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Estrela de "Velho Chico", Rodrigo Santoro diz que papel faz crítica social

Giselle de Almeida

Do UOL, no Rio

08/03/2016 04h08

Figura rara em novelas desde que passou a investir na carreira internacional, Rodrigo Santoro teve assédio digno de Hollywood no lançamento de "Velho Chico", na noite desta segunda-feira (7), no Museu do Amanhã, no Rio.

Ao mesmo tempo em que fazia questão de mostrar intimidade com os colegas de elenco e posava simpático para selfies com os convidados, o ator de 40 anos ocupou de longe o posto de estrela máxima da noite. Último a chegar, acompanhado da namorada, Mel Fronckowiak, quase duas horas depois do início do evento, fez as fotos de praxe, foi conduzido às pressas até o auditório, driblou entrevistas até o último segundo e deixou a festa um pouco depois da exibição do clipe da novela, após uma rápida confraternização com a equipe.

"Quero conhecer o autor da novela", disse ele, algumas vezes, tentando abreviar a concorrida entrevista.

No ar por 24 capítulos, Santoro dá vida a Afrânio na primeira fase da trama e depois passa o bastão para Antônio Fagundes. Os dois já viveram o mesmo personagem no filme "A Dona da História", mas desta vez, ao contrário de outros colegas de elenco, tiveram pouco contato na fase de preparação. "O orgulho é todo meu. Espero que não estrague as coisas para ele", brinca o ator, ostentando um cabelo mais crespo, fruto da caracterização para a novela.

O visual, sugerido pelo diretor Luiz Fernando Carvalho e idealizado por Rubens Liborio, exige algumas horas de preparação por dia. "Tem tudo a ver com o personagem, é selvagem. Afrânio, como dizem no Nordeste, é arretado e destemperado", define.

Na trama, o personagem é herdeiro do coronel Jacinto (Tarcísio Meira) - após a morte do pai, deixa de lado sua vida em Salvador e o amor por Iolanda (Carol Castro/Christiane Torloni) para manter sob controle as terras da família.

"Ele passa por emoções fortíssimas. Não é necessariamente um bom exemplo, não recomendo para as crianças (risos). Ele passa por uma série de conflitos e lida com eles de forma muito particular. Representa algo muito importante na história do nosso país, que é o coronelismo, que vem dessa tradição patriarcal. Além da história de amor a gente também tem uma crítica social", explica ele, que concilia as gravações da novela com as filmagens da série americana "Westworld".

Depois de um mês e meio de gravações no sertão nordestino, no auge do verão, como frisou ("Posso dizer que esse trabalho foi suado"), Santoro diz que viu muita "poesia" nesse mergulho pelo interior do país. E se surpreendeu. "Gravamos em um lugar perto de Santo Amaro (BA), no Carnaval. Tinha um bloco de rua e pedimos para segurar um pouco na hora de gravar. Você acredita que o camarada segurou o tambor? Foi um respeito, fiquei emocionado", lembra.