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Fora da TV, Supernanny ensina "cantinho da disciplina" em escolas e igrejas

Paulo Pacheco

Do UOL, em São Paulo

01/04/2016 07h00

Antes de Paola Carosella, jurada do “MasterChef”, outra argentina brilhou na TV brasileira. Há dez anos, estreava no SBT “Supernanny”, programa em que Cris Poli ensinava pais a educarem filhos bagunceiros. Fora da TV desde 2014, a pedagoga com status de celebridade faz palestras em escolas e igrejas pelo Brasil.

Ao UOL, Cris Poli conta que a procura por ela aumentou com a exposição na TV. Em 2015, realizou cerca de 30 eventos variados, de conversa com funcionários de empresas a treinamento de professores. Quem mais chama a pedagoga para palestras são templos evangélicos, mas as palestras são abertas para todo o público. Nos encontros, ela fala sobre educação além do famoso “cantinho da disciplina” usado para corrigir crianças em “Supernanny”.

Após "Supernanny", Cris Poli se dedica a palestras sobre educação - Divulgação - Divulgação
Após "Supernanny", Cris Poli se dedica a palestras sobre educação
Imagem: Divulgação
"Quando comecei o programa, chegaram os convites para palestras e eram 99,9% mulheres. Comecei a falar que educar filhos também era responsabilidade do pai, e eles passaram a frequentar. É bem louvável, os homens estão tomando consciência de que precisam participar da educação dos filhos. Também tem bastante criança participando, não pedem para sair", comemora a pedagoga.

Cris costuma receber 1,5 mil pessoas em suas palestras, mas já chegou a falar para 26 mil no Maracanãzinho (RJ). Pais e filhos vão juntos, e as crianças não atrapalham, segundo a educadora. Das três horas de cada evento, ela tem que reservar uma somente para tirar fotos com o público: "Não dá para negar fotos e tem que organizar muito bem, se não fico duas horas tirando selfies".

De professora a artista

Se atualmente Cris Poli está acostumada com o assédio do público, no início de “Supernanny” a pedagoga estranhava. Aliás, ela jamais imaginou apresentar um programa de TV. Nascida em Buenos Aires, veio para o Brasil há 40 anos e formou-se na USP (Universidade de São Paulo). Em 2006, foi convidada para ser a Supernanny brasileira pelo SBT, que havia comprado o formato inglês do programa.

"Para mim, televisão era novidade. Aceitei porque a proposta do programa me interessou porque estava de acordo com minha maneira de ver educação", conta. "Minha vida mudou muito, porque passei a ser reconhecida na rua com muita intimidade. No começo, foi muito estranho, mas fui me acostumando", completa.

Cris Poli com a roupa de Supernanny - Divulgação/SBT - Divulgação/SBT
Cris Poli com a roupa de Supernanny
Imagem: Divulgação/SBT
No reality, Cris teve de respeitar a fórmula original, com o "cantinho da disciplina", o acompanhamento das famílias e até o figurino. Ela ficava na casa dos participantes durante duas semanas, porém o trabalho da equipe chegava a durar dois meses. As 90 horas de gravações se transformavam em um programa de 45 minutos.

"Na época dos meus filhos, não havia 'cantinho da disciplina', mas tinha o princípio de interromper o mau comportamento e fazer a criança refletir sobre a regra que não está cumprindo", recorda. Segundo Cris, cerca de 80% de seus ensinamentos foram seguidos pelas famílias após o programa.

No SBT, "Supernanny" ficou no ar entre 2006 e 2014, quando os contratos com o programa e a educadora não foram renovados. No período, Cris Poli conheceu centenas de famílias que ficaram íntimas dela e até hoje mantêm contato: "As pessoas me agradecem muito até hoje. Recebo muitos e-mails de adolescentes agradecendo a mudança dos pais. O programa deixou marcas muito fortes".

Família e quase retorno à TV

Aos 70 anos, Cris dedica-se às palestras de seu instituto de educação, aos livros (lançará sua nona publicação em outubro) e à família. De educadora exigente na TV, virou "vovó coruja" de seus cinco netos. Seu filho, Esteban, é também seu empresário e a acompanha nas viagens pelo Brasil.

Em 2015, Cris quase voltou a apresentar "Supernanny", desta vez na Argentina, porém as negociações não avançaram. A educadora tem vontade de retornar à televisão. "Gostaria sim, foi uma experiência muito boa. É puxado, mas é reconfortante e gratificante e ajuda as famílias, o resultado é bom", avalia.