Autor diz que série de TV sobre os Mamonas será ficção, não biografia
Autor da série para TV sobre a banda Mamonas Assassinas, Carlos Lombardi está na fase final da história que será contada em cinco episódios e com previsão de estreia para o segundo semestre deste ano, na Record. Em entrevista ao UOL, o novelista explicou que, apesar de se basear em fatos reais, não há a intenção de fazer um trabalho biográfico. Este será o segundo projeto de Lombardi na emissora, que exibiu em 2013 a novela "Pecado Mortal" após a saída dele da Globo.
"Eu trabalhei com o mesmo cuidado e liberdade de o 'Quinto dos Infernos' [minissérie de 2002], que é uma história da independência do Brasil. Agora, é uma ficção que estou escrevendo. Não é documental e vai seguir a tradição das biografias de Hollywood, de dar uma arredondada na história, com muitos detalhes diferentes da realidade", afirmou.
Lombardi diz que pretende captar a essência das personalidades dos cinco integrantes da banda – Dinho, Bento, Júlio, Samuel e Sérgio – para compor sua versão na TV. "Eu quero ser fiel à trajetória e, em especial, ao caráter e jeito deles. Vou contar uma história que é real, mas com direito à dramaturgia nos detalhes", destacou.
O autor, que nasceu em Guarulhos, mesmo município da Grande São Paulo onde se formou a banda que fez sucesso meteórico e causou comoção pelo trágico acidente de avião que matou todos os integrantes há 20 anos, disse ter se baseado em pesquisas sobre cada um dos mamonas, mas evitou contato com os familiares deles. Ao todo, foram três meses de estudo sobre o grupo que até hoje inspira nostalgia nos fãs e que neste ano ganhou um musical, que está em cartaz em São Paulo.
"Agora, é uma ficção que estou escrevendo. Não é documental e vai seguir a tradição das biografias de Hollywood, de dar uma arredondada na história, com muitos detalhes diferentes da realidade"
Autor Carlos Lombardi sobre a série dos Mamonas Assassinas
"Eu não quis falar [com os familiares] por um motivo muito simples: estava morrendo de medo de que começassem a falar 'Mas esse pedaço não, aquele outro também não'. Eu queria minha liberdade", declarou.
A proposta de Lombardi de se basear em sua própria criatividade para contar algumas das situações dos músicos é evitar o risco de privilegiar uma versão em detrimento de outras: "Tem muitas contradições nas histórias.., Tem a namorada 1, namorada 2... Eu contei o que eles poderiam fazer, que combinaria com o espírito deles".
A história vai começar no início dos anos 90, quando quatro dos Mamonas trabalhavam como office boys. O projeto também prevê alguns flashbacks de quando eles eram crianças e a possibilidade de usar imagens de arquivo é remota, mas pode acontecer para o fechamento da obra. Contada em forma de minissérie, a obra não será dividida em fases.
"Só o Sergio e o Samuel, que eram irmãos, se conheciam. Vou mostrar como eles viviam no mesmo mundo e não se conheciam. Aos poucos vou cruzando eles. Todos batalharam muito, eram trabalhadores e não tinam grandes perspectivas na vida. Como no conto da Cinderela, eu comecei a história na parte da abóbora", disse.
Dinho no musical e na TV
Carlos Lombardi não é o responsável pela escalação do elenco, mas participa com sugestões. Até agora, apenas o protagonista, que dará vida ao líder dos Mamonas, Dinho, foi definido. O intérprete do vocalista será o mesmo do musical, Ruy Brissac. Ainda não se sabe se os demais atores do musical farão parte da série.
"Não tenho nada contra ninguém, mas câmera e palco são coisas diferentes. Existiu uma maior preocupação de encontrar alguém parecido com o Dinho porque ele era o rosto mais conhecido. Era o vocalista, o mais extrovertido. Claro que não vou colocar um gigante ruivo para fazer o japonês, mas não tenho necessidade de atores que tenham traços idênticos. É ficção", afirmou.
Com a história dos Mamonas, o autor espera cativas o público com ingredientes comuns a qualquer folhetim – inclusive com o humor que é marca registrada de suas obras: "Espero que as pessoas se divirtam, se emocionem. A história tem comédia e é para cima porque eles eram para cima, mas também tem sofrimento, dureza, dificuldade. Espero que seja um bom entretenimento e faça jus aos cinco, ao esforço e à trajetória, às inteligências e burrices de cada um deles".
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