu faço", minimiza.
E se no teatro ele manda bem com um personagem gay, na TV não é um desejo do ator no momento e algo que deveria ser avaliado antes.
"Não tenho vontade. Se tiver a ver, for muito engraçado e bacana sim, mas cenas absurdas, de beijo na boca e peladas, isso não precisa, não necessita. Mas se rolar, se for interessante e eu achar muito bacana eu faço. Pra eu fazer gratuitamente não, não me interessa.", conta.
"É um casamento tradicional"
Pai de Isabella Magrini, 24 anos, fruto do seu casamento com Matilde Mastrangi, Magrini não costuma aparecer publicamente com a mulher, o que levanta suspeitas de que ele viva uma relação aberta. Nada disso. Ele garante que o casamento deu certo graças ao diálogo e diz que respeita o lado caseiro de Matilde, que mora com a filha em Atibaia, São Paulo.
"A gente tem que saber como regar a plantinha, conversar, ter o diálogo, cede um pouquinho aqui e ali. Não tem segredo, é conversa, amor, carinho, honestidade, sinceridade. A gente fala que separar agora é só quando um dos dois morrer. Ela é minha bússola, meu porto seguro. A Matilde é parceirona e me deu uma filha maravilhosa. Na maioria das vezes eu estou sempre sozinho, ela fica em Atibaia, gosta de ficar em casa, mas está tudo certo, já temos um esquema, um ritmo. É um casamento tradicional, careta, diferente do que as pessoas acham que acontece", esclarece.
Matilde, famosa nos anos 70 e 80 por atuar em filmes de pornochanchadas, vive uma fase caseira e abriu mão da profissão para se dedicar à casa e à família.
"Tenho amigos que têm três, quatro casamentos, eu tenho três casas e uma família, moro com a minha mulher e minha filha em Atibaia, vou para Santos com minha mãe e meus irmãos e tenho casa no Rio de Janeiro. Eu saio de casa para trabalhar e volto para casa", explica o ator.
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