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Eta, filtro bom! Globo usa 4 cores para diferenciar cenas da novela das 18h

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

03/03/2016 07h00

Desde sua estreia, em janeiro, “Êta Mundo Bom” chama a atenção do público com uma imagem diferente das outras novelas da Globo. O tom amarelado dos primeiros capítulos dava à novela uma aparência “envelhecida”, como nos poucos vídeos da época em que ela é ambientada (anos 1940).

Nas redes sociais, telespectadores brincam que a Globo usa “filtro de Instagram” em “Êta Mundo Bom”. Mas por que é amarelada? Na verdade, a novela não é só amarela. Ao UOL, a emissora explicou que os "filtros" usam quatro cores principais, em núcleos e ambientes distintos.

O amarelo é reservado para o núcleo da roça, como a fazenda de Cunegundes (Elizabeth Savala), onde Candinho morava nos primeiros capítulos, por isso a impressão de que a novela inteira era “amarelada”. Na cidade, a cor prevalece nas cenas de Candinho (Sérgio Guizé) e Professor Pancrácio (Marco Nanini).

“Êta Mundo Bom” também tem filtros verde, vermelho e azul. O primeiro é usado na mansão de Anastácia (Eliane Giardini). Já o vermelho aparece com frequência nas cenas entre Severo (Tarcísio Filho) e Diana (Priscila Fantin). A cor azul realça cenas noturnas.

Imagem amarelada de "Êta Mundo Bom" predomina no início da novela - Reprodução/TV Globo - Reprodução/TV Globo
Imagem amarelada de "Êta Mundo Bom"
Imagem: Reprodução/TV Globo
Inspiração no cinema
Segundo o diretor de fotografia de "Êta Mundo Bom", Paulo Brakarz, as quatro cores vêm de clássicos do cinema, e o tom amarelado é inspirado nos filmes de faroeste: "As texturas da novela têm um pouco de 'A Noviça Rebelde' (1965), "...E o Vento Levou" (1939), entre outros clássicos. Nesta textura quis buscar um pouco dos filmes do Velho Oeste, o verde do mato é meio cinza esverdeado e a pele vai um pouco para o amarelo, mais envelhecido".

A colorização da novela lembra o início da tecnologia usada nos primeiros filmes coloridos da época. "A novela se passa em 1946. Pesquisando, descobri que nesta época o cinema usava a tecnologia Technicolor, um processo que foi uma revolução na ocasião. Até então, as pessoas estavam acostumadas a ver filmes em preto e branco, e passaram a ter a presença de 'cores vivas', uma grande variedade de tipos e cores bem definidas", explica.

Para chegar aos tons vermelhos, amarelos, azuis e verdes, a Globo transforma a imagem na edição. A novela é gravada sem filtro algum, e o tratamento é feito em um equipamento chamado baselight, que dá a textura desejada para cada núcleo da trama.

"O passo a passo: em termos de imagem, captamos todas cenas em 5500k (temperatura de cor) depois vem a edição. O próximo passo é o envio do capítulo pronto para o baselight, onde o colorista trabalha a marcação de luz, baseada no que já tem preestabelecido do conceito da fotografia da novela", esclarece o diretor.