Caio Blat vive gay na novela "Liberdade, Liberdade": "É um homem delicado"
Caio Blat está com o desafio de interpretar André, um personagem afeminado que descobre que sente atração por homens no Brasil de 1808. Nesta época, o jovem, que é irmão de criação da protagonista Joaquina (Andréia Horta) em "Liberdade Liberdade", nova novela das 23h, que estreia dia 11 de abril na Globo, viverá muitos conflitos para assumir sua sexualidade.
"Ele é um homem delicado. Aos poucos ele vai descobrindo essa questão do desejo dele. Ele começa a se sentir atraído por outros homens. Ele não entende isso direito. Na época, a homossexualidade era punida com a fogueira. É um processo bonito dele descobrindo o seu desejo e muito sofrido também”, contou o ator no lançamento da novela, que aconteceu nesta quinta-feira (31) no Rio de Janeiro.
Para entender melhor seu personagem, Caio estudou como era a sexualidade na época, as denúncias e os atos da inquisição que contam histórias de pessoas hereges e que foram pra fogueira acusadas de pederastia.
Será justo por um homem bruto, responsável por capturar Tiradentes (Tiago Lacerda), que André se apaixonará.
"Ele vai se aproximar muito do capitão Tolentino (Ricardo Pereira), que é um homem muito violento, e de alguma maneira eles começam a ficar muito próximos, vamos ver como isso vai se desenvolver", diz.
Caio torce para que o público entenda o conflito de seu personagem na trama. O ator acredita que, por se tratar de uma novela de época, o drama de André será ainda maior.
"Espero que o público entenda o sentimento do André. O desejo dele não é uma escolha e numa sociedade cheia de preconceito como era na época, tornava a vida dele um inferno. Seria bom as pessoas verem como esse tipo de repressão faz as pessoas sofrerem em qualquer época".
Outra dificuldade enfrentada pelo personagem será a vinda dele com a família para o Brasil, após um longo período em Portugal. O jovem estranhará o clima e a cultura do país.
"O André já está num país que é totalmente hostil pra ele. Ele usa roupas de lã, ele veio com roupas da Inglaterra, então o calor do Brasil irrita ele, a falta de educação e cultura das pessoas também. Fora que ele é extremamente delicado e a sexualidade dele é proibida. Então ele é a pessoa errada no lugar errado", conta.
"A Globo não proíbe nada"
O autor Mario Teixeira contou que o horário da novela permite que eles tenham liberdade para abordar a trama gay da maneira que quiserem.
"A Globo não proíbe absolutamente nada, nós temos total liberdade de criação. Eu quis falar sobre o homossexual no século 19, quase século 18 ainda, era um momento em que o Brasil era quase Idade Média. Então vou falar da relação que esse homem tinha com as pessoas ao redor dele , uma sensibilidade exacerbada numa realidade turbulenta e violenta. As pessoas eram condenadas à morte. Sodomia era um crime que era punido com morte, estava previsto nas operações filipinas, que era o código civil da época. Não tinha desculpa, não tinha nenhuma alternativa", contou.
Mario garante não ter preocupação de rejeição do público com o tema.
"Eu quero contar uma boa história. Quero mostrar que as pessoas também gostam de sonhar não só por causa de escapismo, o sonho é necessário, sem o sonho a gente enlouquece", conclui.
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