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Segunda temporada de "Demolidor" discute se bandido bom é bandido morto

James Cimino

Colaboração para UOL, em Los Angeles

18/03/2016 08h00

Há um personagem na segunda temporada de “Demolidor” — disponível na Netflix a partir desta sexta (18) — que certamente vai conquistar o coração da jornalista Rachel Sheherazade: o Justiceiro.

O papel está a cargo do ator Jon Bernthal, famoso por ter interpretado o traíra Shane em “The Walking Dead”. E o Justiceiro, como o próprio nome sugere, é do tipo que acha que bandido bom é bandido morto e que provavelmente usaria a frase “adote um bandido” contra seu oponente moral, o Demolidor, a quem considera um “fraco” e um “covarde” por não matar os bandidos que combate.

Nos quadrinhos, a história do personagem, cujo nome verdadeiro é Frank Castle, é a seguinte: Ex-militar, católico de origem italiana, ferrenho defensor dos valores tradicionais torna-se um implacável caçador de criminosos após ver sua família ser assassinada a mando de um mafioso.

Mas então por que ele é considerado um anti-herói/vilão e não outro herói? A pergunta irá intrigar o igualmente católico Matt Murdock (Charlie Cox), mas a resposta existe em todas as histórias de super-heróis em quadrinhos. Batman, Superman e o próprio Demolidor não acreditam que seu papel seja matar alguém, mas entregar o criminoso à Justiça.

Frank Castle acredita que o fim justifica os meios. E se ele tiver que matar, torturar, esfolar alguém vivo e passar por cima da lei para atingir seu objetivo, ele fará. Para ele, agir ilegalmente em nome da legalidade é algo lícito e moralmente correto.

Além disso, por ter sido fuzileiro naval, o Justiceiro conhece quase todo o tipo de armamento, além de ser um mestre em táticas furtivas e emboscadas.

Em entrevista ao UOL, no começo do ano, Bernthal parecia temeroso de soltar spoilers sobre a segunda temporada, por isso não deu muitos detalhes sobre o personagem. Apenas disse que era um personagem “ousado e sem remorsos”.

Quem falou mais sobre o conflito central desta temporada foi mesmo o intérprete do herói, Charlie Cox: “Os roteiristas da segunda temporada queriam discutir menos o que eles estão fazendo, seus objetivos finais, mas os métodos usados para alcançar seus objetivos. E este é um ponto muito sensível para o Matt, porque, por mais que ele combata o crime, é imperativo que ele nunca tire uma vida humana.”

Outro motivo que faz do Justiceiro uma imensa pedra no sapato de Matt é que as pessoas passam a achar que ele é o autor dos crimes cometidos pelo vilão/anti-herói. “Quando o público passa a ver o Justiceiro e o Demolidor como se fossem a mesma pessoa, aí isso vira um problema para ele e para a sociedade."

A discussão sobre super-heróis terem licença para matar como James Bond é bastante aprofundada em blogs de quadrinhos. O blogueiro do Comics Alliance, Chris Sims, explica que, no caso de Batman, o compromisso do homem-morcego em não matar é fruto do assassinato de seus pais.

“Aquele ato, a tomada de uma vida, é seu momento decisivo. É quando ele decide contra o que lutar. E o ato de matar outra pessoa é algo contra o que ele tem dedicado toda a sua vida: é um anátema total e absoluto para ele. É também por isso que ele não usa armas. Em sua mente, uma arma é, literalmente, a arma de um criminoso, não importa quem seja. E esta é uma força que ele tem de enfrentar.”
 

Rosario Dawson, que vive a enfermeira Claire Temple na série — e que andou dando uma mãozinha para Luke Cage e Jessica Jones — disse à MTV que o personagem de Jon Bernthal também mexe com o senso de limites do Demolidor.

“Matt Murdock quase se comporta como o Justiceiro na primeira temporada. Ele passa dos limites bastante, então vai ser interessante de ver como ele se diferenciará dele.”