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Eterno Tonho da Lua, Marcos Frota diz chorar ao rever "Mulheres de Areia"

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

26/02/2016 07h00

Personagem mais conhecido de Marcos Frota, Tonho da Lua voltará à TV a partir da próxima segunda-feira (29), na reprise de "Mulheres de Areia" pelo canal pago Viva. Mesmo 23 anos após a estreia da novela da Globo, o ator ainda é reconhecido como o personagem ingênuo que mora na praia e é apaixonado por Ruth (Gloria Pires), tanto que o interpretou novamente para o humorístico "Tá no Ar", há duas semanas.

"Aquilo ali bombou. Foi uma brincadeira em cima do Bruno de Luca, o irmão mais velho do Tonho da Lua é o Tonho de Luca. Coisa de 'Tá no Ar', só para sacanear mesmo. O Bruno me ligou no dia seguinte e falou que nas redes sociais foi uma loucura, todo mundo tuitando, pedindo uma série com o Tonho de Luca", conta Marcos Frota ao UOL.

Não é apenas o "Tá no Ar" que ainda lembra Tonho da Lua. O personagem inocente fez tanto sucesso no Brasil e em dezenas de países que exibiram "Mulheres de Areia" que virou apelido de muitos conhecidos de Frota: "Me chamam de Tonho da Lua, e é impressionante como tem gente de 30 e poucos anos que se chamam 'Da Lua'. O nome do empresário da dupla Fernando & Sorocaba é [Fábio] Da Lua por causa da novela".

O ator não se incomoda por ainda ser confundido com Tonho da Lua. Pelo contrário, é eternamente grato por ter herdado o papel de Gianfrancesco Guarnieri (1931-2006) na primeira versão da novela (1973), produzida pela Tupi: "Foi um divisor de águas. O Tonho me colocou nos braços do povo brasileiro mesmo, quebrou a barreira do tempo e me ensinou alguns segredos e mistérios da minha profissão que eu jamais imaginei".

Animado com a reprise no Viva, Frota até sugere uma campanha ao lado da ex-mulher, Carolina Dieckmann, destaque de "Laços de Família", recém-lançada no canal pago. "O Viva podia fazer o beijo do Tonho da Lua na Carolina Dieckmann. Seria histórico", brinca.

Gravação teve dor de barriga e choro
Frota tem até hoje na memória como foi seu teste para "Mulheres de Areia". Segundo ele, o nervosismo e uma dor de barriga o ajudaram para ser aprovado pela direção da novela.

"Eu me lembro do meu teste claramente. Eu estava nervoso, até me deu disenteria. Eu tinha que ir toda hora ao banheiro, e aquilo tudo foi me dando um pouco do jeito atrapalhado dele. Quando foi a minha vez de gravar, já me enrolei com as esculturas todas", relembra.

Tonho da Lua tinha problemas mentais e mantinha uma forte paixão por Ruth (Gloria Pires). Porém, sofre nas mãos de Raquel, a irmã gêmea de sua amada, que chegou a destruir esculturas que ele fazia para Ruth. O personagem de Frota sempre dizia "a Rutinha é a boa e a Raquel é a má", frase que virou bordão.

"Eu me lembro da Gloria Pires, ela não conseguia gravar comigo porque chorava o tempo todo ou ria o tempo todo. Ela entrava no estúdio comigo e começava a chorar", recorda.

Chaves e filhos são referências de Tonho

Tonho da Lua (Marcos Frota), de "Mulheres de Areia" (1993) - TV Globo - TV Globo
Tonho da Lua (Marcos Frota), de "Mulheres de Areia" (1993)
Imagem: TV Globo

Depois de 23 anos de "Mulheres de Areia", Marcos Frota confessa ainda ter uma relação próxima com seu personagem mais famoso e se emociona ao rever a novela: "Eu tenho uma intimidade muito grande com ele. Quando vejo determinadas cenas, eu me pego chorando copiosamente. É um menino tão bonito, limpo de alma".

Para compor Tonho da Lua, Frota observou sua própria família e se inspirou em seus três filhos, pequenos na época da novela. "Pontei muito o Tonho na infantilidade sublime de meus filhos, que tinham entre dois e quatro anos. Sabia que era um personagem sublime e precisava alcançar a pureza que ele tinha", explica.

Tonho da Lua conquistou muitas crianças que se identificavam com a inocência dele. Carlitos, ícone de Charlie Chaplin, e Chaves, de Roberto Gómez Bolaños, são referências para o personagem de Frota.

"Muitas vezes o Tonho da Lua é confundido com o Chaves porque têm a mesma dimensão, são para sempre. Eles têm uma aproximação. Ele é chapliniano, mas é mais Chaves, aquela bermudinha, a botinha e o jeito de falar próprio de uma criança", compara.