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Para Marisa Orth, mulheres de hoje ainda buscam por príncipe encantado

Marisa Orth é Pepa na comédia "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" - Roberto Filho/ Brazil News
Marisa Orth é Pepa na comédia "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" Imagem: Roberto Filho/ Brazil News

Marcela Ribeiro

Do UOL, no Rio

04/03/2016 07h00

Marisa Orth está encantada com Pepa, sua personagem na comédia musical "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos", adaptada do clássico do cinema de Pedro Almodóvar. Com versão brasileira e direção assinadas por Miguel Falabella, o espetáculo se passa nos anos 80 e conta a história de três mulheres com problemas amorosos, focando na complexidade dos relacionamentos e da vida feminina. Para a atriz, quando o assunto é a vida sentimental, as mulheres ainda sofrem como faziam há mais de 30 anos.

"Profissionalmente mudou bastante. Acho que, nos anos 80, tinha ainda uma parte de mulheres que foram criadas para casar. Hoje isso está quase extinto. Em relação ao relacionamento com homem, para mim não mudou nada. Tem uma frase da personagem que ela diz: 'Se algum dia pretendemos ter a igualdade do sexo, é preciso que não se ensinem só a um dos sexos a fantasia da ilusão romântica. Aos homens é ensinado a usar o sexo como moeda, enquanto as mulheres esperam um entrelaçamento'. É como se a gente fosse lançada ao mercado atrás de um príncipe encantado, só que não avisaram aos meninos que eles precisam ser os príncipes encantados. Então a gente fica procurando uma coisa que não existe", conta.

Marisa Orth em cena na comédia musical "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" - Roberto Filho/Brazil News - Roberto Filho/Brazil News
Marisa Orth em cena na comédia musical "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos"
Imagem: Roberto Filho/Brazil News

A atriz acredita que algumas mulheres mudaram ao longo dos anos por uma questão de liberdade sexual, mas boa parte ainda sofre por amor. "Acho que ainda tem uma fantasia romântica muito grande. Acho que tem um poliamor, um lesbianismo recreativo que dá uma dissolvida, mas eu não acredito, acho que a estrutura ainda se mantém. Os homens também deveriam se assumir mais românticos", opina.

Mãe de um adolescente, João Antônio, Marisa conta que procura orientar o filho a tratar bem as meninas e até o assusta para que ele não se comporte como um canalha.

"Eu tento ensinar meu filho a ser legal, pelo menos, e sincero. Eu falo para ele: 'se você tratar mal uma mulher, isso volta para você'. Nem sei se isso é verdade, mas é uma lei do carma. Eu acho mesmo, é o que eu gostaria que acontecesse com algum homem bem cafajeste, que ele sofresse", diz.

Aos 52 anos, Marisa Orth está casada há sete anos com o percussionista Dalua, mas confessa que também já teve seus ataques de nervos por causa dos homens no passado.

"Já sofri por amor, não muito. Acho que têm mulheres que sofrem mais. Eu tive longos casamentos, estou numa relação já há sete anos. Estou mais velha hoje, já aprendi um pouquinho. Sou mãe de menino, né? Então eu vejo um making of de um homem e eu tenho uma vontade de avisar :'meninas, ele não está pensando tudo isso que você está pensando'".

"Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" estreia nesta sexta-feira (4) no Teatro Oi Casagrande, no Rio de Janeiro. No elenco estão ainda: Stella Miranda, Juan Alba, Helga Nemeczyk, Daniel Torres, Ivan Parente, Erika Riba e outros.